Guilherme Monteiro Ferreira, da GSK
«Criamos todas as condições para o talento prosperar.»

O diretor de acesso ao mercado e assuntos externos da GSK em Portugal fala dos desafios desta biofarmacêutica global, destacando que o principal é garantir que as pessoas têm acesso aos medicamentos e às vacinas que disponibiliza. Considerada uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal, a GSK procura, «essencialmente, pessoas com capacidade de visão e espírito crítico, que saibam trabalhar em equipa e que estejam motivadas para ajudar a unir ciência, talento e tecnologia», salienta Guilherme Monteiro Ferreira.

Texto: Redação «human» Foto: DeF

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Quais são os principais desafios da GSK?

Antes de responder à questão, permita-me enquadrar quem somos e o que fazemos. Somos uma biofarmacêutica de inovação, focada exclusivamente em ativos biofarmacêuticos, que investimos em I&D [Investigação & Desenvolvimento] de vacinas e medicamentos inovadores, para dar resposta aos maiores desafios globais de saúde pública. A nossa estratégia de I&D centra-se no conhecimento científico do sistema imunitário, genética humana e tecnologia avançada, priorizando quatro áreas terapêuticas principais (Doenças Infeciosas, VIH, Oncologia e Imunologia/ Doenças Respiratórias) e novas oportunidades para impactar a saúde em grande escala. 

Ao unir ciência, talento e tecnologia, acreditamos que vamos conseguir impactar positivamente a vida de mais de 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo.

A inovação é uma das nossas prioridades. Em 2021, investimos 5,3 mil milhões de libras em I&D para descobrir novas abordagens terapêuticas para necessidades médicas não respondidas. Este investimento resultou em 43 novos medicamentos e 21 novas vacinas em desenvolvimento, até ao final desse ano.

Temos presença em Portugal há mais de um século. Empregamos mais de 130 profissionais na nossa área farmacêutica, interagimos com cerca de 250 parceiros locais de negócio e disponibilizamos mais de 200 medicamentos e vacinas em Portugal.

O Grupo GSK em Portugal contribui com mais de 25 milhões de euros/ ano para a economia nacional (média dos últimos cinco anos). Só a GSK Farma, nos últimos cinco anos, contribuiu com mais de 58 milhões de euros para a economia portuguesa, com uma média superior a 11 milhões de euros/ ano.

Temos 16 ensaios clínicos em curso, nas áreas respiratória, oncologia e vacinas, no que representa um investimento anual próximo de um milhão de euros, sendo que um dos nossos principais objetivos é aumentar este número.

Há dois anos consecutivos que estamos entre as 10 melhores empresas para trabalhar em Portugal.

Feito este enquadramento, posso responder diretamente à questão colocada. Assim, em Portugal, o nosso principal desafio é garantir que as pessoas têm acesso aos nossos medicamentos e às nossas vacinas.

De acordo com o relatório «WAIT Indicator 2021», publicado pela EFPIA, que analisou o acesso dos cidadãos de 39 países europeus aos 160 novos medicamentos que obtiveram autorização de comercialização (AIM) entre 2017 e 2020, de acordo com a taxa de disponibilidade e o tempo médio de disponibilidade das terapêuticas inovadoras, Portugal ocupa a posição 31 entre 39 países, em termos do tempo médio de disponibilidade dos medicamentos inovadores. Considerando o conjunto dos países da União Europeia, Portugal encontra-se na posição 21, atrás de países como a Hungria, a Estónia, a Eslovénia e a Letónia. Os portugueses aguardam, em média, quase dois anos (676 dias) para utilizarem as novas terapêuticas disponíveis, situação que se agrava para os 753 dias, no caso da oncologia.

Portugal sobe na classificação quando analisamos a disponibilidade em termos do número de novos medicamentos acessíveis em cada país, encontrando-se na posição 16 para a generalidade dos medicamentos e na posição 13 para as novas terapêuticas oncológicas. A taxa de disponibilidade foi de 51%, o que significa que apenas 82 dos 160 medicamentos em análise estavam disponíveis. Em comparação com os países de referência e similares, Portugal dispõe de menos medicamentos inovadores e incorpora-os mais tarde.

Como vemos, há ainda muito a fazer para colocar em pé de igualdade os doentes portugueses com os do resto da Europa no que diz respeito ao acesso à inovação.

Apesar destes desafios locais, há algo de que nos orgulhamos muito: a GSK ocupa, desde a primeira edição, a liderança do ranking global Access to Medicine Index (ATMI), o que demonstra o nosso compromisso e o nosso empenho em tornar os nossos produtos acessíveis, a todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo.

De que forma estes desafios impactam as vossas pessoas?

