«Hoje é Tudo Falso»
Pedro Mexia apresenta novo livro de António Souto

Pedro Mexia, escritor, crítico literário, membro do programa da TVI e da TSF «Governo Sombra» e consultor para a cultura da Casa Civil do Presidente da República, apresenta hoje em Lisboa o livro «Hoje é Tudo Falso», de António Souto. É a partir das 18H30, na Biblioteca da Escola Secundária de Camões (antigo Liceu Camões), a Picoas.

Texto: Redação Human

 

«Hoje é Tudo Falso» (ed. On y va), o novo livro de António Souto, é um conjunto de crónicas em que na abertura se cita um excerto de um texto de Eça de Queirós, publicado no primeiro número do jornal «Distrito de Évora», a seis de janeiro de 1867: «A crónica é como estes rapazes que não têm morada sua e que vivem no quarto de seus amigos, que entram com um cheiro de primavera, alegres, folgazões, dançando, que nos abraçam, que nos empurram, que nos falam de tudo, que se apropriam do nosso papel, do nosso colarinho, da nossa navalha de barba, que nos maçam, que nos fatigam mesmo e, quando se vão embora, nos deixam cheios de saudade.»

A capa do livro reproduz uma fotografia de Rui Fiolhais, de um mural pintado na via pública em Queens, Nova Iorque. A fotografia foi captada em dezembro de 2016, numa manhã soalheira, quando o seu autor estava quase a completar uma expedição aos famosos murais de Wellington Court, em Astoria, Queens.

António Souto escreve crónicas há muitos anos. Décadas. É uma forma de se obrigar a pensar e a escrever, ou, como assinala, «uma forma boa de me disciplinar no rigor de uma escrita que, sendo breve, me permite explorar as virtualidades da palavra e do discurso, de ao mesmo tempo me dizer e interpelar, provocando, com a graça possível, aqueles que me possam vir a ler».

Neste registo, onde é um dos mais admiráveis escritores portugueses, procura fixar e partilhar memórias e reflexões ocasionais. Estas últimas resultando sempre de um olhar atento sobre realidades que não consegue evitar – questões que boa parte das vezes se articulam com o seu ofício de professor, mas também outras que o inquietam, de tão inusitadas ou socialmente injustas.

Regressa frequentemente à infância, e sobre isso partilha: «Com o avançar da idade, vai-se-me atravessando cada vez mais na escrita (nas crónicas como na poesia). Não busco nem tento presentificar nostalgicamente um tempo que foi, o que acontece é que a infância que tive e soube, embora dura, me serve de contraponto e conforto para este presente acrítico de facilitismos, vacuidades, insolências e hipocrisias.»

 

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Foto de Pedro Mexia: Maria Ramires, On y va