O que preveem as empresas portuguesas para a retoma

Mais de 64% das empresas portuguesas viram a sua atividade afetada pela Covid-19. Esta é uma das principais conclusões das questões extra colocadas no âmbito do «ManpowerGroup Employment Outlook Survey», um estudo da ManpowerGroup que avalia as intenções de contratação dos empregadores a cada trimestre. As respostas recolhidas indicam que mais de metade dos empresários (56%) acreditam que precisarão de um ano para que os seus negócios retomem os níveis pré-pandemia e que o sector de Hotelaria e Restauração foi o mais impactado pela crise.

Num universo de 387 empresas inquiridas, 10% pararam de laborar a 100%, 43% sofreram um impacto na sua atividade superior a 50% e 30% não registou qualquer alteração no trabalho desenvolvido. Já 3% das empresas beneficiaram de um aumento da atividade neste período.

No que diz respeito às perspetivas de recuperação das contratações, 56% dos empresários esperam alcançar os níveis pré-Covid-19 dentro de 12 meses. Apenas 22% das empresas tem a expectativa de recuperar nos próximos três meses, enquanto 41% prevê retomar os níveis de pré-pandemia ainda este ano. Já 11% das empresas consideram que não conseguirão recuperar os níveis de contratação anteriores.

A nível regional, a região centro é a que revela ter sido menos impactada pela pandemia, já que quase metade (43%) não sofreu qualquer alteração e apenas 23% das empresas declararam uma redução de atividade superior a 50% Na região sul, na Grande Lisboa e no Grande Porto, o impacto foi mais negativo com 37%, 33% e 36% das empresas, respetivamente, a darem nota de uma redução de mais 50% na sua atividade.

A região norte é a mais pessimista, com apenas 27% das empresas a estimar uma recuperação no nível de contratações ainda este ano, quando a média nacional é de 41%. Esta é também a região onde é maior percentagem de empresas (21%) que afirma que não conseguirá retomar níveis pré-coronavírus. A região do Grande Porto é a exceção, com 27% das empresas a indicarem que esperam recuperar durante os próximos três meses. As restantes regiões são moderadamente mais otimistas. No sul, 39% das empresas esperam recuperar o volume de contratações ainda este ano, sendo esse valor de 42% na região centro. Esta região é também a que manifesta maior otimismo no curto prazo, com 26% das empresas a considerar que poderão retomar níveis de contratação pré-Covid-19 durante os próximos três meses.

A nível sectorial, os principais sectores afetados são Hotelaria e Restauração, com 88% das empresas a declaram um impacto na sua atividade, o Comércio Grossista e Retalhistas, com 68%, e a Indústria, com 65%, sendo que em seis dos sete sectores analisados mais de 60% das empresas afirma que teve a sua atividade afetada.

A maioria das empresas, nos sete sectores analisados, estima que poderá recuperar os níveis de contratação pré-Covid-19 em menos de 12 meses. A perspetiva mais otimista observa-se no sector de Finanças e Serviços, com um total de 48% das empresas a declarar poder recuperar antes de final do ano. Já os sectores mais pessimistas são os de Restauração e Hotelaria e Comércio Grossista e Retalhista, com apenas 13% e 16%, respetivamente, das empresas a considerar que poderão recuperar a atividade de contratação nos próximos três meses e 28 e 24%, respetivamente, a declarar que necessitarão mais de um ano.

O estudo trimestral da ManpowerGroup recolheu as intenções de contratação de mais de 34.000 empregadores em 43 países e territórios, tendo as entrevistas sido realizadas durante as circunstâncias excecionais do surto de Covid-19. Recorde-se que para o terceiro trimestre de 2020 os empregadores portugueses revelaram intenções de contratação muito pessimistas, com a projeção para a criação líquida de emprego, entre julho e setembro, a situar-se em -9%, a previsão mais baixa desde o início do estudo em 2017.

Os resultados para cada um dos 43 países analisados, bem como as comparações regionais e globais, podem ser consultados aqui.