A Darefy, consultora especializada em transformação organizacional, identificou cinco tendências-chave que irão dominar 2026 e que as organizações devem antecipar para se manterem competitivas. Estas tendências combinam avanços tecnológicos, nomeadamente na inteligência artificial (IA), com desafios humanos e culturais que exigem modelos de mudança mais ágeis e centrados nas pessoas.
A análise cruza o conhecimento do mercado por parte da Darefy, os resultados do seu «Leadership & Culture Survey 2025» e previsões globais de entidades como a Forrester, o MIT Sloan, a Deloitte e a Gartner. E consolida com o modelo de gestão da mudança da Darefy – o Darefy Change Model –, que integra cinco dimensões essenciais para a transformação: Liderança, Cultura, Estratégia, Talento e Sistemas.
Segundo a consultora, 2026 será o ano em que a convergência entre IA, competências humanas e propósito organizacional deixará de ser opcional para se tornar estrutural, sendo que a liderança e a cultura serão catalisadores da mudança. Assim sendo, as cinco tendências-chave são:
1. IA como força estrutural e integrada no trabalho – Em 2026, as organizações vão evoluir de provas de conceito para a operação de agentes de IA capazes de executar tarefas de forma autónoma e orquestrar fluxos entre sistemas. Segundo o relatório «Forrester Predictions 2026», os chamados agentic systems irão ganhar protagonismo, exigindo confiança, governance e foco em casos de uso tangíveis. Esta mudança redefine os sistemas organizacionais e tem impacto direto na gestão de capital humano, exigindo: redesenho de processos e responsabilidades; novas métricas de desempenho; princípios reforçados de ética e governança; e integração de humanos e IA em modelos operacionais híbridos.
2. Soft skills como diferencial competitivo – O relatório «Deloitte Global Human Capital Trends 2025» revela que 66% dos líderes consideram que os novos colaboradores não estão totalmente preparados, e que 54% dos trabalhadores e gestores manifestam preocupação com a crescente sobreposição entre trabalho humano e tecnológico. Estes sinais antecipam lacunas críticas de talento, sobretudo em competências humanas como pensamento crítico, adaptabilidade e liderança humanizada. Esta tendência transforma profundamente a dimensão Talento, exigindo: modelos de carreira mais fluidos; upskilling contínuo integrado no trabalho; e equipas híbridas (humanos + IA) com novos papéis e responsabilidades.
3. Cultura e propósito como âncoras em contextos imprevisíveis – Estudos publicados pela MIT Sloan Management Review demonstram que organizações com culturas fortes e propósito claro têm maior capacidade de adaptação a disrupções tecnológicas e económicas. Em 2026, a cultura deixa de ser vista como soft e passa a ser uma dimensão crítica de performance: cultura como sistema de orientação para a decisão; colaboração e produtividade em ambientes híbridos; segurança psicológica como fonte de inovação; propósito como bússola para alinhar humanos e tecnologia.
4. Liderança baseada em visão, clareza e coragem – Com a aceleração da IA e a volatilidade dos mercados, líderes deixam de ser apenas gestores de recursos e tornam-se arquitetos de sentido e facilitadores da mudança. Segundo o relatório «Gartner Leadership Trends 2026», competências como sense-making, tomada de decisão em cenários de incerteza e liderança comunicacional serão obrigatórias. Para a Darefy, a Liderança traduzir-se-á em: narrativa estratégica clara; presença ativa no processo de mudança; capacidade de mobilizar equipas em ciclos curtos; humanização da tecnologia; do paradigma «comando e controlo» para «apoio e desafio».
5. Agilidade estratégica em vez de planos estáticos – A volatilidade deixou de ser exceção e tornou-se a nova regra. Em vez de planos estáticos, 2026 exige estratégias vivas, capazes de reinventar-se em ciclos curtos e de aprender com cada decisão. O relatório «Forrester Predictions 2026» e publicações da Bain & Company sobre inovação e corporate renewal já apontam para este princípio de planeamento contínuo e adaptação baseada em dados. Na visão da Darefy, a Estratégia passa a ser um organismo em evolução: de documento para processo dinâmico; de controlo para aprendizagem adaptativa; de execução linear para modelos evolutivos.
Carlos Sezões (na foto), managing partner da Darefy, assinala: «O verdadeiro desafio de 2026 não é tecnológico, é humano. A IA acelera tudo, mas só gera valor em organizações capazes de aprender, liderar e mudar. O futuro pertence às empresas que, sem perderem o foco em resultados e impactos, colocam as pessoas no centro da transformação.»
