Gustavo Mendes, CEO da GSTEP

Um recurso escasso e muito procurado

Na liderança de uma consultora tecnológica onde o foco no capital humano é notório, Gustavo Mendes partilha a sua visão do negócio e a forma como gerem o potencial tecnológico e o potencial humano em tempos tão desafiantes como os que vivemos. E diz a certa altura: «O nosso desafio é que as nossas pessoas trabalham em tecnologia, e como tal são um recurso escasso e muito procurado.»

Texto: Redação «human» Foto: DR

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Quais são os principais desafios da GSTEP, ligados a inovação e tecnologia?

A GSTEP, como empresa de consultoria em tecnologia, tem que permanentemente inovar e perceber como a tecnologia pode contribuir para a criação de valor para os seus clientes. A melhor forma de o conseguir é começar por usar tal tecnologia internamente e adotá-la para os seus processos, que temos feito. A título de exemplo, temos promovido internamente a utilização da tecnologia de Generative AI entre os nossos colaboradores, que todos os dias a usam para melhorarem a sua produtividade individual e consequentemente prestarem um melhor serviço aos nossos clientes. Fazê-lo num ambiente controlado, seguindo as melhores práticas de ética, responsabilidade, com uma governança robusta é um desafio que implica revisão de processos, sistemas, políticas e comportamentos. O repentino interesse neste tipo de novas tecnologias, em particular a inteligência artificial (IA), constitui uma oportunidade enorme para a GSTEP pois só há inteligência se a base dessa inteligência forem dados com qualidade, propriamente classificados e categorizados, disponíveis para quem deles precisa, geridos e controlados. Muitas organizações estão atrasadas a ter os dados como o centro de geração do seu valor, e por isso, para além de desafios, também temos muitas oportunidades.

Como integram esses desafios com a vossa estratégia de recursos humanos?

Respondemos a esses desafios com formação e com recrutamento de talento saído das melhores universidades do país, que direcionamos para trabalharem em novas áreas de competência e trazerem novas ideias para criarmos novas ofertas de consultoria. Combinando essa disponibilidade e vontade para fazer coisas novas e de maneira diferente com os desafios que os nossos clientes/ parceiros todos os dias têm para resolver, tem sido uma plataforma excelente de inovação e crescimento.

Que tipo de pessoas e de competências procuram para a GSTEP?

A nossa principal base para o recrutamento são as melhores faculdades do país de tecnologia e informática, engenharia e gestão industrial, matemática e gestão, onde se continua a produzir muita competência e conhecimento em jovens cheios de vontade e de energia. As competências que procuramos são as que nos permitem oferecer as múltiplas valências necessárias à prestação dos nossos serviços, nomeadamente para manipulação de quantidades enormes de dados, matemática, estatística e probabilidades, machine learning e deep learning, computer vision, entre outras, preferencialmente combinando estas valências com a capacidade de perceção onde se gera valor numa organização, num processo, num serviço ou num produto. Procuramos também pessoas que queiram colaborar connosco fazendo em cada momento o seu melhor, procurando a excelência – só assim vale a pena.

«As competências que procuramos são as que nos permitem oferecer as múltiplas valências necessárias à prestação dos nossos serviços, nomeadamente para manipulação de quantidades enormes de dados, matemática, estatística e probabilidades, machine learning e deep learning, computer vision, entre outras, preferencialmente combinando estas valências com a capacidade de perceção onde se gera valor numa organização, num processo, num serviço ou num produto.»

Como caracteriza, grosso modo, os tipos de perfis de pessoas que têm na empresa?

A maioria da nossa estrutura é composta por jovens talentosos, que gostam de trabalhar em consultoria de tecnologia. No entanto, a camada de gestão tem um papel fundamental na organização na manutenção da nossa identidade e cultura.

Como olha para o vosso desafio na gestão do capital humano, tendo em conta estas duas vertentes, tecnologia e pessoas?

O nosso desafio é que as nossas pessoas trabalham em tecnologia, e como tal são um recurso escasso e muito procurado. A pressão dos clientes de manter baixos os custos, combinada com a pressão competitiva do mercado do trabalho que neste sector de atividade é global, pode ter como consequência que algum do melhor talento nacional emigre (eventualmente até fisicamente a partir de Portugal) à procura de ser ressarcido melhor pela sua capacidade, formação e disponibilidade.

