Trabalho temporário sobe 14% em 2021

Em 2021 houve um total de 388.230 colocações de trabalho temporário, o que representa um crescimento global de 14% em comparação com 2020, quando se registaram 341.540 contratações anuais. Relativamente ao Índice de Trabalho Temporário, continuou a diminuir progressivamente no último trimestre de 2021, aproximando-se de 1 (o que significa que o número de contratos foi mais semelhante aos do mesmo trimestre de 2020).

Estes são dados da APESPE-RH – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos, em conjunto com o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Dados divulgados nos Barómetros do Trabalho Temporário relativos aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2021, bem como a análise global de 2021.

As principais conclusões apresentadas são as seguintes:

– Verifica-se uma estabilização nas colocações de trabalho temporário no quarto trimestre de 2021, face ao mesmo período de 2020, com ligeiros aumentos de mais 2.250 pessoas em outubro (+7%); 1.540 pessoas em novembro (+4%) e 300 pessoas em dezembro (+1%).

– No total, o aumento no número de colocações no quarto trimestre de 2021 face ao mesmo período do ano anterior foi de +4,3% (94.714 em 2020 versus 98.804 em 2021). No entanto, existe no quarto trimestre uma ligeira diminuição de -1,7% relativamente às colocações do trimestre anterior (100.480), o que pode ser explicado pela contratação sazonal no verão.

– O Índice do Trabalho Temporário (Índice TT) diminuiu progressivamente a partir de maio de 2021, quando atingiu o valor mais elevado da série. Essa diminuição deve ser analisada num contexto em que, nos meses homólogos de 2020, se começou a verificar uma recuperação nas contratações após o período de confinamento.

– Relativamente à caracterização dos trabalhadores temporários, verifica-se uma subida ligeira da contratação de trabalhadoras do género feminino em outubro (46,6%), novembro (47,1%) e dezembro (47,4%).

– Ao nível da distribuição etária, verifica-se que há um ligeiro aumento da idade média dos colocados acima dos 30 anos, no último trimestre do ano, que sobe de 52,3% em setembro para 53,7% em dezembro (este valor diminuiu, por exemplo, em agosto – 51,7% – quando se verificou mais contratação de jovens).

– O ensino básico mantém-se o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas (67% a 68% no último trimestre do ano 2021). Segue-se o ensino secundário (cerca de 25%).

– As empresas de «Fornecimento de refeições para eventos e outras atividades de serviço de refeições» sobem de segundo para primeiro lugar no último trimestre de 2021 (cerca de 9%). Já as empresas de «Fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis» passam para segundo lugar e continuam a baixar em relação aos trimestres anteriores, representando cerca de 7% a 9% (no primeiro trimestre representavam cerca de 14%).

– Na distribuição do trabalho temporário por principais profissões, no quarto trimestre de 2021 destacam-se as ‘Outras profissões elementares» (entre 20% e 23%), seguindo-se os «Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes» (cerca de 19%). Em terceiro lugar estão os «Trabalhadores qualificados do fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, artesãos e similares» (cerca de 11%).

Afonso Carvalho (na foto), presidente da APESPE-RH, assinala: «A recuperação global registada nas contratações em 2021 é positiva, no entanto temos de considerar que a comparação é feita com 2020, e esse foi um ano difícil. Apenas a partir de meados de 2020 é que se verificou uma recuperação e um crescimento desde que se sentiram os efeitos da pandemia. Ou seja, apesar de tudo estamos ainda com valores de contratação abaixo de 2019 e o mercado de trabalho temporário necessita ainda de estabilizar, nesta nova fase de reabertura total das atividades, sem restrições.»