A Mercer divulgou os resultados da mais recente edição do estudo «Communicate to Thrive», que posiciona a comunicação interna como um pilar estratégico fundamental para o sucesso das organizações. A maioria dos inquiridos – 93% dos profissionais de comunicação interna e 100% dos gestores de topo de empresas a atuar no mercado português – reconhecem que a comunicação interna é valorizada nas organizações e assume um papel crucial para garantir o alinhamento com os objetivos estratégicos, aumentar o engagement e fortalecer a cultura organizacional.
No entanto, este reconhecimento não se traduz integralmente em resultados práticos ou em investimento. O estudo revela que persistem lacunas, começando pela satisfação dos colaboradores: apenas cinco em cada 10 estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a comunicação interna, apontando a insuficiência e/ ou a falta de informação como a principal causa de insatisfação. Esta insatisfação é acompanhada por um fosso ao nível do investimento. Apesar da sua importância estratégica, um em cada quatro gestores de topo admite que o nível de investimento em comunicação interna é «Baixo» ou «Muito Baixo», justificando-o com a dimensão da organização, outras prioridades e a necessidade de mais evidências sobre o seu impacto no negócio.
Outro desafio crítico reside na comunicação bilateral. Embora 68% das empresas disponham de um canal ou ferramenta de feedback, apenas 47% dos colaboradores sentem que as suas opiniões são ativamente ouvidas pela organização. Adicionalmente, o estudo sublinha a falta de intencionalidade estratégica: apesar de 71% das organizações afirmarem dispor de uma estratégia formal de comunicação interna, 35% não segmentam a comunicação e mais de metade não monitorizarem a sua eficácia.
O top 4 de temas mais relevantes para os colaboradores é composto por mudanças organizacionais, iniciativas de aprendizagem e desenvolvimento, estratégia organizacional e resultados de negócio e ainda compensação e benefícios. Neste âmbito, 41% dos colaboradores estão insatisfeitos com a comunicação sobre compensação e benefícios, algo crítico, considerando que este é um dos temas pelos quais demonstram maior interesse.
Relativamente aos canais, a preferência é clara: o e-mail continua a ser o meio preferido para receber informação por sete em cada 10 colaboradores, sendo a comunicação escrita o formato de eleição para 51%, os vídeos, as imagens e as fotografias para 27% e a comunicação oral para 23%. Mas há pouco tempo para captar a atenção, sendo que 15 minutos ou menos por dia é o tempo que oito em cada 10 colaboradores dizem dedicar à comunicação interna da sua organização.
O panorama da comunicação interna em 2025
Hoje, há maior clareza sobre esta profissão que, desde a pandemia, tem vindo a ganhar importância e visibilidade nas empresas. Observa-se que a função da comunicação interna está integrada de forma mais consolidada na área dos recursos humanos (57%), registando um aumento significativo face à edição anterior (35%). No entanto, 32% das organizações ainda mantêm esta função vinculada a áreas mais próximas da comunicação.
Atualmente, poucas empresas possuem uma equipa ou um departamento específico dedicado exclusivamente à comunicação interna. Importa destacar que 44% dos responsáveis pela comunicação interna assumem cargos de direção, o que evidencia a crescente valorização e relevância desta área.
Comparando com os resultados de 2023, os profissionais de comunicação interna sentem que a área é cada vez mais valorizada nas organizações, independentemente do sector de atuação ou do modelo de trabalho em vigor. Esta perceção é ainda mais vincada em empresas de maior dimensão, onde a existência de orçamento alocado à área e de um profissional dedicado integralmente à comunicação interna é mais comum.
A grande maioria dos profissionais confirma a existência de uma estratégia de comunicação interna definida, além de alinhamento com a comunicação externa – uma abordagem que potencia esforços e amplifica o impacto. Comparativamente à edição anterior, observa-se um caminho de evolução bastante positivo, com um aumento significativo da percentagem de profissionais que confirmam a existência de alinhamento entre a comunicação interna e externa (35 pontos percentuais).
O estudo «Communicate to Thrive» conclui, assim, que a comunicação interna é um pilar estratégico fundamental para o sucesso das organizações, especialmente num contexto de transformação contínua. A valorização da área pela gestão de topo é clara, assim como o reconhecimento do seu impacto no alinhamento dos colaboradores, na cultura organizacional e no engagement. Embora a área continue a ganhar importância nas empresas e existam avanços claros na sua profissionalização e na maturidade desde 2023, ainda há um caminho significativo a percorrer.
Mariana Blanc, principal para Change Management & Communication Strategy da Mercer Portugal, explica: «Mais do que nunca, precisamos do envolvimento dos líderes e de uma comunicação transparente, capaz de gerar confiança e foco no dia-a-dia dos colaboradores. Em organizações cada vez mais complexas e híbridas, a forma como os líderes comunicam é crítica para trazer a estabilidade e a clareza necessárias ao negócio e, sobretudo, às pessoas, permitindo que saibam o que é esperado delas, como podem contribuir e evoluir, e que consigam criar relações próximas e de confiança, em ambientes seguros onde todos têm voz ativa.»
O estudo
A edição de 2025 do estudo «Communicate to Thrive» inquiriu, entre maio e junho de 2025, 126 colaboradores, 77 profissionais de comunicação interna e 16 gestores de topo de 107 empresas com operação em Portugal, abrangendo 14 sectores, 63% das quais multinacionais. Do total das organizações inquiridas, a maioria tem entre 1.000 e 4.999 colaboradores (27%). Quanto ao perfil dos colaboradores, 49% dos inquiridos pertence à Geração X, 27% aos Millennials, 17% à Geração Z e 7% aos Baby Boomers. Em termos de antiguidade na empresa, 47% estão há 10 ou mais anos, 22% entre um e três anos, 19% entre quatro e nove anos e 12% há menos de um ano.
A Mercer
A Mercer acredita na construção de futuros mais brilhantes através da redefinição do mundo do trabalho, da melhoria dos resultados em pensões e investimento e da promoção da saúde e bem-estar das pessoas. Tem aproximadamente 25.000 colaboradores em 43 países e opera em 130 países. É uma subsidiária da Marsh McLennan, empresa com destaque global em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas, com mais de 85.000 colaboradores em todo o mundo e com receitas anuais de mais de 20 mil milhões de dólares. Esta empresa ajuda os seus clientes a navegar num ambiente cada vez mais dinâmico e complexo através de quatro empresas: a própria Mercer, a Marsh, a Guy Carpenter e a Oliver Wyman.
