A Header™ | Top Executive Partners é um boutique office português direcionado para o segmento executivo e para as temáticas relacionadas com liderança. Nesta fase, e apesar a sua ainda curta história, está a viver um momento de reorientação, transformação e crescimento.
Por Andreia Teixeira, Wellow Group™
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Iniciaste o projeto Header™ no início de 2020. Qual o caminho que a marca já percorreu?
Um longo caminho; muito longo, mesmo. [risos]. O projeto foi todo pensado no final de 2019 e lançámos a Header™ no dia 2 de janeiro de 2020, como um boutique office especializado em Executive Search, com uma equipa de cinco pessoas. Começámos muito bem, mas em março o mercado fechou devido à pandemia. Tivemos de nos reinventar para conseguirmos sobreviver. Olhámos para dentro e fizemos a seguinte pergunta: que competências temos que possam fazer sentido para este mercado? Foi então que lançámos os serviços de outplacement e de consultoria. Ajudávamos as pessoas a reingressarem no mercado e as organizações a reinventarem-se para fazerem frente à pandemia e ao confinamento.
Outros dois serviços que introduzimos foram o Executive Coaching e o Interim Management. Em 2021, a equipa de Learning, que já existia no seio do Wellow™ Group há vários anos, foi integrada na marca Header™. Ficámos, assim, com um total de seis serviços e uma equipa interna de 12 pessoas e uma bolsa de várias dezenas de formadores e consultores externos.
Se considerarmos que tudo isto aconteceu em menos de três anos, e reforçando a resposta à tua pergunta, percorremos efetivamente um longo caminho.
Quais são os planos para o futuro? Mais especificamente, para os próximos três anos.
Acho que não te consigo responder a essa pergunta. Estamos a crescer, vamos continuar a crescer – temos já muitos e bons clientes fidelizados –, mas não sei onde estaremos em três anos. O caminho que percorremos até aqui foi muito fruto de fatores externos associados ao mercado – quase reativo. A nossa aldeia global é, cada vez mais, afetada por tudo o que acontece no mundo. As mudanças são muito rápidas e as respostas têm de ser adequadas.
As organizações modernas têm de ser resilientes; têm de ser rápidas a redirecionar ou mesmo a inverter o seu caminho, ou sucumbem. Foi isso o que nos impulsionou até aqui e será o que nos continuará a impulsionar a partir daqui.
Mais concretamente, o nosso plano passa por explorar estes seis serviços – com o Executive Search e o Learning como âncora – e faturar, já este ano, um milhão de euros.
Relativamente à equipa, prevês que continue a crescer?
O objetivo é esse, mas não deveremos ultrapassar as 14 ou 15 pessoas até ao final de 2023. Queremos continuar a crescer, queremos crescer de forma acelerada, mas sustentável; aliás, como até aqui. Temos uma equipa muito forte – extremamente competente e motivada – e o foco mantém-se o mesmo. Prefiro ter uma equipa mais curta, mas muito eficiente, do que ter um batalhão de estagiários ou pessoas desalinhadas com a nossa cultura; e a nossa cultura é excelente, muito positiva.
Os bons resultados atingem-se através da boa liderança de pessoas muito competentes e motivadas, a fazerem aquilo de que gostam e, natural e consequentemente, clientes muito satisfeitos e fidelizados.
Quase todos os dias aparecem empresas novas no mercado a operar nestas áreas. Como vês o impacto da concorrência e como pensas que a Header™ se pode posicionar num mercado cada vez mais competitivo?
De forma muito positiva. É ótimo termos concorrência, preferencialmente diversificada. Acaba sempre por haver mercado para todos – bem, pelo menos para quem aporta valor. A concorrência obriga-nos a melhorar a cada dia. Apesar de muito competitivos e com uma relação preço/ qualidade ímpar no mercado, o nosso foco não está no preço, mas sim no valor que agregamos aos nossos clientes. Organizações que procuram o preço mais baixo não fazem parte do nosso mercado alvo.
Os nossos clientes são as organizações que valorizam o impacto positivo que proporcionamos – e nós agregamos valor em todo o ciclo de vida do trabalhador, com soluções muitas vezes integradas em toda a cadeia de valor das organizações. Agregamos valor através de novos recursos (Executive Search e/ ou Interim Management), através do desenvolvimento de recursos existentes (Learning e Executive Coaching), através de todo o tipo processos e assessments no seio das organizações (Consultoria) e através da necessária eficiência que, por vezes, só se consegue através de alguma saída, mas com todo o respeito pelas pessoas que, por algum motivo, deixaram de estar alinhadas com os objetivos organizacionais (Outplacement).
Vivemos um momento histórico e ímpar no mercado de trabalho. A guerra pelo talento voltar a ganhar importância – provavelmente a maior de sempre. Que impactos tem isto para o negócio da Header™?
O impacto é extremamente positivo, e é uma oportunidade. Vejamos: vivemos tempos em que se fala da great resignation, da flexibilidade na prestação do trabalho, do quiet quitting, entre vários outros fatores. É cada vez mais difícil atrair, desenvolver e fidelizar o talento no seio das organizações. Considerando que somos especialistas e que o nosso propósito é o de ajudarmos as organizações exatamente nestas áreas, acredito que os impactos serão muito positivos.
Para terminar, e do ponto de vista do mercado de trabalho, o que perspetivas para o ano de 2023?
Essa é a pergunta de um milhão de euros. [risos] Devido à pandemia e ao consequente confinamento, achei que íamos ter uma crise pior do que a de 2008-2012. Acabou por não acontecer e a resposta do mercado foi muito positiva. Daquilo que consigo vislumbrar, e não sou um especialista na matéria, creio que os apoios que os governos dos vários países deram às empresas acabou por ajudar imenso. Muitas vezes, as crises começam devido à quebra de confiança do consumidor, o que reduz o consumo e tem efeitos nefastos na economia. Como as pessoas ficaram muito tempo em casa, acabaram por poupar imenso dinheiro – quando voltaram a sair, estavam ansiosas por gastar dinheiro.
Creio que a pandemia e o confinamento acabaram por trazer algumas coisas positivas ao mercado de trabalho, como a digitalização, a flexibilidade de horários, o trabalho remoto, o foco na produtividade e não nas horas de trabalho prestadas, entre vários outros fatores.
Voltando à tua pergunta, relativamente a 2023 tenho algumas preocupações: a continuidade da guerra na Ucrânia, a inflação, o preço dos combustíveis, a dominância do mercado chinês no panorama global – particularmente em termos de fornecimento de matérias-primas e componentes –, a quebra de algumas economias e o desequilíbrio que isso poderá causar no mercado. Há sinais de um possível abrandamento da economia, mas, honestamente, não tenho como garantir que vá acontecer. Aliás, espero que os mercados se adaptem e que não aconteça.
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Pedro Branco é o chief executive officer (CEO) da Header™ | Top Executive Partners. Nos últimos anos, liderou empresas e equipas ligadas a executive search, consultoria e formação. Exerceu anteriormente funções de apoio à administração e à gestão operacional de recursos humanos no sector da banca de investimento. Com 48 anos de idade e mais de 25 anos de experiência profissional, é mestre em Gestão de Recursos Humanos, tento ainda concluído um executive master em Human Resources Management.