A Seresco, multinacional especializada em soluções e serviços de outsourcing na área de salários e recursos humanos, nomeadamente através de tecnologias de informação e comunicação (TIC), divulgou um estudo comparativo de folhas salariais de quadros de organizações com cargos de direção, realizado pela em cinco países da Europa. No estudo conclui-se que Portugal é o país onde os colaboradores fazem as deduções mais baixas. Ao contrário de outros países, o recibo de vencimento português não disponibiliza a informação do custo que o colaborador tem para a empresa onde trabalha. Os rendimentos em espécie não são somados ao rendimento bruto e o rendimento líquido do colaborador português é o segundo maior dos países em estudo.
Ler um recibo de vencimento é uma tarefa complexa pelos diferentes conceitos que o constituem. De país para país, as folhas salariais mudam de acordo com a legislação. Para empresas multinacionais, presentes em diferentes países, as diferenças das folhas salariais podem ser um desafio para a área de recursos humanos. A Seresco comparou os recibos de vencimento de cargos de direção em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, de forma a aferir as diferentes realidades.
O estudo, realizado em parceria com a rede internacional de soluções salariais Payroll Services Alliance, definiu um mesmo cenário para os cinco países. A folha de salário estudada foi a referente a um colaborador casado e com dois dependentes, com um cargo na direção de uma empresa, um salário bruto anual de 60 mil euros onde estão incluídos os rendimentos em espécie (atribuição de viatura, tickets de refeição e seguro de saúde). Através deste exemplo de folha de vencimento foram feitas simulações reais para cada país.
Quanto ao rendimento bruto, aferiu-se que Portugal, Espanha e Alemanha recebem dois subsídios anuais. No Reino Unido e França, este vencimento extra é repartido em 12 vezes ao ano. Assim, em Portugal, Espanha e Alemanha o salário bruto mensal é, à partida, mais baixo (4.005,12 euros, 4.285,70 euros e 4.285,70 euros, respetivamente) do que no Reino Unido e em França (5.000 euros).
No referente às deduções fiscais do colaborador, Espanha é o país em que os colaboradores pagam menos contribuições fiscais – 6,35% sobre o salário base. França é o único país dos cinco em que os colaboradores não pagam o IRS na folha salarial mensal, sendo que o total é retido ao fim do ano – esta particularidade altera a perceção que o colaborador tem do seu salário: ainda que o salário bruto anual seja o mesmo, o colaborador acaba por ganhar mais por mês (pode chegar a ganhar mais 86% por mês em comparação com Espanha). França é também o país onde há mais deduções fiscais, sendo Portugal o país com menos (com a eliminação dos duodécimos passaram a dois). Diferenciando-se dos outros países, a Alemanha tem um imposto obrigatório para além do IRS e da Segurança Social: o imposto de solidariedade, uma dedução que entrou em vigor após a reunificação alemã, para ajudar os antigos estados da República Democrática Alemã (RDA) a equilibrarem-se com os estados da República Federal Alemã (RFA), e que ainda hoje é aplicada.
Relativamente às deduções feitas pelas empresas, as folhas salariais de Espanha e França disponibilizam a informação do custo do colaborador para a empresa. Já no caso de Portugal e Reino Unido, essa informação não se encontra identificada. Na Alemanha, a empresa não paga nenhum imposto pelos seus colaboradores, recolhendo apenas as deduções dos colaboradores e entregando-as às autoridades tributárias.
Os rendimentos em espécie, que se destinam à satisfação de necessidades pessoais do colaborador, incluem o seguro de saúde, os tickets de refeição ou a atribuição de viatura. Em Portugal e Espanha estes rendimentos não são somados ao salário bruto, o que não influencia tanto o cálculo do IRS e a Segurança Social. Em contrapartida, em Espanha a atribuição de viatura é tributada no IRS. Em Portugal a atribuição de viatura não é tributada mensalmente mas sim anualmente, quando o colaborador faz a sua declaração individual de IRS. Em França apenas se observa uma retenção na Segurança Social nos rendimentos em espécie referentes à atribuição de viatura, já que o IRS é retido uma vez ao fim do ano, como referido, e existe uma cotização à parte para os rendimentos em espécie de tickets de refeição. Na folha salarial da Alemanha e da França o seguro médico não está incluído como rendimento em espécie, mas como serviço público, inserindo-se na cotização da Segurança Social.
No respeitante ao rendimento líquido, França é o país onde os colaboradores fazem mais deduções, mas é também o país do estudo onde os colaboradores recebem o rendimento mais elevado ao fim do mês (3.762,29 euros). Seguem-se Portugal, com 2.121,83 euros, Alemanha com 2.107,97 euros, Espanha com 2.061,83 euros e Reino Unido com 1.849,90 libras.
Para as empresas com uma presença internacional ou com colaboradores expatriados, a gestão e o processamento salarial encontra dificuldades acrescidas, em particular a integração e a emissão de sistemas de recibos distintos, de acordo com a legislação de cada país. Com esta conjuntura, as empresas vão muitas vezes procurar apoio aos serviços de outsourcing de processamento salarial.
Reyes Palomares (na foto), diretora da área de processamento salarial e recursos humanos da Seresco, assinala: «Os serviços de outsourcing de processamento salarial permitem uma poupança de custos e de tempo às empresas, tempo esse que pode ser dedicado às funções de valor acrescido para o negócio. Na Seresco, em paralelo ao know-how que temos vindo a desenvolver nesta área temos o apoio da maior rede internacional de soluções de processamento salarial, a Payroll Services Alliance, que com a sua experiência internacional nos permite fornecer um serviço adequado a cada país.»