Com 90% dos colaboradores em trabalho remoto, num universo total de mais de 1.100 pessoas, a Glintt tem atravessado os tempos de pandemia mantendo a sua atividade. Pessoas resilientes e um real espírito de equipa têm feito a diferença, assinala Inês Viana Pinto, human resources business partner na tecnológica..
Texto: Redação «human»
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Que impacto tem tido a pandemia de Covid-19 na Glintt?
A nova realidade exigiu de tudo e de todos uma aceleração e uma readaptação diárias. A necessidade de darmos resposta aos temas de uma forma ainda mais focada e rápida fez com que toda a equipa tivesse de ajustar a sua forma de trabalhar. Conseguimos, pois somos pessoas resilientes e com um real espírito de equipa.
Nos clientes é igual. Adaptámos a capacidade de continuarem a sua atividade com a menor disrupção possível. Criámos soluções novas, com um acesso remoto que instalámos, e monitorizámos e mantivemos o suporte durante todo este período. Tudo foi implementado em tempo recorde e com empenho e dedicação de todos os clientes, parceiros e colaboradores envolvidos.
Embora consideremos esta nova forma de trabalhar igualmente eficiente, o maior desafio está relacionado com a cultura da empresa. Difundir e fortalecer a cultura passa muito por vivê-la e é um desafio fazê-lo remotamente, tanto na integração de um novo colaborador como para os que já fazem parte da empresa.
Que estratégia seguiram na gestão dos recursos humanos?
O lema foi adaptar muitos dos processos que tínhamos e criar iniciativas novas que permitissem aos colaboradores enfrentar este novo desafio da melhor forma possível.
O projeto mais desafiante foi a adaptação do programa de onboarding, uma vez que mantivemos muitas das nossas posições em aberto e, nos últimos meses, até aumentámos a necessidade de recrutamento. Por norma, o processo de onboarding começa logo quando o candidato aceita a proposta da Glintt; e aqui é essencial que haja uma comunicação transparente, ainda mais nesta fase de pandemia. No processo de onboarding, uma das fases que consideramos fundamental para a integração de novos colaboradores é a atribuição de um buddy que os acompanha no primeiro ano na empresa, assim como o acolhimento pela equipa de recursos humanos – apresentação institucional da empresa, apresentação de modelos e políticas internas e integração on job com a área que o colaborador vai integrar.
Na formação, enquanto numa fase inicial suspendemos algumas ações, rapidamente percebemos que a estratégia não poderia ser essa, principalmente porque a situação se iria manter por longos meses. Assim, passámos a recorrer muito mais a plataformas on-line, permitindo manter o plano formativo.
Outro enorme desafio foi a comunicação e a manutenção do compromisso e do sentimento de pertença para com a empresa. Criámos várias iniciativas, reformulando a forma de comunicar, inclusive no conteúdo e na frequência. Adicionalmente, reforçámos as políticas de apoio aos colaboradores.
Como prepararam as vossas pessoas para a realidade que estamos a viver em termos de trabalho?
Desde fevereiro de 2020 que temos vindo a acompanhar a evolução da situação e a preparar as nossas estruturas para o que poderia vir a acontecer. Sabíamos que a atividade iria sofrer constrangimentos, mas não podíamos parar devido à nossa presença forte no mercado da saúde e, em consequência, na linha da frente do combate à pandemia. Parar ou reduzir atividade nunca foram opção. Os primeiros dias foram, assim, de organização das equipas para conseguirmos prestar o máximo de apoio aos clientes no menor tempo possível. Os armazéns da Glintt estiveram sempre abertos, revezando equipas semanalmente e protegendo ao máximo as nossas as pessoas. As equipas que podiam trabalhar de forma remota, cerca de 90%, assim o fizeram. E até hoje mantêm-se em regime de teletrabalho.
E o trabalha em aspetos como formação, motivação ou prevenção de problemas ligados à saúde, quer a nível físico, quer mental?