Na GSK somos ambiciosos pelos doentes, pelo que estamos permanentemente focados em criar oportunidades que contribuam para um maior e melhor acesso da população portuguesa aos medicamentos que necessitam. Assim, naturalmente que não ficamos indiferentes quando assistimos aos obstáculos e à iniquidade existente no nosso país, no que diz respeito ao acesso dos doentes à inovação.

Quantas pessoas tem a GSK em Portugal e em todo o mundo?

Em Portugal, conforme já referi, temos 130 profissionais. A nível global, empregamos mais de 70 mil pessoas, em 80 países, que ajudaram, só em 2021, a entregar 1,7 mil milhões de medicamentos e mais de 767 milhões de vacinas, em todo mundo.

«Temos presença em Portugal há mais de um século. Empregamos mais de 130 profissionais na nossa área farmacêutica, interagimos com cerca de 250 parceiros locais de negócio e disponibilizamos mais de 200 medicamentos e vacinas em Portugal.»

Como olha para o papel de empresas como a vossa no período de pandemia?

O desafio sem precedentes provocado pela pandemia de Covid‐19 tornou evidente aimportância estratégica da saúde e da inovação. Desde a primeira hora desta crise que a indústria farmacêutica se uniu, para responder à situação de emergência, com o reforço da capacidade de produção, a garantia do abastecimento contínuo e a intensificação dos testes de diagnóstico. Simultaneamente, a nível global, atribuiu‐se prioridade à I&D de vacinas, meios de diagnóstico e terapêuticas direcionadas para a Covid‐19, investimento e conhecimento de décadas que resultaram em soluções eficazes e seguras em prol dos cidadãos.

Em Portugal, a indústria farmacêutica deu um contributo inigualável no combate à pandemia, com mais de cinco milhões de euros em donativos para ajudar o sistema e os seus profissionais a responder a este desafio.

No que diz respeito à GSK, orgulhamo-nos de ter uma das respostas mais amplas do sector, com o desenvolvimento de terapêuticas (anticorpos monoclonais), além das vacinas candidatas em desenvolvimento com organizações parceiras. Doámos 1,4 milhões de produtos, a 27 países, para ajudar a responder à crise pandémica. Adicionalmente, doámos mais de 800 mil equipamentos de proteção individual, para ajudar a proteger os profissionais de saúde de 34 países, incluindo Portugal.

Doámos 10 milhões de dólares à Organização Mundial de Saúde para apoiar a resposta dos profissionais de saúde, que estão no terreno a responder a esta emergência sanitária.

Desde o primeiro momento, a GSK acreditou que uma abordagem colaborativa com diversos parceiros científicos, que apresentaram boas vacinas candidatas, seria a mais benéfica e capaz de contribuir de forma mais eficaz para corresponder às necessidades imediatas da pandemia. A GSK é líder mundial na inovação em vacinas e, em particular, no recurso a diferentes tipos de sistemas adjuvantes para a sua produção. Um adjuvante consiste num composto bioquímico que, quando incorporado na produção de uma vacina, se comprovou potenciar a robustez e a durabilidade da resposta imunitária. Esta caraterística dos adjuvantes é de particular importância para o combate à pandemia, uma vez que permite a produção de doses de vacinas com menor quantidade de antigénio, fazendo com que possam ser produzidas mais doses da respetiva vacina, que consequentemente chegam mais rápido a mais pessoas. Como tal, um dos contributos mais significativos da GSK consiste, precisamente, na disponibilização da sua tecnologia adjuvante junto de diversas plataformas e parceiros científicos.

Como estão a ser colocadas as questões de ESG [environmental, social, and governance – ambiente, social e governação] na vossa empresa?

Na GSK, consideramos que responder e alinhar a nossa atividade com aquilo que são os critérios ESG é algo fundamental para conseguirmos concretizar o nosso desígnio de impactar positivamente a saúde de mais de 2.500 milhões de pessoas nos próximos 10 anos.

Para isso, temos uma estratégia e ações concretas para cada um desses pilares, que procuramos sempre que estejam alinhados, também, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], fixados em 2015 pela Organização das Nações Unidas, como um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, para se conseguir erradicar a pobreza, garantir o acesso aos serviços de saúde e reduzir o impacto das alterações climáticas.

Não vou estar a enumerar as atividades e os projetos que temos em curso nestes domínios, mas parece-me importante dar visibilidade a determinados temas. Assim, no que diz respeito ao «Objetivo 1: Erradicar a pobreza», que se insere no critério Social dos ESG, gostaria de sublinhar o compromisso da GSK em vencer as doenças, com medicamentos e vacinas de inovação, que permitam às pessoas manterem-se saudáveis e, dessa forma, poderem estar profissionalmente ativas e a contribuir para a economia. Isto é tão ou mais importante quando sabemos que cerca de metade da população mundial carece de acesso a serviços essenciais de saúde. Assim, ao tornarmos os nossos medicamentos e as nossas vacinas acessíveis e disponíveis para mais pessoas em todo o mundo, através de uma política responsável de preços, parcerias e programas de acesso, estamos a fomentar uma sociedade mais saudável, ativa e contributiva. Nesse âmbito, gostaria de recordar que a GSK é líder, desde a primeira edição, dos rankings Access to Medicines e Access to Vaccines.

