«As Centenárias» no Teatro Meridional
O outro lado da vida

Última peça do ciclo que comemora os 25 anos do Teatro Meridional, em Lisboa, dirigido por Miguel Seabra e Natália Luiza. «As Centenárias» apresenta-se como uma metáfora dos tempos modernos, com duas carpideiras que tentam livrar-se elas próprias da morte.

Por Francisca Rodrigues

 

O Teatro Meridional, em Lisboa, dirigido por Miguel Seabra e Natália Luiza, tem vindo a assinalar os 25 anos de atividade com a reposição de alguns dos seus sucessos. O ciclo começou a 18 de janeiro com «Al Pantalone», original de Mário Botequilha, e prosseguiu com «A Lição», de Eugène Ionescu, «António e Maria», de Rui Cardoso Martins (a partir da obra de António Lobo Antunes), «O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão», de Eric-Emmanuel Schmitt, e «Cabo Verde, Contos em Viagem», a partir de um trabalho de seleção de Natália Luiza (que assina a encenação e a dramaturgia).

Em setembro chega agora a vez de «As Centenárias», de Newton Moreno. Duas mulheres carpideiras, num longínquo sertão brasileiro, cantam incelenças para conduzir os que morrem, suavemente, para «o outro lado da vida», enquanto fazem tudo neste mundo para permanecer vivas, fugindo e afugentando a morte. Uma metáfora possível para os tempos que vivemos.

A peça estará em cena no Teatro Meridional («a melhor sala de espetáculos do Poço do Bispo», nas palavras bem-dispostas dos seus responsáveis), de 13 de setembro a um de outubro

Mais informações sobre «As Centenárias» aqui.

 

A companhia

O Teatro Meridional é uma companhia portuguesa vocacionada para a itinerância, que procura nas suas montagens um estilo marcado pelo protagonismo do trabalho de interpretação do ator, fazendo da construção de cada objeto cénico uma aposta de pesquisa e experimentação.

As principais linhas de atuação artística do Teatro Meridional prendem-se com a encenação de textos originais (lançando o desafio a autores para arriscarem a escrita dramatúrgica), com a criação de novas dramaturgias baseadas em adaptações de textos não teatrais (com relevo para a ligação ao universo da lusofonia, procurando fazer da língua portuguesa um encontro com a sua própria história), com a encenação e a adaptação de textos maiores da dramaturgia mundial, e com a criação de espetáculos onde a palavra não é a principal forma de comunicação cénica.

Fundada em 1992, a companhia realizou até à data 54 produções, tendo já apresentado os seus trabalhos em 20 países (Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Jordânia, Marrocos, México, Paraguai, Roménia, Rússia, Timor, Uruguai), para além de realizar uma itinerância anual por Portugal continental e pelas ilhas.

Os trabalhos do Teatro Meridional já foram distinguidos 34 vezes a nível nacional e move a nível internacional, dos quais se releva o «Prémio Europa Novas Realidades Teatrais», em 2010.

 

Noto: foto de Nuno Figueira