Planos de benefícios flexíveis e de pensões aumentam nas empresas de nearshore

A pandemia de Covid-19 veio demonstrar uma necessidade de reforço da proteção dos trabalhadores. A conclusão é do «Nearshore Portugal – Tendências na Gestão de Talento», um relatório desenvolvido pela Aon, empresa global de serviços profissionais nas áreas do risco, reforma, saúde e pessoas, em conjunto com a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) e a Experis, e que tem como objetivo caracterizar a gestão de recursos humanos das empresas de nearshore em Portugal.

De acordo com os resultados obtidos, apesar de a maioria das empresas inquiridas (71%) não prever alterações nas suas políticas de compensações face ao impacto da pandemia no mundo do trabalho, a verdade é que a disponibilização de alguns dos benefícios registou um aumento em comparação ao ano anterior. O destaque vai para os planos de benefícios flexíveis e para os planos de pensões, com um total de 43% e 37% dos participantes, respetivamente, a afirmar oferecer estes benefícios, mais 20% e 5% do que em 2020.

A par deste crescimento, o relatório da Aon releva também que os benefícios flexíveis (60%) e os programas de apoio à saúde mental (50%) passaram, com a pandemia, a ser os benefícios prioritários para as empresas implementarem. A completar o top 5 estão ainda a aquisição de mobiliário de escritório (33%), os programas de apoio à saúde física (30%) e a aquisição de tecnologia adicional (27%).

Joana Brito, human resources solutions senior consultant da Aon Portugal, refere: «Embora a pandemia tenha despoletado alguma consciencialização das empresas para a necessidade de apostar mais na proteção e bem-estar dos seus colaboradores – o estudo diz-nos que 17% das empresas tencionam ajustar os seus planos de incentivos –, verifica-se ainda uma ação pouco expressiva do mercado na disponibilização de benefícios, desde logo os planos de pensões, que deveriam ser prioritários face à sobrecarga que o sistema social nacional poderá vir a sentir com o impacto económico da Covid-19, bem como à procura das pessoas por maior estabilidade e qualidade de vida proporcionadas pelo empregador.»

Contudo, Joana Brito assinala que uma tendência de subida começa a sentir-se: «Uma das conclusões que podemos retirar deste relatório é de que as empresas que preveem alterações às suas políticas de compensação, e ainda não as implementaram, irão incluir nos seus programas planos de benefícios flexíveis (31%), planos de pensões (17%) e seguros de vida (11%).»

Já ao nível das políticas de saúde e bem-estar, as empresas inquiridas pretendem vir a implementar no curto prazo algumas iniciativas, nomeadamente walking meetings (63%), desafios de contagem de passos, de perda de peso/ condicionamento físico e incentivos de ida a pé ou de bicicleta para o trabalho (todos com 53%) e programas de cessação tabágica (50%).

O relatório «Nearshore Portugal – Tendências na Gestão de Talento» faz ainda uma caracterização da força de trabalho atualmente em funções nas empresas de nearshore em Portugal. Ao analisar o perfil de competências dos colaboradores ao nível das soft skills, destacam-se o espírito de equipa (67%) e adaptabilidade (64%) – sendo esta última, de acordo com os inquiridos, uma das competências mais difíceis de encontrar num candidato, a par do espírito crítico e criatividade. Em relação às hard skills, são o domínio de outros idiomas (33%), e as competências de customer service (25%) e de project management (25%) que obtêm destaque.

Por fim, a Aon destaca ainda com esta investigação que o pós-pandemia trará como desafios à gestão de pessoas a preparação das chefias para a gestão em modelos remotos (69%), a perda de engagement dos colaboradores e a parte do espírito de equipa (ambas com 57%). Joana Brito assinala ainda: «Esta realidade torna premente um conjunto de medidas que devem ser adotadas nesta realidade cada vez mais remota, em que 54% das empresas tenciona evoluir para um modelo de trabalho híbrido. São elas uma maior aposta na comunicação e motivação dos colaboradores, a aproximação da liderança à força de trabalho, entre outros.»