A consultoria agora

Pandemia, empresas, mercado e emoções: quais são os desafios da consultoria «no meio disto tudo»?

Texto: Filipa Pires

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As consequências de um ano atípico? Serão elas também atípicas.

No contexto do trabalho, sabemos que o mundo também mudou, despoletou novas formas de trabalhar, novas competências, garantiu modelos mais ágeis e adaptáveis e provocou um choque imediato com a típica frase «eu sempre fiz assim, e funciona». Assumidamente mudados. Para melhor? Precisamos de tempo para validar.

Do ponto de vista tecnológico, a mudança foi positiva, acelerou o que «já era para ontem» e incrementou uma potencial reviravolta na eficiência dos processos.

Aumentou a consciência da necessidade de lideranças mais «musculadas», mais ágeis, rápidas na decisão, humanistas e com capacidade para transmitir segurança quer ao negócio, quer às pessoas. Têm sido tempos em que o equilíbrio entre a distância e a proximidade foi crucial, entre o medo e a esperança fez a diferença, entre o desistir e o decidir mudar ditaram o rumo. Nem todos foram seguramente capazes, mas ainda é cedo para avaliar…

As pessoas são sempre o eixo de qualquer crise, porque a vivem «na pele e no coração», têm de se livrar dela com determinação e com o menor número possível de danos. Mais uma vez, voltamos a acrescentar ao que já devíamos ter aprendido, a gestão das pessoas é o ponto alto de qualquer organização, quem o fez bem neste último ano verá que os próximos serão mais promissores.

Quem trabalha em consultoria, e em particular na área da gestão de pessoas, vive e sente de perto a realidade de diferentes empresas, os seus momentos, as suas indecisões, mudanças, vontades e ansiedades. Foi assim neste último ano e é assim «às vezes». O papel dos consultores é estar lado a lado, seja fácil ou difícil, conhecido ou desconhecido.

Os consultores sentem por parte das empresas um dinamismo crescente, quer nas áreas de recrutamento, quer nas de consultoria, o sentimento é de ânimo e vontade, ao contrário do que se poderia esperar. Nasceram novas funções e competências, para facilitar os novos modelos de trabalho. A e-communication veio intensificar a necessidade de eficácia na partilha de mensagens à distância, exige-se maior estruturação, objetividade e clareza. Implica outra destreza e uma maior capacidade de síntese. A intensificação do feedback nestes modelos de trabalho permitirá que esta «sub-competência» ganhe força e se torne uma ação mais constante nas empresas. Aumentou seguramente a relação de confiança entre chefias e colaboradores, porque aprendeu-se a confiar em quem «não temos ao lado» e legitimou-se o remote work como um modelo disponível quer para as empresas, quer para os colaboradores, não contrariando a necessidade que as empresas continuam a ter das relações físicas e do «contacto direto» entre e com as pessoas. A relação emocional com os outros é sempre precisa e continuará a fazer de nós melhores pessoas e melhores líderes.

O mercado de trabalho está ativo, quer do lado da procura, quer do lado da oferta, contudo os processos de decisão estão mais lentos e por vezes indefinidos, sentimos um maior receio por parte dos candidatos na mudança e uma maior vontade das empresas em reter. Poderá justificar-se pelos tempos de «medo e incerteza» em que vivemos e que nos marcaram ao ponto de condicionar alguma da nossa natural espontaneidade. Sentimos que agora temos de ser capazes de ir além de uma simples relação consultor/ candidato e fazer mais uso da nossa inteligência emocional (crítica nos tempos que correm).

As empresas a reter e os candidatos com receio da mudança, é esta a tendência atual.

A consultoria de recursos humanos «no meio disto tudo» é uma espécie de «apanha-bolas», na certeza de que «sem bola não se joga».

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»»»» Filipa Pires é manager da consultora Pessoas e Sistemas.

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