Para materializar essa nossa preocupação, num ponto de vista mais global, partilho uma ação recente, anunciada em junho passado, que consiste num investimento de mil milhões de libras, ao longo de 10 anos, para acelerar a I&D dedicada a doenças infeciosas de elevado impacto nos países em desenvolvimento. O foco principal vai ser em vacinas novas e disruptivas e medicamentos para prevenir e tratar a malária, a tuberculose, o VIH (através da ViiV Healthcare), as doenças tropicais negligenciadas e a resistência antimicrobiana, que continuam a ter um efeito devastador nos mais vulneráveis, representando mais de 60% da carga da doença em muitos dos países com baixos rendimentos.

Remetendo agora para Portugal e, mais uma vez, pensando no nosso contributo para ajudar a erradicar a pobreza, posso afirmar que nos últimos três anos concedemos mais de três milhões de euros em donativos a entidades do terceiro sector, nomeadamente associações de doentes. Sabemos que de outra forma estas organizações teriam muita dificuldade em concretizar as suas atividades e ajudar quem mais precisa, pelo que isso é algo que nos enche de orgulho.

Ainda nessa área, gostaria de destacar uma das iniciativas que melhor demonstra o nosso compromisso com os doentes: o Encontro Anual GSK / ViiV com associações de doentes, uma tradição com 10 anos e pela qual já passaram mais de 100 representantes de associações de doentes. O principal objetivo desta ação é contribuir para uma maior capacitação das pessoas com doença e seus representantes, em áreas e aspetos críticos para que consigam, diariamente, defender os interesses da sua comunidade e ser parte ativa na resposta aos principais desafios e necessidades que enfrentam as pessoas com doença crónica.

«Há dois anos que estamos entre as 10 melhores empresas para trabalhar em Portugal, o que revela a nossa preocupação com o bem-estar dos nossos colaboradores. Esse tema para nós é especialmente importante, pois sabemos que colaboradores motivados, felizes e ‘engajados’ com a cultura e o propósito da organização são um elemento crítico para o nosso sucesso.»

Como avaliam o bem-estar dos colaboradores na GSK?

Há dois anos que estamos entre as 10 melhores empresas para trabalhar em Portugal, o que revela a nossa preocupação com o bem-estar dos nossos colaboradores. Efetivamente, esse tema para nós é especialmente importante, pois sabemos que colaboradores motivados, felizes e «engajados» com a cultura e o propósito da organização são um elemento crítico para o nosso sucesso.

Avaliamos esse grau de satisfação através do nosso survey anual e também, com diferentes momentos, formais e informais, ao longo do ano. Algo que nos deixa altamente motivados é saber que 93% dos nossos colaboradores sentem que o seu trabalho tem um propósito especial e que é muito mais do que um emprego, e adicionalmente 95% dos meus colegas classificam a GSK como uma excelente empresa para trabalhar. Mais importante ainda: 97% dos colaboradores têm orgulho em trabalhar na GSK.

Para terminar, dou conhecimento de uma medida muito recente, que foi muito bem acolhida internamente e demonstra a importância que a GSK dá ao bem-estar pessoal e familiar das suas pessoas, bem como em responder a um dos maiores desafios da nossa sociedade, que é a baixa taxa de natalidade: a partir de 2023, todos os colaboradores da GSK que vão ser pais/ mães (aplicável a ambos os géneros) têm direito a 18 semanas de licença de maternidade/ paternidade pagas a 100% pela empresa, além do que já está previsto na legislação. Isto significa que as pessoas podem ter mais 4,5 meses a somar ao que já têm direito por lei (até 180 dias, no caso de ser licença partilhada).

E em relação ao desenvolvimento das vossas pessoas, como o promovem?

Pessoas talentosas são um elemento crítico de sucesso para a nossa missão. Assim, procuramos investir no desenvolvimento das capacidades dos nossos profissionais, reconhecer e premiar os bons desempenhos e fazer com que continuem a crescer connosco, seja localmente, seja nos 80 países em que temos presença direta.

