Um balanço do projeto Mercadona em Portugal

O Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais da Universidade do Minho e o Ivie (Instituto Valenciano de Investigaciones Económicas) elaboraram um relatório sobre os impactos económicos gerados em Portugal pela empresa de supermercados Mercadona, que constituiu a empresa portuguesa Irmãdona Supermercados para operar no país. O relatório analisa o impacto da empresa na economia em termos de vendas, rendimentos, emprego e receitas públicas no período 2019-2022, quantificando não só os impactos diretos, mas também os impactos indiretos e induzidos gerados pela atividade da empresa ao longo de toda a cadeia de valor.

Nestes primeiros quatro anos em Portugal, país escolhido para a sua primeira internacionalização, a Mercadona gerou vendas de 4.422 milhões de euros em toda a cadeia de produção.

O impacto económico acumulado da atividade da cadeia de supermercados entre 2019 e 2022 foi de 1.296,8 milhões de euros em termos de rendimentos, período em que foram gerados 726,5 milhões de euros em impostos para a economia portuguesa e criados 55.655 postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos (duração anual equivalente).

Só em 2022, a atividade da Mercadona gerou 480,9 milhões de euros de receitas, 18.600 postos de trabalho e 263,2 milhões de euros de receitas públicas. O volume de vendas gerado pela Mercadona no tecido produtivo português em 2022 está estimado em 1.477 milhões de euros.

Os resultados do relatório demonstram a importância da Mercadona como impulsionadora de crescimento económico nacional, contribuindo com nove euros para economia portuguesa por cada euro de receitas geradas nas suas lojas (salários, rendas e lucros). Da mesma forma, por cada posto de trabalho criado na Mercadona, são criados 5,3 empregos no país. Em termos de impacto fiscal, cada euro efetivamente suportado pela Mercadona traduz-se em 14,5 euros de receita fiscal para os diferentes níveis das administrações públicas portuguesas.

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Impacto regional de um supermercado Mercadona

A nível regional, a expansão da Mercadona também está a ter um impacto significativo. Assim, a abertura de supermercados em cidades de média dimensão, à escala portuguesa, está a permitir a fixação da atividade nestes municípios, evitando a transferência de rendimentos e de emprego para outras cidades próximas, como refere o relatório. Ao mesmo tempo, estas cidades beneficiam ainda da atratividade de um novo supermercado Mercadona, trazendo, por exemplo, consumidores de outros concelhos e fomentando o crescimento da atividade e do emprego local, antecipando-se, por isso, que a expansão da empresa para cidades do interior possa levar a que estes efeitos de retenção possam ser ampliados no futuro.

Se analisarmos o efeito da abertura de um supermercado Mercadona a nível local, em alguns casos, dá origem a uma nova centralidade que se traduz numa atividade adicional na sua área de influência territorial, com impactos nos níveis de volume de negócios e de emprego das empresas próximas.

Por último, o relatório destaca, também a nível local, que a abertura de uma nova loja Mercadona exige uma reconfiguração da circulação nas estradas de acesso, o que favorece o fluxo de tráfego local e reduz os níveis de congestionamento. Nalguns casos, como resultado da construção de um novo supermercado Mercadona, os municípios beneficiaram em termos de infraestruturas e instalações para a sua comunidade.

O relatório conclui que os impactos económicos, sectoriais e territoriais da atividade da Mercadona em Portugal começam a ser significativos. A expansão da cadeia no país continuará a aumentar a sua importância. A quantificação e discussão destes impactos é de grande relevância para evidenciar os efeitos diferenciadores do modelo de negócio da Mercadona e para tornar visível o seu contributo para a economia portuguesa.

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Projeto gerador de riqueza e emprego

Foi em junho de 2016 que a Mercadona anunciou a sua vinda para Portugal e criou a empresa portuguesa Irmãdona Supermercados para operar no país. A partir desse momento, começou a contratar os primeiros colaboradores portugueses com o objetivo de constituir equipas e começar a criar raízes no país, aplicando o seu próprio modelo de gestão: o Modelo de Qualidade Total. Até 2019, ano em que abriu o seu primeiro supermercado, a empresa foi formando equipas, conhecendo a sociedade portuguesa e os gostos e hábitos de consumo dos portugueses.

No dia 2 de julho de 2019, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, abriu o primeiro supermercado Mercadona em Portugal, o ponto de partida do primeiro projeto de internacionalização da empresa.

Desde então, a Mercadona não parou de apostar no país e conta já com uma rede de 41 supermercados em 10 distritos (49 até ao final deste ano), mais de 3.500 trabalhadores em Portugal, um bloco logístico operacional na Póvoa de Varzim e outro em construção em Almeirim. Além disso, a empresa tem 1.000 fornecedores portugueses aos quais comprou 789 milhões de euros em 2022. Para implementar o seu Modelo de Coinovação, a empresa tem três Centros de Coinovação em Portugal: um em Matosinhos, que começou a funcionar em 2017, um em Lisboa e outro em Vila do Conde, ambos criados em 2021.

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Nota: na imagem, Mercadona da Figueira da Foz.

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