Curiosamente, em sentido inverso àquele que assistíamos imediatamente no pós-pandemia, os jovens saídos das faculdades querem estar na empresa, partilhar um escritório e aprenderem com a pessoa fisicamente à sua frente, viver uma cultura, perceberem a identidade da empresa, muito ligada ao seu propósito, à sua missão e visão, portanto, em sentido contrário, é maior o desafio de voltar a ter espaço para sentar todos no escritório e proporcionar boas condições de trabalho e salas de reuniões suficientes, num cenário em que estamos a crescer significativamente.

«O mais importante é a necessidade de reafirmar ou encontrar novos modelos de sociedade, fortalecer os princípios e fundamentos da cidadania, de organização coletiva, de colaboração entre pessoas, entre povos, porque os tempos vão ser diferentes e não está a haver a capacidade de rever estas dimensões à velocidade que a tecnologia está a aparecer e que as pessoas estão a adotá-la.»

Em que medida o negócio da GSTEP assenta na tecnologia? E nas pessoas?

A GSTEP presta serviços com pessoas que entregam tecnologia ao serviço dos seus clientes. Portanto, ambas as coisas têm de ser combinadas ao segundo para fazer resultar o negócio da empresa. É esse o desafio diário da gestão da empresa.

Podemos dizer que estas são as duas vertentes mais importantes para a generalidade das empresas, no tempo que vivemos e no que perspetivamos para o futuro?

Não creio que seja diferente do passado, onde a inovação da tecnologia sempre resultou numa adaptação das pessoas para conviverem de outra forma, organizarem-se de outra forma, fazerem outras coisas, divertirem-se com outras coisas, terem mais saúde e mais qualidade de vida até ao seu fim. Portanto, mais importante do que estas duas dimensões é a necessidade de reafirmar ou encontrar novos modelos de sociedade, fortalecer os princípios e fundamentos da cidadania, de organização coletiva, de colaboração entre pessoas, entre povos, porque os tempos vão ser diferentes e não está a haver a capacidade de rever estas dimensões à velocidade que a tecnologia está a aparecer e que as pessoas estão a adotá-la. As empresas são uma parte importante da implementação desse novo desenho de sociedade, como meio para a produção do mesmo e como agente na produção de riqueza.

Há algum aspeto adicional que queira referir?

A proposta dos fabricantes de tecnologia de que cada empregado de uma organização, cada cidadão do mundo (nos países que não o restringem) vai ter o seu ou os seus assistentes virtuais, no computador, no telemóvel, de forma agora mais democrática, terá um impacto incomensurável na nossa forma de viver a vida pessoal e profissional, muito rapidamente – a evolução nunca mais vai voltar a ser tão lenta como foi hoje. As variáveis que vão mudar são imensas e os seus intrincados impactos são incalculáveis, pelo que os equilíbrios vão fazer-se em patamares muito diferentes dos que agora possamos imaginar. É, por isso, muito importante promover uma utilização responsável da tecnologia a cada colaborador de cada empresa, porque só por aí é que será possível criar os equilíbrios que suportarão uma civilização justa para todos.

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»» Gustavo Mendes é chief executive officer (CEO) da GSTEP desde o início de 2023. Com quase 30 anos de experiência no sector das tecnologias de informação (TI), é licenciado em Gestão pelo ISEG e tem um MBA pela Universidade Católica, sendo que o seu currículo inclui vastas competências no desenvolvimento de programas de transformação digital para clientes de várias indústrias, em diferentes continentes.

Fundada em 2012, a GSTEP é uma empresa especialista nas áreas de Data Engineering & Data Visualization, Data Strategy and Architecture, AI and Analytics, Data-driven Automation, Enterprise Performance Management e ESG Reporting, com elevado know-how nas tecnologias líderes. Constituída por uma equipa sénior, com várias dezenas de técnicos certificados nas mais variadas tecnologias, é uma referência nos mercados da Europa Ocidental, do Médio Oriente e de África.

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