Rui Simões, da Lyreco
«Queremos apoiar o desenvolvimento do talento da nossa equipa.»

Responsável para o mercado português de uma empresa que distribui produtos e soluções para ambientes de trabalho, Rui Simões olha para o mundo das organizações e as suas pessoas, e para as grandes mudanças que os últimos anos têm vindo a trazer. Destaca o facto de terem conseguido superar os desafios, estando a crescer 26% em volume de negócio relativamente ao ano anterior, prevendo-se que em 2023 o valor aumente para 30%. Para isso aposta numa equipa em contínuo desenvolvimento e a crescer.  

Texto: Redação «human» Foto: DR

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A atividade da Lyreco mudou significativamente com a pandemia?

O trabalho a partir de casa tornou-se uma nova realidade e, com a pandemia, a propagação do teletrabalho forçou uma mudança no modelo de negócio. Os colaboradores dos nossos clientes já não estavam no escritório, mas sim em casa, o que se traduziu num grande desafio para nós. Conscientes desta realidade e com o objetivo de melhorar o bem-estar no trabalho, desenvolvemos um novo serviço de entrega ao domicílio do colaborador em qualquer ponto da Península Ibérica.

Este novo serviço foi para nós um grande desafio, pois os clientes precisavam de fornecer aos seus colaboradores todo o tipo de material para trabalharem a partir de casa. Falamos não só de material de secretária, mas também de produtos que facilitam a ergonomia (teclados, cadeiras, suportes para portáteis, etc). Esta mudança surgiu com o propósito de fazer o cliente sentir que, apesar das mudanças na forma de trabalhar, o nosso serviço mantém a sua excelência e continuamos a corresponder às expectativas que têm de nós.

Em que tipo de soluções para os espaços de trabalho estavam então focados?

Apesar das circunstâncias trazidas pela pandemia, a verdade é que o mercado de material de escritório permaneceu mais ou menos estável ao longo dos últimos dois anos. De facto, o núcleo da nossa atividade – que é o material de escritório – continuou a crescer e representa 54% do nosso volume de negócios. Outras principais categorias empresariais são a Tech & Print e a Industrial, que tem registado aumentos significativos.

Que estratégia seguiram com a pandemia e a sua evolução?

Para além do lançamento do serviço de entregas ao domicílio, aproveitámos a pandemia para incluir mais de 10.000 novos produtos (produtos ergonómicos, produtos tecnológicos, material de escritório, produtos de segurança no trabalho, etc) ao nosso portfólio. Desses, 800 relacionavam-se com a Covid-19 (máscaras, luvas, álcool em gel, purificadores de ar…), apresentando todas as garantias e certificações.

«Independentemente do modelo de trabalho de cada um dos nossos clientes, estamos preparados para continuar a entregar, em 24 horas, todo o tipo de soluções que possam ajudar os colaboradores a desempenhar o seu trabalho da melhor forma.»

Como perspetivam agora o futuro do mundo do trabalho? Será necessariamente diferente?

A pandemia, através das mudanças impostas na rotina dos trabalhadores, impulsionou novas realidades – nomeadamente o teletrabalho – e o debate em torno de temas como o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional. Assim, na Lyreco acreditamos que o futuro do trabalho passará por um modelo em que as empresas procurarão cada vez mais encontrar as melhores soluções para o bem-estar dos seus colaboradores. Entre essas soluções, consideramos que o teletrabalho será uma realidade a manter, quer seja através de um modelo totalmente remoto ou híbrido.

Na Lyreco, independentemente do modelo de trabalho de cada um dos nossos clientes, estamos preparados para continuar a entregar, em 24 horas, todo o tipo de soluções que possam ajudar os colaboradores a desempenhar o seu trabalho da melhor forma.

A grande questão será mesmo o equilíbrio entre os espaços físicos e o on-line?

O teletrabalho acaba por permitir que as pessoas ganhem tempo, começando pelo facto de não precisarem de despender tempo a deslocar-se para o escritório e a regressar a casa. Este fator proporciona-lhes maior flexibilidade, permitindo-lhes equilibrar melhor a sua vida pessoal com a vida profissional. Por outro lado, acreditamos que o espaço físico permanece indispensável, sobretudo na ótica da transmissão dos valores e da cultura da empresa. Principalmente por estes dois fatores, consideramos que a tendência é para que haja, de facto, um equilíbrio entre os dois modelos de teletrabalho.

O que lhe parece que espera a generalidade das pessoas nas empresas?

Após este período de cerca de dois anos, em que grande parte das pessoas tiveram oportunidade de experienciar o teletrabalho e posteriormente o regresso (total ou parcial) aos escritórios, acreditamos que a generalidade consegue hoje reconhecer vantagens e desvantagens sobre cada um dos modelos de trabalho. Dessa forma, acreditamos que a maioria se encontra à espera do tal equilíbrio, que lhe proporcionará uma maior harmonia entre a vida pessoal e a vida profissional, sem descorar a importância do envolvimento com a cultura empresarial, conseguido com as presenças no escritório.

