Tendências de executive search (2023-25)

Diversas circunstâncias trazem oportunidades e desafios para o negócio do executive search, sendo uma incógnita se o saldo será mais positivo ou negativo. Se a tecnologia veio flexibilizar a prestação do trabalho e se a grande dinâmica no mercado veio trazer novas oportunidades, os desafios económicos – particularmente a inflação – poderão fazer cair os índices de confiança do consumidor, reduzindo o consumo e, consequentemente, abrandando a economia.

Texto: Pedro Branco

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A forma como o trabalho é prestado continua a mudar; a relação negocial entre organizações e candidatos, nomeadamente executivos, também.

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Envelhecimento da população e falta de mão-de-obra

A Europa – verdadeiramente o «velho continente» – apresenta preocupantes taxas de envelhecimento da população. Países como Itália, Alemanha e Portugal apresentam as idades médias mais elevadas, não só da Europa, mas do mundo (só o Japão está pior); os indicadores indiciam que o problema se irá adensar.

A Europa terá, inevitavelmente, de abrir as suas fronteiras de forma estratégica. Portugal, para atrair quadros qualificados, já desenvolveu vistos específicos e simplificados: como o «Tech Visa», o visto para nómadas digitais, ou o visto de procura de emprego.

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Pandemia e guerra na Europa

Se a pandemia SARS-Cov2 não teve o impacto económico que se esperava, a guerra na Ucrânia acabou por ser mais impactante, particularmente aliada à crise das matérias-primas e dos componentes. A inflação atinge valores recorde, de 10% em Portugal, com previsão de a economia a crescer 0,7% em 2023 – prevê-se que a média na União Europeia seja de 0,3%. Os índices de confiança do consumidor irão cair, abrandando a economia.

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Recordes na mudança de emprego

Em 2021 foram batidos recordes de mudança de emprego e em 2022 uma percentagem muito significativa dos trabalhadores continua aberta a novas oportunidades. A taxa de desemprego em Portugal manteve-se abaixo dos 6%, em 2022, afetando maioritariamente os jovens e alguns profissionais mais desalinhados com o mercado.

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Portanto…

… todas estas circunstâncias trazem oportunidades e desafios para o negócio do executive search, sendo uma incógnita se o saldo será mais positivo ou negativo. Se a tecnologia veio flexibilizar a prestação do trabalho e se a grande dinâmica no mercado veio trazer novas oportunidades, os desafios económicos – particularmente a inflação – poderão fazer cair os índices de confiança do consumidor, reduzindo o consumo e, consequentemente, abrandando a economia.

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Cinco tendências de executive search para 2023-25

Podemos não saber como se vai comportar a economia (impactos e duração), mas há algumas tendências inequívocas que vão moldar o trabalho e, consequentemente, o executive search:

1. Flexibilidade na prestação do trabalho – Passa a ser um requisito obrigatório; a generalidade dos candidatos executivos não abdica dela. Para além da atração, será determinante na fidelização do talento. Por exemplo, poder trabalhar quatro dias, de forma híbrida ou remota e por objetivos, terá impacto nas decisões dos executivos.

2. Tecnologia – Terá uma disseminação e importância cada vez maiores; inevitavelmente, profissionais que não a dominem verão o seu mercado encolher. Não obstante terem de saber avaliar essas competências, as consultoras de executive search terão também de as possuir, numa ótica de execução de processos cada vez mais digitais.

3. Aversão ao risco – Apesar do crescimento das equipas internas de recrutamento, apoiadas em tecnologia cada vez mais robusta, as melhores organizações continuarão a confiar nas competentes consultoras especializadas no segmento executivo; pois o impacto no negócio é por demais significativo.

4. Mais mulheres – A percentagem de estudantes homens no ensino superior continua a descer em todo o mundo (46% em Portugal, em 2022, havendo países onde é inferior a 40%), impactando gradual e positivamente o número de mulheres no segmento executivo.

5. Experiência do candidato – Será cada vez mais determinante na sua decisão em aceitar um novo desafio. No exigente segmento executivo, a experiência estender-se-á à relação com a consultora de executive search e terá um impacto – mesmo que inconscientemente – na decisão.

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»»»» Pedro Branco é chief executive officer (CEO) da Header.