Desde Herbert Simon que sabemos da limitada racionalidade do ser humano. Toda uma tradição de investigação nos processos de tomada de decisão tem demonstrado que operamos com arquétipos, modelos, quadros conceptuais. Não tendo capacidade de processar toda a informação, criamos e operamos com mapas, tomamos decisões rápidas ou lentas, processamos algoritmicamente ou de forma heurística, em função da «natureza» e do enquadramento da situação a superar ou do problema a resolver.
Texto: João Franco Foto: DR
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As últimas décadas e o overload de informação em que estamos mergulhados têm também demonstrado que informação não é poder. Primeiro, porque não temos capacidade de a processar toda; segundo, porque nem sempre temos o conhecimento necessário para a qualificar, validar e exercer sobre ela uma análise crítica que assegure a sua veracidade e/ ou pertinência. Informação é matéria-prima, conhecimento sim, é poder, ou pode ser. E conhecimento exige análise, sentido crítico, capacidade de resolver problemas complexos. Decidir bem e agir melhor, transformam conhecimento em competências e em desempenho.
Há algum tempo, em conversa com o dean de uma universidade portuguesa de renome, escutámos a sua preocupação com um facto: «tudo aquilo que ensinarmos hoje, estará ultrapassado daqui a 10 anos». Como ensinar, então?
Acreditamos que a chave está em aprender e ensinar, a pensar, decidir e agir. É relevante que as competências core nas organizações hodiernas sejam, adicionalmente às competências sociais, pensamento crítico, capacidade analítica, resolução de problemas complexos. Mais do que ensinar factos, hoje a formação de executivos centra-se, portanto, em treinar o executivo para pensar, decidir e agir.
Fundamentalmente, aquilo que fazemos em formação de executivos é propor um GPS mental que se materializa em representações gráficas, mind maps, árvores de grafos ou quaisquer outros conteúdos de design gráfico e texto que modelem a realidade e a simplifiquem. O GPS é construído a partir do conhecimento acumulado, sendo customizado e reformatado num processo de adequação dos seus princípios básicos (forma e conteúdos) à realidade de cada ambiente organizacional específico.
Recentemente, numa ação com jovens e promissores executivos que estavam em fase de transição para funções de management, foi referida por um dos participantes a utilidade e desafiante ação de fazer o exercício de percorrer um interminável vaivém, entre a simplicidade dos modelos e a complexidade da realidade. Os modelos são representações simplificadas da realidade, como os GPS’s dos nossos carros, mas são eles que nos servem de orientação e de suporte à navegação quando sabemos para aonde queremos ir, mas quando o caminho nem sempre se configura claro, ou evidente.
Numa visão estruturalista (Anthony Giddens), convidamos os executivos a identificarem recursos e regras do(s) ambiente(s) onde operam para desenharem o GPS que representa o seu «território». Depois, damos ferramentas de análise crítica e pensamento heurístico e analítico para que pilotem a sua navegação.
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»»»» João Franco é executive director da NBCC Academy. Esta instituição foi criada com a missão de formar profissionais e desenvolver competências no âmbito das suas atividades que envolvem a utilização de ferramentas IT (tecnologias de informação), assim como, de forma mais transversal, capacitar pessoas e profissionais para incrementar os seus níveis de conhecimento e competências nas mais diversas ações que desenvolvem em contexto organizacional. A NBCC Academy desenvolve a sua atividade em consultoria e formação, tanto nas áreas mais técnicas (hard skills) como nas dimensões mais comportamentais (soft skills).