Brain training
A neuroplasticidade e o coaching

Desde a sua fundação em 2013 que a ICU Portugal foi pioneira na aplicação das mais recentes descobertas neurocientíficas nos seus programas, nomeadamente através do método ICUPRO e do treino prático com base no estudo do cérebro.

Texto: Sérgio Almeida

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A utilização de uma base científica permite melhorar e tornar mais efetivo o método do coaching, sendo uma importante ferramenta para todos aqueles que pretendem aceder ao state of the art nesta área. Efetivamente, o nosso cérebro está preparado para a evolução, a mudança e a cooperação, questões hoje essenciais num mundo complexo que muda a cada instante, onde a capacidade de resolver problemas e a criatividade são essenciais para vencer nesta nova «Sociedade 5.0». Apesar de esconderem um potencial enorme, essas características neuronais nem sempre são utilizadas e alavancadas de forma consciente, situação que pode ser aprendida e treinada com o coaching.

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Neuroplasticidade

Como disse o imperador romano Marco Aurélio há cerca de dois mil anos, «com o passar do tempo, a alma adquire a cor do pensamento». Hoje, graças aos métodos científicos modernos, podemos mostrar o quão certa estava essa afirmação.

O coaching desenvolve a neuroplasticidade do nosso cérebro – essa é a palavra mágica que surgiu há apenas alguns anos e que descreve a capacidade de modelagem fisiológica do nosso cérebro para ser capaz de mudar e aprender ao longo das nossas vidas. A neuroplasticidade é um conceito revolucionário para muitos e ainda não foi totalmente interiorizado na nossa sociedade, pois durante mais de 100 anos acreditou-se firmemente que o cérebro só se poderia desenvolver e adaptar durante a infância, pensando-se à época que o cérebro de uma pessoa adulta não poderia mudar.

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«Não somos máquinas de pensar, somos máquinas de sentir que pensam.» António Damásio

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O investigador Michael Merzenich descobriu, por exemplo, que os exercícios mentais no tratamento da esquizofrenia poderiam alcançar resultados semelhantes aos obtidos por medicamentos químicos e provou que as nossas habilidades cognitivas, a capacidade de aprendizagem, a perceção e a memória poderiam ser melhoradas até a velhice. A equipa de Neurociências da Wellcome Foundation levou a cabo uma experiência com motoristas de táxi de Londres, sujeitos a constantes desafios no trânsito da cidade que os obrigam a pensar em constantes soluções. Ficou provado o aumento da memória espacial, verificando-se que o cérebro aumenta a sua densidade neuronal de acordo com os desafios que enfrenta.

Num processo de coaching o cliente é constantemente desafiado a encontrar novas soluções, são criadas condições para que o processo de mudança se desenvolva verdadeiramente dentro do coachee. Podemos concluir que quanto mais e diversos forem os desafios para atingirmos uma determinada meta, mais treinamos o nosso cérebro e, portanto, maiores serão as conexões neuronais entre as várias áreas, aumentando a possibilidade de encontrarmos soluções para novos desafios.

Por isso se diz que através do coaching o cliente aprende fazendo (learning by doing), pois é dentro de si (cérebro) que tudo se inicia, que tudo se transforma.

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»»»» Sérgio Almeida é fundador da ICU Portugal (na foto, com o neurocientista António Damásio durante a conferência «Connecting Healthcare», em 2019, na cidade de Matosinhos)