Alice branco 2022 para celebrar a primavera

Para celebrar a chegada da primavera – ansiada depois de um inverno ameno, mas bastante chuvoso –, as irmãs Luísa e Maria Borges, coproprietárias e rostos do projeto de vinhos do Porto e Douro Vieira de Sousa, têm já disponível no mercado o Alice branco 2022. Trata-se de uma nova colheita, que mantém um perfil jovem e fresco, em plena harmonia com a estação que agora encetamos. Um branco bastante equilibrado, ideal para beber como aperitivo ou a acompanhar refeições ligeiras, como saladas, pratos vegetarianos, peixes grelhados e também carnes brancas.

Texto: Redação «human»

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O Alice branco 2022, da Vieira de Sousa Vines & Wines, é um vinho que impressiona pela intensidade de aromas, a fruta tendencialmente cítrica e pela extraordinária acidez, aliada a uma estrutura elegante. A frescura está presente do nariz à boca. Estas características resultam das castas, aqui numa tríade de Rabigato, Viosinho e Gouveio, mas em muito do terroir. As uvas têm origem na Quinta da Fonte – uma das quatro quintas da família –, numa vinha virada a nascente e situada a 500 metros de altitude, no planalto da pequena vila de Celeirós do Douro, Sabrosa, na sub-região do Cima Corgo.

A Quinta da Fonte é símbolo de um legado de cinco gerações: é ali que está a casa da família e uma respeitada capela, datada de 1710 e um excelente exemplo da arquitetura religiosa do século XVIII. Foi precisamente ali que viveu Alice Vieira de Sousa, tia-avó de Luísa (investiu na sua recuperação da casa e é onde reside, com o marido e os dois filhos) e Maria e a quem dedicaram uma das marcas de vinhos da Vieira de Sousa, envergando o seu nome e a sua mestria. Alice dedicou a sua vida a manter o projeto de produção de vinho e a casa de família, mas também a ensinar crianças nas escolas de Celeirós do Douro e de aldeias próximas. O rótulo é inspirado nos seus cadernos, na sua caligrafia e na primeira letra do seu nome.

Voltando ao vinho e ao ano de 2022, este foi vai ser recordado como um dos mais desafiantes dos últimos anos – não só na viticultura, mas na agricultura no geral. Fruto da falta de água ao longo de todo o ciclo da videira e de «uma chuva», inesperada, mas muito bem vinda, que caiu a meio da vindima, a colheita foi muito irregular, algo que se fez sentir ao longo de todo o país. Segundo a enóloga e produtora Luís Borges, as vinhas em altitude, como esta que dá origem ao Alice branco – e também ao Vieira de Sousa Reserva branco – foram as que melhor conseguiram ultrapassar este ano seco e verão extremamente quente, resultando num vinho estruturado e equilibrado.  

O Alice branco 2022 tem um preço de venda ao público de 9,80 euros.

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A Vieira de Sousa Vines & Wines