Já antes da situação pandémica, a Glintt tinha programas de formação, acompanhamento físico e psicológico, para combater qualquer vestígio de exaustão laboral ou burnout. É essencial colocar o foco no colaborador, fazer perguntas sobre expectativas de carreira e aspirações para o futuro. É preciso que as pessoas sejam felizes na sua atividade profissional (no local de trabalho ou em casa), que se sintam bem quando entram na empresa ou quando atendem a vigésima videochamada. E para isso a Glintt tenta criar espaços de convívio, mas também de trabalho, que sejam diferentes e que não passem apenas por uma secretária e uma cadeira. Estes espaços têm baloiços, puffs ou mesmos outros materiais que permitam ao colaborador, entre aspas, sair, do contexto do trabalho, continuando dentro da empresa.
Agora, perante a nova realidade, aumenta a necessidade de uma comunicação interna mais eficaz e de um acompanhamento mais incisivo das equipas. As exigências aumentam, porque vivemos tempos difíceis, mas também aumenta a criatividade, a compreensão, o espírito de equipa e a resiliência.
A Glintt trabalha na motivação e na prevenção de problemas ligados à saúde de várias formas, promovendo diversos programas. Um exemplo: apoio ao colaborador e familiares diretos, que visa ajudar em três pilares, financeiro, psicológico e jurídico – uma linha aberta com um parceiro externo, assegurando a confidencialidade das situações; e workshops sobre diversos temas como work-life balance, finantial welness, stresse bom versus stresse mau.
Mais alguns exemplos: bom ambiente e proximidade das pessoas através de team buldings, convívios e eventos internos, tudo iniciativas on-line; disponibilidade para ouvir os colaboradores tanto por parte das chefias, como da área de recursos humanos ou mesmo da Administração; o programa de saúde e bem-estar, constituído por consultas de avaliação física onde se promove uma alimentação saudável e a prática de exercício físico ou a pausa ativa – também on-line, com momentos de alongamento e descontração durante o dia de trabalho.
Qual tem sido o papel das lideranças em todo este processo?
É um papel essencial e exemplar. O nosso CEO [chief executive officer], toda a Comissão Executiva e os quadros superiores unem-se mais ainda, porque é fácil ver que estamos a viver um período crítico da pandemia. O reforço das medidas de combate anunciadas pelo Governo é essencial para travar a curva ascendente de novos casos e de mortes. E o facto de 90% da empresa estar em teletrabalho desde março de 2020 mostra desde cedo a consciência das nossas lideranças.
A comunicação neste momento é essencial, por isso cada pessoa na empresa é encorajada a falar com a sua chefia e a sua equipa, a reajustar rotinas e a manter expectativas realistas. Sempre que necessitamos, temos disponível o «Programa de Apoio ao Colaborador», extensível ao agregado familiar. Por outro lado, diversificámos as atividades no âmbito do «Programa de Bem-estar», uma vez que o work-life balance pode ser afetado por estarmos permanentemente à frente do computador. Assim, possibilitamos aos colaboradores, ao longo do dia, terem atividade físicas, yoga, alongamentos, entre outras. Criámos também um momento específico para que exponham dúvidas, anseios e sugestões com a equipa de recursos humanos. Tudo para que as nossas pessoas sintam que a empresa está ao seu lado e que juntos enfrentaremos este desafio.
Como perspetivam o regresso à normalidade?
O momento da pandemia mostrou que já existia inovação tecnológica para transformar a prestação de cuidados em saúde, e tal foi visível, por exemplo, pelo número de teleconsultas versus o número de consultas presenciais realizadas nos cuidados de saúde primários e nas unidades hospitalares. Este momento deve ser encarado como uma oportunidade para continuar e acelerar a implementação de inovação e de tecnologia para que os cuidados de saúde e a relação utente/ profissionais de saúde possa ser realizada à distância de um clic. O momento pandémico que atravessamos permitiu que as diferentes instituições de saúde e não-saúde centrassem os seus serviços no cidadão tendo por base tecnologia e inovação de processos.
