Mário Laginha na Culturgest
Uma enorme liberdade

A Culturgest, em Lisboa, volta a receber um nome incontornável da música portuguesa: Mário Laginha. O pianista regressa a 19 de abril com Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), os seus companheiros de sempre. O formato é clássico (o trio), mas a liberdade não podia ser maior.

Por Francisca Rodrigues

 

O Grande Auditório da Culturgest vai receber no dia 19 de abril, uma quarta-feira, pelas 21H30, um espetáculo de jazz do trio de Mário Laginha. A cargo do músico estará o piano (Laginha assina também a composição), já no contrabaixo estará Bernardo Moreira e na bateria Alexandre Frazão.

Mário Laginha recorda que sempre que o convidaram para tocar na Culturgest foi desafiado a apresentar projetos que queria muito fazer, mas que por falta de tempo, ou de oportunidade, ainda não tinha conseguido realizar. Foi assim que fez o seu disco a solo («Canções e Fugas») e o seu disco com o novo trio («Terra Seca»), que lhe permitiu escrever música pela primeira vez para piano, guitarra portuguesa e contrabaixo. Ambos nasceram de concertos no Grande Auditório da Culturgest, daí ter ficado sentimentalmente ligado a este espaço.

É por causa desse passado que quer voltar a estar aí com música nova, sabendo que depois a irá gravar. «É já uma tradição», assinala, «e as tradições, se forem boas, são para manter. Desta vez venho com os meus companheiros de sempre: Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria. É um trio clássico, mas é talvez a formação onde a liberdade é maior. Tocar com eles é sinónimo de fazer música com prazer, poder arriscar sem sentir medo, experimentar novos caminhos sem ter que os comunicar ou explicar antecipadamente. É difícil encontrar músicos com quem seja tão fácil tocar. Por muito contraditório que possa parecer, há aqui um conforto que nos empurra para o risco. E esse risco é um dos motores da improvisação e da própria criação. Quando entrar no palco e olhar em volta, vou ver o Bernardo e o Alexandre à minha frente, o público à minha direita, sentar‑me-ei ao piano e sei que vou pensar: sou um tipo cheio de sorte.»

 

Nota: foto de Márcia Lessa