Portugueses querem mais equilíbrio entre vida pessoal e trabalho

Apesar de ainda ser prática generalizada trabalhar no escritório durante a totalidade do horário de trabalho, os portugueses encaram a flexibilidade de local de trabalho como algo benéfico para manter um bom equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. Esta é uma das conclusões do «Randstad Workmonitor», referente ao primeiro trimestre do ano, um estudo promovido pela Randstad a nível global que oferece uma visão das tendências do mercado de trabalho em 33 países.

Quando questionados sobre se gostam de formas de trabalho flexíveis, 82% dos inquiridos a nível global respondem afirmativamente. No caso de Portugal, este valor sobe, cifrando-se nos 90%, sendo apenas superado pelos de México (91%), Índia (91%) e Hong Kong (91%). Este dado é revelador da vontade dos portugueses em adotarem novas formas de trabalho, mais ágeis, que conciliem o compromisso com os objetivos profissionais com a obtenção de tempo de qualidade para a vida pessoal e a vida profissional.

Aumento da produtividade, da criatividade e da satisfação pela função desempenhada são ganhos assinalados por 81% dos inquiridos a nível global. Portugal volta a ser um dos países em foco neste critério, com 90% dos inquiridos a avaliarem positivamente os benefícios de ter condições de trabalho flexíveis. Em contraponto, 44% dos inquiridos a nível global apontam o trabalho flexível como causa de muita pressão na sua vida pessoal, na medida em que nunca conseguem desconectar-se do trabalho por nunca estarem fora do horário de trabalho. Esta realidade é apontada por 40% dos inquiridos em Portugal. Índia e Malásia são os países que ocupam o topo nesta avaliação, ambos com 63%, enquanto no lado oposto está a Áustria, com 29%.

O estudo demonstra que, ao contrário do que geralmente se pensa, a forma tradicional de trabalho no escritório durante o horário de expediente é ainda uma regra entre os respondentes do estudo. Em termos globais, 68% dos inquiridos concordam com esta perceção, com a Índia (85%) a posicionar-se no topo da avaliação e a Holanda (47%) no extremo oposto. Portugal atinge os 60% na avaliação desta perceção. Apesar disto, 44% dos inquiridos a nível global assumem que a forma de trabalho está a mudar do formato mais tradicional para formatos flexíveis, que incluem múltiplos locais que não o escritório e horários diferentes dos estandardizados. Esta mesma opinião é assinalada por 41% dos inquiridos portugueses do estudo.

 

Local de trabalho: autonomia e contacto pessoal

Segundo «Randstad Workmonitor», 73% dos inquiridos portugueses preferem trabalhar a partir de casa, ou de qualquer outra localização que não o escritório de quando em vez e 51% indicam que a sua entidade empregadora lhes providencia os equipamentos tecnológicos que permitem concretizar as suas tarefas sem complicações a partir de casa ou de outra localização. Apesar desta tendência, 69% dos inquiridos reconhecem que gostariam de ter flexibilidade no local de trabalho mas no seu emprego tal não é possível.

No que toca a preferir trabalhar no escritório, os portugueses estão abaixo da média global registada no inquérito, situando-se nos 49%. A realização de reuniões de trabalho presenciais ou de reuniões de equipa no escritório para manter toda a gente informada e alinhada são rotinas indicadas por 61% dos inquiridos portugueses. O uso das novas tecnologias, como a videoconferência, para realização de reuniões, evitando deslocações ao escritório, são ainda uma exceção na realidade portuguesa, visível no facto de apenas 24% dos inquiridos se referirem ao uso destas funcionalidades. Neste campo, nota-se a diferença registada na China, com 70%, e na Índia, com 74%.

Outro ponto interessante em análise no «Randstad Workmonitor» é a autonomia dos colaboradores para a definição das prioridades do seu trabalho. O estudo mostra que 68% dos inquiridos portugueses dizem ter muita liberdade para organizar e definir prioridades do seu próprio trabalho. Em contraponto, 39% dos respondentes dizem que são os seus diretores que lhes indicam a forma como devem organizar as tarefas e 51% indicam mesmo que são os superiores hierárquicos que lhes dizem o que fazer.

 

O «Randstad Workmonitor»

O «Randstad Workmonitor» foi lançado pela Randstad na Holanda em 2003. Posteriormente, foi implementado na Alemanha, e agora cobre 33 países em todo o mundo. O último país a entrar foi Portugal, em 2014. O estudo engloba Europa, Ásia-Pacífico e as Américas, sendo publicado quatro vezes por ano e fazendo com que as tendências de mobilidade sejam visíveis a nível local e global.

O índice de mobilidade do estudo, que traça a confiança dos funcionários e captura a sua probabilidade de mudar de emprego nos próximos seis meses, fornece uma compreensão real dos sentimentos e das tendências no mercado de trabalho. Para além da mobilidade, compreende a satisfação e a motivação pessoal, assim como um conjunto de perguntas temáticas.

O estudo é realizado on-line entre funcionários com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos, que trabalham o mínimo de 24 horas por semana num emprego pago (não trabalhadores por conta própria). O mínimo é de 400 entrevistas por país. O primeiro inquérito de 2018 realizou-se entre 10 e 26 de janeiro.

Os dados sobre os países estão disponíveis no Global Graphs & Slides, aqui.