Acreditamos que o habitual normal já não vai voltar. Não podemos acreditar que a retoma às nossas vidas seja em segurança total da mesma forma como a sentíamos pré-Covid-19. Tal como os surtos da gripe acontecem anualmente e outras doenças de carácter infectocontagioso continuam a infetar pessoas, assim a Covid-19 vai permanecer, em menor escala graças à vacina, é certo. Mas saímos mais fortes, na medida em que estamos mais bem preparados. As mazelas existem e serão curadas a seu tempo.
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Tecnologia em destaque
O facto de a Glintt ter uma forte componente tecnológica tem sido muito importante para o desenvolvimento da atividade nestes tempos de pandemia. Inês Viana Pinto assinala: «Os nossos clientes e as nossas pessoas precisaram de nós mais do que nunca. Parar nunca foi uma opção. Uma vez que a atividade da Glintt na área da saúde representa cerca de 75% do nosso volume de negócios e uma vez que as nossas soluções são utilizadas em mais de 200 hospitais e clínicas e em cerca de 14.000 farmácias na Península Ibérica, temos desenvolvido ao longo do percurso uma forte capacidade para nos reinventarmos e para traçarmos novos caminhos rumo à inovação tecnológica. Em 2019, a Glintt investiu cerca de 3,5 milhões de euros (com investimento próprio e público) em projetos de inovação, e acreditamos que este caminho é estruturante para garantir que acompanhamos o ritmo frenético da sociedade. Conseguimos entregar soluções tecnológicas eficientes e sustentáveis e, no final de cada dia, contribuir para melhorar a saúde de todos.»
Em abril 2020, a Glintt desenvolveu juntamente com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma ferramenta gráfica destinada a ser utilizada por especialistas seniores em planeamento de cuidados de saúde e decisores políticos. Como explica a responsável, «trata-se da ADAPTT Planning Support Tool, uma ferramenta flexível, que permite aos utilizadores dos vários países inserir os seus dados epidemiológicos, variar os cenários de mitigação (ao usar o modelo epidemiológico ilustrativo da ferramenta) e adaptar a ferramenta a diferentes attack rates». Mais: «A ADAPTT possibilita a introdução das práticas e atividades hospitalares, assim como a capacidade de diferentes tipologias de camas e de recursos humanos. É ainda possível determinar os incrementos de necessidade de recursos humanos, devido à probabilidade de infeção dos profissionais de saúde. Apostámos também em soluções de vídeo-consulta através do nosso software hospitalar – o Globalcare – em conjunto com um parceiro, a Hopecare – primeira empresa portuguesa de tele-saúde a aliar serviços a produtos e a plataformas tecnológicas de ponta que permitem a prestação de cuidados sociais e de saúde sem barreiras e à distância. Esta parceria tem como principal intuito fornecer, em conjunto, uma ferramenta de vídeo-consultas às entidades de saúde.»
É de assinalar ainda que em outubro de 2020 foi lançada a marca Nexllence, uma área que representa aproximadamente 25% do volume de negócios da Glintt e 300 postos de trabalho altamente qualificados. «Consideramos que nesta fase seria importante tornar mais visível para o mercado as duas faces da empresa – uma empresa com capital intelectual próprio de soluções para o sector da saúde, e outra com a capacidade tecnológica para alavancar a transformação digital de grandes organizações», explica Inês Viana Pinto, acrescentando: «É neste contexto que surge a marca Nexllence, que pretende transmitir a forte aposta da Glintt como hub de competências e experiência com uma forte ambição de crescimento, capaz de atrair talento em áreas de forte inovação e transformar esse talento em valor para os clientes.»
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»»»» Inês Viana Pinto é human resources business partner da Glintt – Global Intelligent Technologies, uma multinacional portuguesa de tecnologia e consultoria. A Glintt conta com mais de 1.100 colaboradores que operam a partir de 10 escritórios em vários países europeus, no Brasil e em Angola. Com mais de 20 anos de experiência, tem posição de destaque em software para gestão hospitalar e de farmácia. As suas unidades de consultoria tecnológica trabalham com grandes empresas do sector financeiro, de utilities, telecomunicações e administração pública, suportando processos de transformação tecnológica com soluções de elevada criticidade e entregando serviços de gestão aplicacional e de infraestruturas.