CEGOC revela tendências para RH e formação em Portugal

O Grupo CEGOS, representado em Portugal pela CEGOC, apresentou as principais conclusões de um estudo realizado internacionalmente e denominado «Decoding the Future of Learning, Post Lockdown». Trata-se de um trabalho que visa aferir as motivações das empresas no que concerne à sua estratégia formativa junto dos seus quadros, perante a complexidade do contexto em que vivemos. O estudo, realizado em Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra, pretende responder à questão «como será o futuro das empresas, dos seus colaboradores e dos clientes, bem como dos fornecedores de serviços no sector da formação e desenvolvimento profissional?».

Portugal participou com cerca de 220 profissionais (num total de 800), entre eles diretores de recursos humanos, RH (19%), especialistas no sector (13%) e responsáveis pela área de L&D, learning and development (11%).

 

Principais conclusões

As principais conclusões do estudo foram as seguintes:

  • A esmagadora maioria das empresas continua a considerar estratégica a formação e mantêm investimentos nesta área

A complexidade dos tempos que vivemos não permite, pelo menos para já, uma solução formativa 100% presencial. Mas verifica-se por parte das empresas a consciência de que a formação contribui para o aumento do desempenho das pessoas, com resultados na competitividade da organização, mesmo em formatos digitais, em especial as plataformas colaborativas. Esta perceção é bem visível entre os profissionais portugueses.

Daqui resulta que 56% dos inquiridos no estudo afirmam que irão alocar orçamento para outras áreas necessárias para potenciar o seu negócio, mas não interromperão programas que consideram essenciais. Entre estes, 54% apontam o Covid-19 como o principal causador destes novos tempos de maiores restrições financeiras.

Já 36% dos decisores portugueses afirmam inclusivamente que a formação é agora ainda mais estratégica. Aqui, entre aqueles que apontaram para esta necessidade, 67% referem a necessidade de investir em competências que sejam estratégicas para o negócio e, também, fundamentais para o futuro que se desenha: a digitalização, o trabalho remoto e o trabalho mais incerto.

No entanto, uma pequena percentagem dos inquiridos, 8%, considera interromper temporariamente os seus programas de formação.

  • Em 2021, a generalidade das empresas pretende fazer formações blended (digital/ presencial)

As plataformas digitais merecem um crescente interesse pelas soluções formativas à distância, com um grande fluxo de pedidos de soluções passíveis de ser integrados de forma digital. E os clientes e parceiros procuram igualmente responder às suas necessidades, mas sem descurar completamente o formato presencial, ou não se verificasse uma enormíssima importância da componente humana em todos estes processos.

Em 2020, cerca 59% das empresas adotaram exclusivamente a formação digital para os seus colaboradores, na linha dos resultados globais. Já para o próximo ano prevê-se que as formações exclusivamente digitais ou presenciais deem lugar a uma abordagem blended (também 59%), com maior utilização de soluções presenciais, valor ligeiramente acima da média registada entre os 800 inquiridos dos quatro países que fazem parte do estudo (55%).

Ainda assim, 26% das empresas nacionais irão manter a formação essencialmente digital, também por via da redução do seu orçamento para esta área, neste caso um valor um pouco abaixo da média global do estudo, que é de 30%. Verifica-se ainda que 15% das organizações portuguesas pretendem organizar formações com maior enfoque presencial logo que seja possível (percentagem equilibrada face ao resultado global do estudo, que aponta para 16%).

Isso leva a concluir que nos últimos meses as empresas nacionais aprenderam a valorizar o digital e não pretendem abandoná-lo. E quanto às características das formações, no caso específico português, 87% das empresas optou pelo formato webinar, os módulos de e-learning foram a segunda opção com 76% e por último as virtual classrooms, bem como os vídeos e podcasts, surgem em quarto lugar, com 67% de menções.

