Empresas globais nunca foram tão globais

A área tech sempre teve facilidade em expandir territórios e romper barreiras (física e metaforicamente), mas é inegável que os confinamentos obrigatórios, devido à Covid-19, impulsionaram as empresas a reorganizarem os seus formatos de gestão de trabalho ainda mais, em função da fluidez geográfica. O resultado, todos sabemos, foi a ampla adesão ao teletrabalho.

Texto: Clara Vasconcelos Foto: DR

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Não ser preciso estar fisicamente no escritório trouxe incontáveis vantagens, mas também alguns desafios. Ganhamos o tempo que gastávamos em deslocação, conseguimos adequar as condições de trabalho àquelas que nos pareçam ideais, alimentamo-nos melhor, temos mais capacidade de foco e de concentração.

Como product manager percebo que as reuniões, agora on-line, se tornaram mais enxutas e objetivas, e as ferramentas de comunicação, por texto, melhor exploradas. Essas, entre outras, ilustram as facilidades do teletrabalho. Mas e as dificuldades?

Como team lead faço parte de uma equipa composta por um tech lead, um developer front end e uma tester, portugueses que vivem em Portugal, uma designer UX/UI brasileira que vive em Portugal e dois developers back end, um full stack e um front end, brasileiros que vivem no Brasil. Quanto a mim, sou brasileira e vivo entre Portugal, Grécia e Brasil. Senti a necessidade de esclarecer não só os países de origem, mas também os de residência, porque neste ponto os contextos culturais são de extrema relevância.

Essa diversidade na equipa começou por ser um desafio, mas depois tornou-se justamente a nossa maior força. O que procuro fazer é integrar a equipa, reforçando exatamente o que conspira a nosso favor: somos diversos e únicos nas nossas habilidades.

No primeiro momento, a palavra de ordem era «sintonia». Precisávamos de garantir que havia entendimento claro sobre as nossas intenções, dúvidas e receios. Muitas vezes, as tarefas do ponto de vista técnico são fáceis de perceber, mas outros aspetos da comunicação, como os feedbacks, por exemplo, passam por uma espécie de tradução que pode confundir o emissor e o recetor. Para isso, o que priorizo é o acesso direto e facilitado entre todos na equipa.

Temos, todos os dias pela manhã, como parte de rotina de gestão ágil de produtos, as nossas reuniões diárias, nas quais trazemos, de maneira objetiva, as tarefas do dia e o que estivemos a realizar no dia anterior, além de possíveis bloqueios, de maneira que eu possa articular alternativas para manter a fluidez do desenvolvimento.

 No final da sexta-feira, temos a nossa reunião de balanço, na qual citamos brevemente como correram as nossas tarefas da semana e quais são as expectativas para a semana seguinte. Aqui também mencionamos o que temos planeado para o final de semana fora do trabalho. A ideia é desenvolver na equipa um senso de união. É estarmos todos na mesma página e sentirmos abertura para uma comunicação sem subentendidos e sem barreiras.

Por fim, periodicamente realizo com cada um meetings individuais, nas quais transmito feedback e recolho sugestões, observações e dúvidas no geral.

A segunda palavra de ordem e aquela com a qual convivemos agora é «sincronia». Somente uma equipa em sintonia e coesa consegue garantir sincronicidade entre tarefas, orientações, auxílios ou antecipações.

Temos uma boa sincronia porque estamos em sintonia, e isso independe de onde estamos geograficamente ou do contexto cultural no qual estamos inseridos. Não é uma tarefa fácil, é desafiadora e contínua, que depende do envolvimento de todos, mas é muito recompensadora.

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»»»» Clara Vasconcelos é team lead and product manager na Digital Banking Solutions, empresa que tem como ambição impactar o desenvolvimento da banca digital, com foco na experiência do consumidor.