A AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal propôs um pacote de nove medidas para ajudar a resolver a falta de profissionais para os sectores de restauração, similares e alojamento turístico, que considera um problema crónico. Quando as empresas já preparam o final da época alta, num cenário de incerteza devido ao aumento da inflação e das taxas de juro, a associação diz ser urgente a adoção de medidas que atenuem o impacto da diminuição do poder de compra dos portugueses.
As medidas decorrem das seguintes propostas:
– as empresas do alojamento turístico e da restauração e bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, que devem ir além da retribuição e que podem passar por sistemas de avaliação, práticas de reconhecimento, garantias de progressão na carreira e a uma melhor conciliação entre vida profissional e vida familiar;
– o valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora;
– criação de um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, em particular aqueles diretamente relacionados com o trabalho;
– uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho é um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas possam proporcionar melhores condições de trabalho;
– devem promover-se iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais, por forma a adequá-los à realidade atual e às exigências das atividades;
-é urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática;
– desenvolvimento e implementação de um programa de formação de início de carreira, de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão; as formações devem ser divulgadas e promovidas junto de desempregados e de ativos de outras áreas de atividade que desejem iniciar uma carreira nas empresas de alojamento turístico e de restauração e bebidas;
– a imigração pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida; para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados;
– elaboração do «Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA», para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação, pois só desta forma é possível preparar as melhores e mais adequadas soluções.
No documento da AHRESP pode ler-se: «Apesar de a atividade turística estar com desempenhos positivos neste verão, o final da época alta vai trazer fortes desafios. Com a maioria das empresas ainda em recuperação dos impactos de dois anos de pandemia, o contexto inflacionista e a subida das taxas de juro irão provocar uma perda acrescida do poder de compra das famílias. Este é um fator de extrema relevância para a atividade nos diversos setores representados na AHRESP./ Ao longo das últimas semanas, vários Governos de toda a Europa têm reforçado as medidas de mitigação da inflação, tais como redução de impostos e atribuição de subsídios. Em Portugal, o executivo de António Costa prometeu novos apoios às famílias e à atividade das empresas para setembro./ A AHRESP apela desde já a que as medidas de apoio a serem lançadas no próximo mês atendam às adversidades que se anteveem para o sector, que ainda não recuperou da pandemia (nem se espera que tal venha a suceder ainda em 2022). As empresas do alojamento turístico e da restauração e similares não podem ficar esquecidas e devem ser contempladas nas medidas que venham a ser disponibilizadas.»