  • Relativamente aos conteúdos programáticos das formações as soft skills encontram-se na linha da frente

Entre 40% e 42% das competências correm o risco de se tornarem obsoletas nos próximos três a cinco anos. Assim, é fundamental potenciar os hard skills, mas também ter a noção de que as soft skills devem merecer maior cuidado. Competências que nos permitem trabalhar em qualquer local do mundo, como a agilidade e adaptabilidade, são temas absolutamente críticos e merecedores de atenção total.

Os resultados do estudo indicam que em Portugal 38% das empresas pretendem atualizar ou desenvolver soft skills ligados à gestão e desenvolvimento pessoal. De seguida, com percentagem similar, 35% dos responsáveis inquiridos apontam a importância dos hard skills ligados aos seus cargos, bem como a necessidade de atualizar os skills relativos aos desafios que se verificam com o Covid-19.

De referir ainda que a pandemia levou a mudanças radicais na forma de trabalhar das organizações. Os novos modelos e as formas de relacionamento à distância são competências mencionadas por 35% dos inquiridos nacionais. A comunicação no decorrer da crise foi referida por 29% dos decisores nacionais nas áreas de recursos humanos, com o smart working, a gestão à distância e a capacidade de decisão a também merecerem especial atenção, com 28%, 26% e 24%, respetivamente.

  • E o que dita o futuro ao nível de tendências? Que haja um equilíbrio

Ao analisar os resultados do estudo, verifica-se uma tendência que aponta um equilíbrio entre os vários formatos que se perspetivam como melhores práticas formativas. Ou seja, entre a aprendizagem alternada com o trabalho; a aprendizagem e o trabalho em simultâneo; a experiência, o ensinar (síncrono), a contribuição (cursos abertos), a partilha (aprendizagem social) e o digital, e, por fim, a presença em simbiose, ou seja, uma aprendizagem híbrida.

De futuro, e numa perspetiva económica e social sem condicionamentos, caso seja possível adotar formações presenciais, Portugal foi, de entre os quatro países inquiridos, aquele em que a maioria dos responsáveis, 43%, demonstrou a intenção de continuar apenas com formação digital, numa perspetiva de promover o trabalho inteligente. Já 21% aponta para uma formação digital exclusiva, neste caso por via do aperto orçamental. De salientar que apenas 16% das empresas portuguesas têm como intenção organizar formações presenciais assim que o enquadramento social e regulatório o torne possível.

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Em conclusão, e de uma forma global para todos os países, a incerteza destes tempos leva a uma orientação que indica uma formação exclusivamente digital (67%). Facto que se deve quer à necessidade de reduzir o orçamento destinado à formação (29%), quer ao evitar de comportamentos que possam aumentar o risco de contágio. A escolha do smart working, um recurso que apoia os formandos nos vários processos remotos que levam a cabo, foi apontada como uma prioridade para 2021 por mais de 38% dos profissionais de L&D inquiridos.

Ricardo Martins, diretor geral da CEGOC Portugal, afirma: «A CEGOC e o Grupo Internacional CEGOS, do qual a CEGOC faz parte, têm procurado acompanhar de forma atenta e persistente ao longo dos quase 60 anos de existência conjunta a evolução das principais necessidades de formação e desenvolvimento profissional em Portugal e na Europa. Queremos estar na vanguarda das oportunidades de melhoria deste sector, e o estudo ‘Decoding the Future of Learning, Post Lockdown’ reflete isso mesmo.»

O responsável refere ainda: «Embora estejamos em pleno período pandémico, com todas as dúvidas que levantam no que concerne ao futuro imediato das organizações, temos verificado que estas têm um rumo definido, uma perspetiva estratégica para as pessoas, afinal a maior riqueza das empresas. A vontade de manter ao máximo um conjunto de ações formativas, mesmo que num crescente mix entre presencial e digital, a que se soma a perceção de que a transformação digital exige, igualmente, a maior humanização possível, bem como o desenvolvimento de dinâmicas de reciclagem de conhecimentos, são aspetos relevantes, que nos dão maior otimismo para os próximos tempos.»