A Dom Quixote reedita, no âmbito da comemoração dos 60 anos da sua fundação, «Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro», da jornalista Cândida Pinto, no dia em que a editora dinamarquesa faria 85 anos: 7 de outubro. A nova edição, de capa dura, tem posfácio assinado por Rebecca Abecassis, a filha mais nova de Snu.
Texto: Redação «human» Imagem: DR
A propósito desta iniciativa da Dom Quixote Rebecca Abecassis escreve: «A elaboração deste livro começou, na verdade, há 30 anos, com uma história que julgo ser relevante partilhar… Passaram 20 anos desde que, pela primeira vez, decidimos partilhar as histórias e os momentos que marcaram a curta vida de Snu. O documentário e este livro nasceram dessa decisão. Hoje, reconheço que os dois trabalhos da Cândida são uma verdadeira homenagem à minha mãe. Este livro, em particular, será para os meus filhos, sobrinhos e futuros descendentes um documento fundamental para compreenderem quem foi Snu Abecassis e o que tentou fazer para tornar Portugal num país melhor. É, para mim, uma honra participar nesta sétima edição, publicada para assinalar os 60 anos da editora que a minha mãe fundou – a Dom Quixote.»
A «Princesa que veio do frio», como se referiam a ela, era uma mulher obstinada, forte e cheia de vida. Nas Publicações Dom Quixote desenvolveu uma linha editorial que não se cansava de enfrentar o regime com os seus famosos cadernos. Quis o destino que as vidas de Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro se cruzassem, para nunca mais voltarem a ser iguais. A sua grande paixão desafiou todas as leis do Estado Novo, em especial a Igreja. Por ele, Snu pediu o divórcio, o que era um escândalo na época. Por Snu, Sá Carneiro abandonou um casamento ultra conservador (não conseguindo nunca o divórcio). Contra tudo e contra todos, assumiram uma união de facto, muito mal vista na época, e comportavam-se como marido e mulher. Mesmo sabendo que a sua carreira política poderia ficar ameaçada, Sá Carneiro não desarmou nunca, chegando a dizer inclusive em 1977 que «se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo».
Este livro vai fazer reviver uma das mais emocionantes histórias de amor já vividas em Portugal, uma história inspiradora interrompida apenas pelo trágico acidente/ atentado de Camarate, onde ambos perderam a vida. Revivendo a história de Snu e Sá Carneiro o leitor terá ainda a oportunidade de viajar por alguns dos capítulos mais importantes da história da democracia em Portugal, nos quais Sá Carneiro era um dos protagonistas.
Jornalista de rádio e televisão, a autora, Cândida Pinto, nasceu em 1964, em Torres Vedras. Estudou Comunicação Social no Instituto de Ciências Sociais e Políticas. A 17 de Setembro de 2001, passou a dirigir a SIC Notícias e, posteriormente foi diretora adjunta do Expresso. Fez parte do grupo fundador da SIC e é agora a correspondente da RTP em Washington. Esteve em reportagem em diversos países: Afeganistão, Iraque, Kosovo, Timor-Leste, Geórgia, Líbia, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Haiti. A grande reportagem «Snu» valeu-lhe o Prémio Gazeta em 2005.