Semana de cinco ou quatro dias de trabalho

Onde estamos errando?

Como podem as empresas combater a perda de eficiência, dado que iremos trabalhar menos? Vamos cortar salários proporcionalmente? Do outro lado, vemos trabalhadores apontando a importância de mais horas livres para assuntos não laborais, para aí sim reduzir o absentismo. O debate parece não terminar.

Texto: Andre Bocater/ Maycol Mello Fotos: DR

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Temos visto inúmeras discussões sobre vantagens e desvantagens, parte legal, com ou sem redução da remuneração proporcional. É um tema que está mesmo quente.

Vamos a um resumo do que se vai lendo e escutando…

Os debatedores mundo afora estão a discutir o impacto da redução de oito horas trabalhadas semanalmente. Como podem as empresas combater a perda de eficiência, dado que iremos trabalhar menos? Vamos cortar salários proporcionalmente? Do outro lado, vemos trabalhadores apontando a importância de mais horas livres para assuntos não laborais, para aí sim reduzir o absenteísmo.

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Vantagens da semana com quatro dias trabalhados

Maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, redução nos custos operacionais, como eletricidade e aquecimento de escritórios e possibilidade de desfrutar de mais tempo para lazer e para tratar de assuntos pessoais.

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Desvantagens da semana com quatro dias trabalhados

Menos tempo para concluir tarefas, custo de coordenação alto (como organizar as agendas dos funcionários) e uma possível diminuição da satisfação do cliente.

Mas na realidade temos a certeza de que estamos colocando a nossa energia e o nosso tempo no lugar errado? Não deveria a discussão passar de produção por horas e sim sobre o atingimento de resultados. Está a ser entregue o resultado esperado? Os clientes estão felizes? Cada um de nós está feliz colaborando com a sua equipa? Estamos nos auto-organizando para chegar ao resultado combinado? Estas são as perguntas que deveriam ser respondidas. Procurem perceber: em nenhum momento, a discussão passou por quantidades de horas trabalhadas.

E porquê? Porque estamos errando na prerrogativa, não somos máquinas ou recursos medidos por horas; não se pode medir uma obra de arte em centímetros ou metros, como diria o nosso amigo Rodrigo Toledo. Nós, trabalhadores do conhecimento, trabalhamos 24 hora por dia. Então, enquanto a discussão estiver presa nas horas trabalhadas, jamais chegaremos a um resultado correto. É preciso parar de tratar as pessoas como recursos.

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Extrair o melhor dessa flexibilização e chegar à semana de quatro dias

Uma vez entendido que a discussão do trabalho deve basear-se em resultados, conforme referimos, precisamos de deixar algumas dicas sobre como devemos lidar com esta mudança nas organizações.

Dica #1: Priorização

Considerando que não conseguiremos fazer tudo ao mesmo tempo e um cenário onde tudo é prioridade, precisamos de criar métodos para organizar as nossas atividades pelo impacto no resultado. Com isso, destacamos duas maneiras de priorizar, quando se trata de temas técnicos, conforme descrito no artigo «Como priorizar o backlog de um projeto de dados?» (ver aqui), e outra quando se trata de temas processuais, como no artigo «Priorização no recrutamento e seleção via grito do gestor? Nunca mais!» (ver aqui).

Dica #2: Fatiar

Reduzir o tamanho do trabalho tendo em vista simplificar e acelerar a entrega de resultado é uma tarefa super importante de cada profissional. Em geral, temos o pensamento de que é necessário pensar no trabalho todo para garantir a entrega de resultado. Este pensamento pode trair-nos e levar ao BDUF (BDUF é um acrónimo, Big Design Up Front, usado para indicar que todo o desenho da solução é feito antes da execução. Isso é algo bem típico no modelo tradicional de desenvolvimento de software, onde há explicitamente uma etapa de análise de toda a solução que antecede a etapa de implementação. Assim, no final das contas, BDUF é a arte das coisas que não deveriam ser feitas.

Então, para resolver este problema é importante buscar a fatia mais importante do problema mais importante a ser resolvido. Para isso, destacamos dois artigos que poderão te auxiliar nesta tarefa: «Simplificando o backlog: em busca da fatia perfeita» (ver aqui) e, para os assuntos mais técnicos, «As incríveis técnicas para fatiar a entrega do seu software» (ver aqui).

Dica #3: Limitar o trabalho em curso

Assim como nas dicas anteriores, entender que existe um limite de capacidade, e que não conseguiremos fazer concluir tudo no prazo desejado, faz toda diferença. Com isso podemos entender que quanto mais trabalho temos em paralelo, menos eficientes seremos, pois cada item individualmente demorará muito mais tempo para ser entregue. Há inclusive uma prova matemática (Lei de Little) que apresentamos nos treinos de Kanban e métricas ágeis, que destacamos no artigo «5 formas sistémicas de reduzir o seu time to market (lead time)» (ver aqui).

Limitar a quantidade de itens que estão sendo trabalhados em paralelo favorece seu time a parar de começar e começar a terminar, promove a movimentação dos membros em outras etapas do fluxo de valor e ajuda a dar transparência e proteção ao gargalo do processo.

Dica #4: Gestão do trabalho e não do trabalhador

O papel de quem gere mudou completamente. A gestão tradicional, baseada na cultura de comando e controlo, está perdendo espaço rapidamente. Este líder, com foco na gestão diária em definir o que e como fazer, está dando lugar ao líder servidor. Por isso, ter formas que ajude a equipa a priorizar corretamente o trabalho, visando maior valor de negócio com entregas em ciclos curtos; criar um sistema de colaboração e feedbacks constantes e honestos e contribuir para uma cultura de melhoria contínua é fundamental.

Para tal, é necessário ter uma gestão baseada em transparência e visibilidade do trabalho em andamento para identificação de gargalos, bloqueios, dependências, resultados atingidos e a atingir. Com Flight Levels é possível obter este tipo de gestão facilmente, conforme destacamos no artigo «Como Flight Levels ajuda a alcançar os objetivos de negócio» (ver aqui).

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Se quiser saber mais sobre como aplicar essas técnicas, conte connosco. Temos alguns cases de sucesso que apresentam esses resultados da nossa atuação na aplicação de alguns destes métodos. Podem ser conhecidos aqui.

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»»»» Andre Bocater é sócio da K21; Maycol Mello é agile expert

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