Estamos empenhados em potenciar o desenvolvimento dos nossos colaboradores e das nossas equipas, e todos os colaboradores têm um plano de desenvolvimento de carreira alinhado e acompanhado pelos respetivos managers. Temos um portal interno de desenvolvimento – «Keep Growing Campus» – com diversos treinos e programas formativos, em diferentes áreas, para apoiar o crescimento e o desenvolvimento dos nossos colaboradores. Em 2021, mais de 85 mil cursos/ formações foram realizados pelas nossas pessoas, em todo o mundo. Temos ainda um programa de aperfeiçoamento para lideranças intermédias – «First Line Leader Training» –, que responde a cinco prioridades: tomada de decisões, gestão da mudança, coaching, gestão e persuasão, saúde e bem-estar.

Em suma, fomentamos uma política e uma estratégia de gestão dos recursos humanos que procura promover um ambiente de trabalho diverso e inclusivo, criando todas as condições para o talento prosperar.

Que tipo de pessoas procura a GSK?

Procuramos, essencialmente, pessoas com capacidade de visão e espírito crítico, que saibam trabalhar em equipa e que estejam motivadas para nos ajudar a unir ciência, talento e tecnologia, para conseguir impactar positivamente a vida de mais de 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo, nos próximos 10 anos, e juntos vencer as doenças.

Para isso, é fundamental que se identifiquem com os elementos-chave da nossa cultura corporativa: ambição pelos doentes, responsabilidade pelo impacto e agir corretamente.

Mais importante do que as competências e as capacidades técnicas, que naturalmente são muito importantes, é a forma de estar e encarar estes desafios.

Há diversidade de gerações na GSK? Como gerem essa diversidade? E a diversidade num campo mais amplo, de género, de origem, etc?

Diversidade, equidade e inclusão são elementos determinantes da nossa cultura. De facto, para melhor respondermos às necessidades dos nossos doentes e às expetativas que a sociedade coloca em nós, precisamos apoiar as nossas pessoas em fazer da GSK uma empresa diversa e inclusiva.

Estamos entre os 100 Top Empregadores Globais, segundo a organização Stonewall, grupo ativista defensor dos direitos LGBTQ+, pelas políticas de diversidade e inclusão. Fomos considerados um Best Place to Work para LGBTQ+ pelo Corporate Equality Index. Somos membros fundadores da Proud Science Alliance, uma rede global pelos direitos LGBTQ+, cujo objetivo é elevar a representatividade LGBTQ+ nos sectores da ciência e da saúde. Estamos entre as 10 melhores empresas no ranking FTSE Women Leaders, no que diz respeito à representatividade das mulheres em cargos de direção e liderança.

Em Portugal, 60% dos nossos cargos executivos são ocupados por mulheres e temos, ainda, o programa «Performance with Choice», em que cada pessoa tem liberdade para escolher se trabalha a partir de casa ou no escritório. Sabemos que isso é altamente valorizado, uma vez que 96% dos nossos colaboradores dizem sentir liberdade para tornar o seu trabalho mais flexível e adaptado, conforme dados do survey interno GSK.

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»»»» Guilherme Monteiro Ferreira é diretor de acesso ao mercado e assuntos externos da GSK em Portugal.

A GSK é uma biofarmacêutica global que, impulsionada pela ciência, tem um propósito especial: ajudar as pessoas a fazerem mais, sentirem-se melhor e viverem mais tempo. São três as suas áreas de negócio, dedicadas a investigação, desenvolvimento e fabrico de medicamentos inovadores, vacinas e produtos de consumer healthcare. Enquanto empresa global, o seu objetivo é ser uma das empresas biofarmacêuticas mais inovadoras, com melhor performance e de maior confiança do mundo. Por isso, está empenhada em alargar o acesso aos seus produtos, para que mais pessoas possam beneficiar deles, independentemente do local do mundo onde vivem ou da sua capacidade económica. Os seus valores e as suas expectativas estão no centro de tudo o que faz –

para que seja possível proporcionar impactos extraordinários nos doentes e nos consumidores e fazer da GSK um lugar brilhante para trabalhar.

A GSK tem presença direta em Portugal, enquanto «marca GSK», há mais de 20 anos, destacando-se com uma atividade muito intensa e um elevado compromisso. Emprega mais de 130 profissionais na sua área farmacêutica, interage com cerca de 250 parceiros locais de negócio e disponibiliza mais de 200 medicamentos e vacinas no país. Adicionalmente, no que diz respeito ao compromisso com a pesquisa científica, tem estudos e investigações clínicas a decorrer em Portugal, incluindo ensaios clínicos e estudos da iniciativa do investigador (que apoia), em oncologia, doenças autoimunes e patologias respiratórias, entre outras áreas. Considera esta uma forma de estar mais próximos dos doentes e dos profissionais de saúde e, simultaneamente, demonstrar e dar visibilidade ao trabalho e à qualidade técnica da comunidade científica nacional.