Pessoas, tecnologia e espaços: alavancas da transformação corporativa

Decorreu no passado dia 16, no MAAT, em Lisboa, a «Workplace Design Conference Lisboa», que reuniu vários especialistas para debater e divulgar as novas formas de trabalhar e os espaços corporativos. Foi o segundo de 25 eventos internacionais agendados pelo 3g Smart Group para 2017, onde se analisa a transformação corporativa com base nas pessoas, na tecnologia e nos espaços como alavancas de mudança.

Francisco Vázquez, presidente do 3g Smart Group, que organiza as «Workplace Conferences» «(WDC»), assinalou na abertura: «A transformação já faz parte do roteiro de muitas empresas, mas ainda há muito por fazer, e não há muito tempo. É importante ter uma visão integrada do verdadeiro alcance do momento que vivemos na história do management e das organizações.»

Hélio Soares, chief executive officer (CEO) e fundador da UP Partner, falou da flash forward generation, explicando como a evolução tecnológica nos trouxe um mundo em constante mudança e explicando: «A nova normalidade é um desafio extraordinário no qual o mais importante são as pessoas. Neste contexto, as empresas devem trabalhar na formação de talento. Esse é o grande capital deste novo paradigma. Em 2020 seremos cinco mil milhões de pessoas ligadas à Internet, 66% da população mundial. 65% dos postos de trabalho do futuro ainda não foram criados. Os nossos colaboradores têm de ser mais produtivos, mais inovadores e mais criativos. Esse é o grande desafio.»

Carlos Aguirre, responsável de tecnología da Sappiens, centrou-se na tecnologia como detonador da transformação, explicando como foi difícil, para muitas empresas, levar a cabo os processos de digitalização, em grande parte por não terem um propósito claro: «Quando uma empresa enfrenta uma transformação digital ou um projeto com tecnologia, deve ter muito claro o seu propósito e a razão pela qual quer implantar determinada tecnologia. De contrário, o que vai acontecer é que terá uma tecnologia entravada, que não vai servir, como aconteceu em muitos casos.» Como exemplo, referiu o boom do big data: «Todas as empresas queriam ter um projeto de big data ou machine learning, sem se perguntarem para que o queriam ou por que o necessitavam. Ora, deve ser o propósito a liderar o processo tecnológico. A viagem real do big data deve ser esta… Temos big data, que quando interage com as pessoas passa a ser small data, para depois se transformar em smart data (dados inteligentes) que nos permite tomar decisões simples. A tecnologia possibilita que uma coisa complicada se transforme numa decisão simples.»

Sergi Corbeto, CEO de Mind de Gap, falou sobre utopia e distopia, referindo: «Temos que fazer com que as empresas entendam que a transformação não é digital, é uma transformação antropológica. Se não queremos transformar-nos em ciborgs, é preciso transformar os colaboradores das empresas em artistas. Os líderes têm de permitir que as pessoas que trabalham nas suas organizações se transformem em artistas.» Na sua perspetiva «é preciso transformar as empresas, fazê-las passar de organizações piramidais, altamente hierarquizadas, a empresas circulares, colocando as pessoas no centro». Mais: «Para chegar à utopia, o único caminho é que 98% das nossas decisões se baseiem na empatia.»

Depois de estar reunido durante toda a manhã para refletir sobre o papel do CEO na transformação digital, o painel de CEOs, composto por Jorge Marrão (Deloitte), Ana Paula Reis (Seldata), Miguel de Sousa (OKI) e Joaquim Paiva (Malo Clinic) partilhou as suas conclusões com a assistência. «Como navegar a onda da transformação? A palavra-chave é confiança. O primeiro a transformar-se tem de ser o CEO, é a ele que cabe dar o exemplo» concluiu Francisco Vázquez.

Seguiu-se a apresentação de dois case studies à volta de projetos de espaços corporativos realizados em Portugal pelo 3g Smart Group: Banco de Portugal (Jorge Afonseca, da 3 g Office, e Bela Correia, em representação da instituição) e WiZink (de novo com Jorge Afonseca e também Inês Medina, da empresa). Inês Medina deixou claro que «uma nova marca, novos valores e novas formas de trabalho pedem novos espaços».

Luis Miguel Garrigós, sócio e fundador de Rebrand Strategic Design, falou de emoções e valores como base de sustentação das empresas, tendo referido: «Se concretizarmos o sentido e os valores de uma organização, eles transformarão o comportamento e farão crescer a empresa. É preciso transformar a partir da identidade das empresas. Saber o que somos e com que sonhamos, partilhá-lo, empatizar e cocrear com os colaboradores é fundamental».

Na intervenção final, Francisco Vázquez, centrou-se na forma como a revolução tecnológica deu origem ao trabalho em mobilidade e como os espaços têm de adaptar-se aos trabalhadores móveis, partilhando: «O trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma ação. Isto alterou profundamente o conceito de espaço de trabalho. Saber o que querem as empresas, de que precisam as pessoas e o que nos dá a tecnologia, e a partir daí planificar como serão os espaços. É impossível mudar hábitos e culturas sem mudar o espaço. Culturalmente todos esperamos um posto de trabalho fixo, no entanto na era digital devemos esquecer a ideia de gabinete e escritório e começar a falar de espaços digitais. O novo espaço digital ocupa entre 30 e 40% menos de metros quadrados do que o espaço tradicional, com a consequente poupança em termos de gastos.»

De referir que o 3g Smart Group é um grupo internacional de empresas de serviços de consultoria, engenharia e arquitetura corporativa. Presta assessoria aos seus clientes para conseguirem vantagem competitiva através do design e da gestão dos seus espaços corporativos (consultoria de workplace, workplace innovation, smart working, gestão de projetos, gestão e otimização de espaços, melhoria da produtividade, facility management, retail services, change management, health check, coworking, 3g index, ework, top architects e corporate real estate services). Iniciou a sua atividade no ano 2000 em Espanha e em Portugal, consolidando-se como referência nos mercados ibérico e latino-americano. Nestes anos, desenvolveu mais de dois mil  projetos em mais de 25 países.