A família Vieira de Sousa tem uma longa história na região demarcada do Douro, sendo produtora de vinho do Porto há cinco gerações. No século XIX, a marca Vieira de Sousa foi criada por José Silvério Vieira de Sousa, tetravô de Luísa e Maria Borges – a dupla de irmãs que, atualmente, dá continuidade a este legado. Anos mais tarde, e já nas mãos do seu filho, a empresa passou por um período de instabilidade financeira, em resultado da não produção de uvas, e de vinho, devido à devastação das vinhas pela filoxera. O bisavô José Ermelindo viu-se a braços com a difícil decisão de vender a marca, como forma de angariar capital para replantar todas as vinhas da família, focando-se novamente na produção, envelhecimento e venda de vinho do Porto à pipa, negócio que se manteve nas duas gerações seguintes: a da avó Maria Luísa Vieira de Sousa – e da sua irmã de Alice, pilar fundamental da família – e do pai António Vieira de Sousa Borges, falecido em 2020. Em 2008, acabada de se licenciar em enologia, Luísa Borges (19 de maio 1985) decide imprimir uma nova visão ao negócio da família, com a orientação do seu pai – e mentor – e total apoio da sua mãe, Maria de Lurdes. Com o objetivo de produzir e engarrafar vinhos do Porto e do Douro com marca própria, criam a Vieira de Sousa Vines & Wines, empresa à qual se junta, em 2017, Maria Eduarda (20 de julho 1994), irmã de Luísa. Com as marcas Vieira de Sousa e Alice – esta apenas de DOC Douro –, os vinhos são produzidos com uvas próprias, provenientes dos cerca de 70 hectares das diferentes propriedades da família, com destaque para as quatro quintas localizadas na sub-região do Cima Corgo: Quinta da Água Alta (que congrega a Quinta do Bom Dia e a Quinta do Espinhal), em Gouvinhas; Quinta da Fonte, em Celeirós do Douro; Quinta do Fojo Velho, em Vale de Mendiz; e Quinta do Roncão Pequeno, em Vilarinho de Cotas. Duas destas quintas têm singelas adegas, com os tradicionais lagares de granito, contudo o centro de operações está situado na zona industrial de Paços, em Sabrosa, onde a Vieira de Sousa tem uma adega equipada com a mais recente tecnologia, espaço para produção e armazenamento. Com um vasto espólio de vinhos do Porto antigos, na última década, a Vieira de Sousa tem apostado na categoria Late Bottled Vintage (LBV), sempre não filtrados, mostrando a qualidade e autenticidade do seu terroir e todo o conhecimento adquirido por António Borges. Brancos, rosé e tintos, todos os seus vinhos do Porto têm a particularidade de ser envelhecidos no Douro, em armazéns com chão de terra e beneficiando de localizações mais frescas, alguns a altitudes em torno dos 500 metros. Boa parte das vinhas ficam situadas junto ao rio Douro, todas em solos de xisto e idades médias superiores a 40 anos, muitas delas plantadas por António Borges, na década de 70/80. O mítico ano de 2011 marcou a história deste projeto, com a estreia na produção de vinhos do Douro, todos produzidos com uvas próprias, provenientes na sua maioria da Quinta da Água Alta e da Quinta da Fonte, e castas autóctones e, por isso, com Denominação de Origem Controlada Douro. Atualmente, o Douro representa já metade das cerca de 120.000 garrafas de produção média anual da Vieira de Sousa. O ano de 2019 marcou o projeto Vieira de Sousa com um duplo reconhecimento, dado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), que atribuiu o Prémio Revelação, pela inovação empreendida na empresa; e pela Revista de Vinhos que nomeação de Luísa Borges na categoria «Enólogo Revelação do Ano». Em 2022, mas referente as 2021, esta mesma publicação distinguiu a Vieira de Sousa com o prémio «Produtor de Vinhos Fortificados do Ano», por ocasião do evento «Os Melhores do Ano», destacando o facto de os vinhos do Porto da Vieira de Sousa serem rústicos, mas simultaneamente frescos e elegantes, sendo «uma autêntica biblioteca viva que está a ser apurada». O prémio foi entregue a Luísa Borges, coproprietária, enóloga e o rosto mais visível da Vieira de Sousa, que afirmou ser «uma conquista de equipa e de família, pois é sem dúvida o resultado de todo o trabalho desenvolvido em busca do equilíbrio perfeito entre o passado e o presente. A Vieira de Sousa é, na sua génese, uma cuidadora de vinhos velhos e uma pensadora de vinhos futuros. Continuaremos a trabalhar para homenagear os nossos antepassados, em especial o nosso pai, e para ajudar a elevar os vinhos do Douro, nomeadamente, os vinhos fortificados». O conhecimento e íntima ligação a cada vinha, a paixão e entrega total de Luísa, Maria e toda a família, têm permitido atingir patamares de qualidade únicos e de reconhecimento internacional. Situada na pequena vila de Celeirós do Douro, a Quinta da Fonte tem um peso grande, porque é ali que está a casa da família e uma respeitada capela, datada de 1710 e um excelente exemplo da arquitetura religiosa do século XVIII. Em 2022, a Vieira de Sousa expandiu o seu negócio para a vertente de enoturismo, com a abertura de um centro de visitas, provas e loja de vinhos. Situado na Quinta da Firveda, junto à foz do Rio Corgo, perto da Régua, ocupa o espaço de uma centenária adega, onde em tempos se produziram vinhos generosos. Agora restaurado, mantém intactos os antigos lagares e pipas, sendo ponto de interesse para as visitas guiadas e complemento às provas de vinhos do Douro e Porto. Entre os projetos futuros da Vieira de Sousa, está a abertura de um alojamento em espaço rural, numa das quintas da família. A ideia é recuperar antigas casas dos caseiros, que se encontram em plena vinha, junto ao rio Douro, proporcionando assim uma experiência única e uma total comunhão com a autenticidade da região. O projeto mais recente foi a abertura de uma loja on-line (ver aqui).

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Nota: foto Lino Silva