A executive coach Ana Teresa Penim, presente no «ICF Converge 2017», em Washington DC (Estados Unidos), partilha com a «human» e a sua comunidade testemunhos, curiosidades e novidades do maior evento global sobre coaching.
A ICF é a International Coach Federation.
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«ICF Converge 2017»
Dia 2: Coaching the uncoachable
Por Ana Teresa Penim
Não existe uma palavra portuguesa para traduzir coaching, e muito menos uncoachable. E foi a «isso» que se referiu Robert Hogan, o reconhecido psicólogo norte-americano no início do segundo dia do «ICF Converge 2017». Autor de um dos mais populares assessments de personalidade e autoridade internacional em liderança e performance organizacional, Hogan abordou com a irreverência e o humor que lhe são característicos o «lado negro» da personalidade dos líderes.
Na sua opinião a personalidade do líder determina a sua liderança. Questionado sobre a mudança da personalidade, Hogan ironizou: «Sim, a personalidade muda. Com o tempo as pessoas tornam-se mais… como elas próprias. Todos os líderes têm o bright side e o dark side da sua personalidade.
O dark side pode ser gerido em coaching promovendo-se:
– a autoconsciência que possibilita a autogestão;
– o recurso a assessments para identificar comportamentos problemáticos;
– identificar os «gatilhos» dos comportamentos problemáticos;
– desenvolvendo estratégias para controlar comportamentos problemáticos.
Carole Pemberton (Reino Unido), autora de livros como «Coaching to Solutions» e «Resilience: a pratical guide for coaches», dinamizou uma apresentação altamente interativa. Fundamentando que a resiliência «é a habilidade de nos mantermos flexíveis nos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos perante uma disrupção na vida ou extensos períodos de pressão, emergindo das dificuldades mais fortalecidos, mais sábios e mais capazes», Carole permitiu aos participantes avaliarem as suas fontes de resiliência e ficarem sensibilizados, como coaches, para se focarem na narrativa do cliente quando estiverem a lidar com esta questão que, na sua abordagem, tem três dimensões: genética, infância e aprendizagem pela experiência.
Ben Dooley (Estados Unidos), com energia e sentido de humor, proporcionou o contacto com uma «tabela de elementos» contemplando as componentes fundamentais do coaching de forma original: «The elements of our coaching». Este modelo contempla as 11 competências de coaching protagonizadas pela ICF, mas pretende ir mais longe.
Algumas das ideias mais exploradas por vários intervenientes do «ICF Converge 2017» foram as questões da vulnerabilidade, autenticidade e transparência do coach. A «dança» entre as mesmas foi o tópico explorado por Beth Buelow (Estados Unidos) num workshop altamente interativo em que os participantes foram desafiados a identificar os momentos e as circunstâncias em que numa sessão de coaching possam decidir partilhar as suas estórias de vida, as suas crenças e as suas visões do mundo, contribuindo assim para reforçar a empatia com o coachee e a eficácia da sessão.
E porque o coaching tem tudo de imprevisto, Carrie Spaulding (Estados Unidos) dinamizou um workshop onde os participantes puderam aprender as regras básicas da improvisação: dizer sim; oferecer/ aceitar; entrar no jogo; manter-se no presente; ignorar o crítico que há dentro de si; fazer os outros terem sucesso; ser óbvio; isto através de exercícios práticos divertidos e com grande potencial de transferência para o coaching.
Outro dos pontos mais transversais do «ICF Converge 2017» foi o foco nas neurociências. Por isso concluo esta seleção sobre o segundo dia do evento fazendo referência à apresentação de Josie Thomson (Austrália): «Coaching on the high road less traveled».
Através da metáfora das duas estradas low road (focada na resolução de problemas, mas que não proporciona movimento para a capacidade de liderança estratégica) e high road (que invoca os processos mentais e de mindfulness, que proporcionam uma liderança estratégica), a especialista mostrou como os coaches podem colocar perguntas poderosas que favorecem a meta-atenção, a meta-cognição e a meta-consciencialização. Ou seja, passar de «o que é que eu quero» para «o que estou a pensar e sentir sobre isto».
Concluo com uma curiosidade…
Sabia que a ICF internacional já tem cerca de 30 mil membros, dos quais 22 mil são coaches credenciados? UAU!
Até breve!