A vossa empresa tem em curso o processo de aquisição de uma empresa dinamarquesa ligada a tecnologia. A digitalização é uma forte aposta vossa?

Sim, sem dúvida. O nosso foco em termos de digitalização está em facilitar a experiência de compra dos nossos clientes. Compreendemos que os nossos produtos não são compras estratégicas para as empresas, mas são essenciais para que estas realizem o seu trabalho. Certificamo-nos de que têm tudo o que precisam para trabalhar, poupando-lhes tempo e evitando fricções ao longo do processo (compra, faturação, entrega, instalação, serviço pós-venda…) para que o serviço que prestamos seja excelente do princípio ao fim. Para o conseguirmos, criámos diferentes projetos que contribuem para a automatização das compras empresariais e que se baseiam em três pilares básicos: ferramentas, processos e pessoas. Esta aquisição da Lomax surge assim alinhada com o objetivo comercial do Grupo Lyreco de procurar constantemente oportunidades para melhor servir os seus clientes em todas as áreas do nosso negócio.

Como olham para o mercado português?

Neste negócio, o mercado português atualmente apresenta-se como um mercado maduro, havendo um elevado número de players (nacionais, regionais, locais), bastante fragmentado e com tendência para haver concentração. Consideramos que a digitalização desempenhará, sem dúvida, um papel importante na evolução do mercado.

É um mercado com especificidades em relação a outros mercados europeus?

A reduzida dimensão do nosso mercado acaba por afastar os grandes players europeus. Alguns office suppliers são, em simultâneo, fabricantes, distribuidores, revendedores e parceiros, ao contrário do que se verifica no resto da União Europeia.

«Na Lyreco olhamos para os colaboradores como o coração da organização e estamos constantemente a tentar inovar e a adaptarmo-nos às mudanças que a atualidade exige.»

Quais são os seus principais desafios na Lyreco?

O nosso principal objetivo é manter o ritmo de crescimento, conquistando quota de mercado e clientes leais à nossa proposta de valor. Os maiores desafios que surgem no cumprimento deste objetivo prendem-se com a incerteza atualmente vivida em termos macroeconómicos – neste momento, é difícil prever o crescimento da economia do país, a estabilidade dos preços e os níveis da inflação. Esta incerteza agravou-se não só com a pandemia, como mais recentemente com os conflitos geopolíticos e o consequente aumento do custo das matérias-primas.

Apesar destas circunstâncias de instabilidade, temos conseguido superar os desafios e estamos a crescer 26% em volume de negócio relativamente ao ano anterior. Em 2023 prevemos aumentar para 30% este crescimento.

Gerir uma equipa como a da Lyreco em Portugal, depois da pandemia e entrando num período de turbulência, de incerteza, com pressões inflacionistas, por exemplo, é também um grande desafio?

Na Lyreco olhamos para os colaboradores como o coração da organização e estamos constantemente a tentar inovar e a adaptarmo-nos às mudanças que a atualidade exige. Um dos nossos grandes objetivos estratégicos é que, até 2026, 90% dos nossos colaboradores se sintam orgulhosos de trabalhar na Lyreco. Queremos apoiar o desenvolvimento do talento da nossa equipa, retê-lo e que, mais do que um trabalho, pensem na Lyreco como uma carreira e um espaço feliz. Para tal, recentemente mudámos de instalações para um escritório amplo, moderno e onde os nossos colaboradores se podem sentir mais confortáveis, com espaços de coworking. Além disso, sabemos ainda que a questão do worklife balance tem de ser uma prioridade.

Continuam a procurar novas pessoas para a empresa?

Apesar dos desafios provocados pela pandemia e pelas circunstâncias atuais, e tendo como base o nosso objetivo de fazer crescer o negócio em Portugal, a Lyreco continua a apostar na contratação de pessoas e a aumentar a sua equipa. No último ano, aumentámos em 25% o número de colaboradores e prevemos continuar nesta mesma linha durante os próximos anos.

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»»»» Rui Simões assumiu o cargo de country manager da Lyreco em Portugal no início de 2022. As suas anteriores experiências dotaram-no de um forte conhecimento em trazer novas soluções e tecnologia ao mercado e comprovaram as suas capacidades ao nível do planeamento de vendas e negociação. Até assumir esta posição na Lyreco, desempenhou diferentes cargos de direção em empresas como EMC, Seagate Technology, Landbell Group, Razer e Ricoh.

O Grupo Lyreco, fundado em 1926 e está presente no mercado português desde 2011. Distribui produtos e soluções para ambientes de trabalho, sendo que opera diretamente em 25 países da Europa e da Ásia. Os seus cerca de 10.000 colaboradores partilham uma missão comum: ser pioneiros em fornecer de forma sustentável tudo o que um ambiente de trabalho precisa, para que toda a equipa se possa concentrar no que mais importa.

A gama completa de serviços e soluções da Lyreco para o ambiente de trabalho pode ser conhecida aqui.