Em paralelo com a edição da obra completa de Miguel Torga em volumes que reúnem os diários, a poesia, os contos, o teatro e os ensaios, iniciada em 1999 pela editora Dom Quixote, foi publicada a fotobiografia do autor, escrita pela sua filha, a professora universitária e ensaísta Clara Rocha.
Texto: Redação Human
«Miguel Torga – Fotobiografia» (ed. Dom Quixote) tem prefácio de Manuel Alegre e está organizada cronologicamente, reunindo quase uma centena de fotos do escritor e diversos documentos, desde correspondência a manuscritos de poemas e contos, páginas do dossier da PIDE sobre o autor, o seu passaporte quando aos 13 anos emigrou para o Brasil (o próprio escreveu que um dos seus títulos de glória é ter passado a adolescência no Brasil), imagens de lugares de que gostava profundamente, etc, num imbricado de textos (do próprio Torga, muitos deles de cariz autobiográfico) e imagens.
Miguel Torga é o pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, autor de uma produção literária vasta e variada, largamente reconhecida. Nasceu em São Martinho de Anta em 1907. Depois de uma experiência de emigração no Brasil durante a adolescência, fez o curso de «Medicina» em Coimbra, onde passou a viver e onde veio a falecer em 1995. Foi poeta presencista numa primeira fase; a sua obra abordou temas bucólicos, a angústia da morte, a revolta, temas sociais como a justiça e a liberdade, o amor, e deixou transparecer uma aliança íntima e permanente entre o ser humano e a terra. Estreou-se com «Ansiedades», destacando-se depois na poesia com «Cântico do Homem, bem como através de muitos poemas dispersos pelos dezasseis volumes do seu «Diário»; na obra de ficção distingue-se «A Criação do Mundo», «Bichos», «Contos da Montanha», entre outros volumes. O «Diário» ocupa um lugar de grande relevo na sua obra. Como escritor dramático, publicou três obras, «Terra Firme», «Mar» e «O Paraíso». Recebeu o «Prémio Camões» em 1989 e o «Prémio Vida Literária», da Associação Portuguesa de Escritores, em 1992.