Inclusão de pessoas com dificuldade intelectual e do desenvolvimento

O SEMEAR tem como missão criar programas sustentáveis que promovam o emprego para pessoas com deficiência, formando, capacitando e integrando no mercado de trabalho. Através de uma metodologia diferenciadora, pretende criar uma cultura de inclusão, apoiando esta população, as suas famílias, o Estado, empresas e sociedade civil na transformação de mentalidades em Portugal. já integrou 57 pessoas com DID – Dificuldade Intelectual e do Desenvolvimento no mercado de trabalho numa rede de 27 empresas parceiras. Embora não existam números recentes em Portugal sobre a inclusão desta população no mercado de trabalho, estima-se que a taxa de desemprego é seis vezes superior à faixa de desempregados na Europa e em Portugal.

O SEMEAR é uma organização sem fins lucrativos que visa a plena inclusão de jovens e adultos com DID, através da sua formação e da integração socioprofissional. Os desafios do contexto laboral nacional e as consequentes barreiras e lacunas na integração profissional de pessoas com DID conduziram à criação da Academia SEMEAR, onde implementa um modelo único de formação certificada, que passa por uma aprendizagem continuada e prática, apoiando empresas e escolas parceiras do SEMEAR rumo a uma jornada de inclusão mais eficaz

Composta por uma equipa multidisciplinar e inclusiva de mais de 50 pessoas, o SEMEAR procura dotar as famílias, as empresas, as entidades públicas, agentes educativos e a sociedade civil de competências para a inclusão de pessoas com deficiência, como um propósito e um benefício comum.

Este modelo diferenciador assegurou a inclusão de 57 pessoas no mercado de trabalho numa rede de 27 empresas parceiras, registando uma taxa de retenção na ordem dos 90%. No último ano, o número de formandos na Academia SEMEAR aumentou 15%, o que significou ter 99 jovens a receber formação e capacitação rumo ao mercado de trabalho. Apoiando ativamente as entidades empregadoras para receber estes jovens, a rede de empresas parceiras do SEMEAR tem registado um crescimento. Contudo a organização apela para que mais empresas se juntem a este movimento que promove a inclusão e um futuro a pessoas com DID.

Joana Santiago, presidente do SEMEAR, assinala: «Embora sintamos uma mudança, certo é que há ainda muito a fazer para que as pessoas com deficiência representem um grande e importante contributo para o desenvolvimento económico do país. Temos a convicção e sabemos das suas imensas potencialidades e, por isso, concebemos um programa pioneiro e individualizado, assente no desenvolvimento de competências pessoais, sociais e técnicas que lhes garanta o emprego, acompanhando o seu percurso, bem como apoiando a empresa para uma inclusão bem-sucedida.»

O modelo do SEMEAR conta com uma duração mínima de 2 a 3 anos, através de formações teórico-práticas, criação de uma figura-sombra, bem como um método de aproximação gradual ao contexto real de trabalho, beneficiando a confiança do formando e preparação da empresa que o acolhe. O modelo do programa do SEMEAR impacta também o alcance e/ ou manutenção das quotas de emprego que hoje o mercado o obriga, sendo um elo de colaboração com as empresas neste novo paradigma.

Com cinco áreas de formação e integração socioprofissional, a Academia SEMEAR atua nas áreas Agroalimentar (armazenagem, indústria, logística e agricultura), HoReCA (hotéis, restaurantes e cafés), Artes e Ofícios (cerâmica e olaria) e ainda Administrativa.

Para além da academia, no coração da sua atividade, o SEMEAR conta com unidades de produção agrícola biológica – a TERRA – a mercearia gourmet, a cerâmica e, na restauração, com o Restaurante ÚNICO situado no CCB – Centro Cultural de Belém. Note-se ainda que 25% dos colaboradores da organização têm DID, contribuindo para ser um laboratório vivo dos desafios da integração e inclusão.

Em 2022, o SEMEAR transformou a produção destas unidades em impacto social e ambiental, contribuindo também para a mudança do paradigma face às capacidades das pessoas com deficiência. Ao longo dos últimos anos, foram vendidos mais de 100.000 produtos da mercearia e cerca de 2.600 peças de cerâmica, e anualmente são produzidos mais de 20 toneladas de produtos hortícolas biológicos que foram não só vendidos ao consumidor final e a restaurantes como parte deles foram doados a famílias carenciadas.

Ao nível de serviços, o SEMEAR conta com consultadoria e formação para empresas integrarem pessoas com DID, bem como eventos, ações de voluntariado e team building. As iniciativas e os negócios sociais permitem um acompanhamento continuado e prático na jornada de inclusão das pessoas com DID, possibilitando a criação de empregos diretos e indiretos e uma participação ativa na sociedade, sempre com o SEMEAR a seu lado.

O futuro da atividade do SEMEAR é uma estrada de dois sentidos: atualmente com uma metodologia acreditada e certificada por múltiplas entidades, a Academia SEMEAR assegura «um modelo de formação de excelência e o objetivo central é que seja replicável e democratizado na sociedade portuguesa», refere ainda Joana Santiago, acrescentando: «A academia é, cada vez mais, um espaço aberto às comunidades e inclusivo, garantido que as pessoas com deficiência participem ativamente na vida social, económica e cultural da sociedade.  No outro sentido desta estrada, procuramos empresas e instituições que os acolham para, em conjunto, construir uma sociedade mais justa e plural, que reconhece e valoriza a contribuição de todos os seus membros no progresso da mesma.»

O SEMEAR responde a um conjunto relevante dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, nomeadamente: Educação e qualidade (Objetivo 4), Trabalho digno e crescimento económico (Objetivo 8), Reduzir as desigualdades (Objetivo 10), Cidades e comunidades sustentáveis (Objetivo 11) e Produção e consumo sustentáveis (Objetivo 12). Crescendo de forma gradual para dar as respostas sólidas a este contexto e com os parceiros-chave públicos e privados, hoje conta com unidades em Lisboa, Oeiras e Sintra, uma academia e três negócios sociais. Mais do que uma instituição e com o emprego no centro da sua atividade, é um programa integrado que agrega à formação unidades de produção onde as pessoas com DID participam nos produtos, demonstrando as suas competências e a participação económica no país, sendo por si só geradores de mudança de mentalidades na sociedade portuguesa.

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