A Dom Quixote anunciou a publicação de Misericórdia, o novo livro de Lídia Jorge, que chega às livrarias já amanhã, 11 de outubro. Trata-se de um livro inteiramente novo na obra da autora e, muito provavelmente, em toda a literatura portuguesa, assinala a editora.
Texto: Redação «human»
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Misericórdia, editado pela Dom Quixote, é um livro diferente, que Lídia Jorge nunca esperou escrever, acabando por fazê-lo para corresponder a um desejo da sua mãe que, internada numa instituição para idosos, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro chamado Misericórdia, que fosse um testemunho de compaixão para com aqueles que, estando limitados pela sua condição de grande precariedade, vivem uma vida de resistência escondida.
A última vez que esse pedido foi feito coincidiu com a última vez que Lídia Jorge esteve com a mãe – dia 8 de março de 2020. A partir desse dia, a instituição onde se encontrava, como todas as outras do mesmo género por toda a parte, entraria num isolamento com tudo o que isso significou de dramático. Perante esta realidade, o pedido da mãe de Lídia Jorge assumiu um relevo absoluto.
Misericórdia pode ser classificado como uma ficção em forma de romance, embora se trate de uma narrativa híbrida, misto de diário íntimo, memorial, biografia e crónica de um tempo muito próprio. Narrado na primeira pessoa, através dos pensamentos que são reportados, Misericórdia é, assim, uma espécie de diálogo com a sociedade do nosso tempo. É um livro duro, mas não foi concebido como denúncia de nada, antes como exposição de uma realidade que reclama o anúncio de um novo tempo.
O resultado é que estamos perante um dos livros mais audaciosos da literatura portuguesa dos últimos anos. Como a autora consegue que ele seja ao mesmo tempo brutal e esperançoso, irónico e amável, misto de choro e riso, é uma verdadeira proeza só ao alcance dos grandes romancistas.
Nos tempos que correm, depois do enfrentamento global de provas tão decisivas para a Humanidade, esperávamos por um livro assim. Lídia Jorge escreveu-o.
Lídia Jorge, a mais internacional das escritoras portuguesas, estreou-se com a publicação de O Dia dos Prodígios (1980), um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-revolução. Desde então, tem publicado obras nas áreas do romance, conto, ensaio, teatro, crónica e poesia. Os seus textos têm sido adaptados para teatro, televisão e cinema e têm sido distinguidos com os principais prémios literários nacionais.
De entre os seus livros, destacam-se A Costa dos Murmúrios, O Vale da Paixão, O Vento Assobiando nas Gruas, Os Memoráveis e Estuário.
Amplamente traduzida e publicada no estrangeiro, entre os prémios internacionais que recebeu contam-se o Prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas de Guadalajara.