Paulo Dias, da imatch/ Pedro Moura, da Landing.Jobs

Desafiar e desenhar o futuro do trabalho

O Future.Works Lisbon 22, promovido pela Landing.Jobs e pela imatch, realiza-se esta semana, dias 7 e 8 de outubro, num formato híbrido. Õ Centro de Congressos de Lisboa receberá talento e profissionais tech, decisores empresariais, empresas públicas e privadas, administração pública e instituições de ensino com o intuito de promover a partilha de conhecimento sobre o futuro do trabalho.

Texto: Redação «human» Fotos: DR

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Como surgiu o Future.Works?

[Paulo Dias, PD] O Future.Works é um evento dedicado a desafiar e desenhar o futuro do trabalho. Quando surgiu há sete anos, com o nome de Landing Festival, promovido pela Landing.Jobs, era um evento focado nos temas tecnológicos completamente dirigido ao talento tech. Este ano, após uma reflexão conjunta entre a imatch e a Landing Jobs, o âmbito foi alargado, pois muitas das grandes transformações nas novas formas de trabalhar que estão a acontecer na área tecnológica estão depois a refletir-se em outros sectores de atividade e em outras áreas das empresas.

Que expectativas têm para estes dois dias em Lisboa, 7 e 8 de outubro?

[PD] O Future.Works Lisbon 22 foi desenhado para ser um evento que traz novas perspetivas e estimula visões arrojadas sobre o futuro do trabalho. Temos a expectativa de juntar uma grande comunidade de mais de 4.000 pessoas interessadas em discutir o tema e procurar novas oportunidades a partir de diferentes ângulos, quer pelo lado da gestão e liderança das organizações, quer pelo lado da tecnologia e do talento tecnológico, quer pelo lado de quem procura compreender melhor as grandes transformações que estão a acontecer no mundo do trabalho.

Paulo Dias: «O Future.Works Lisbon 22 foi desenhado para ser um evento que traz novas perspetivas e estimula visões arrojadas sobre o futuro do trabalho.»

O que destacam no evento, em termos de tópicos para discussão?

[PD] Temos tópicos fundamentais para os diferentes públicos. Para os líderes e decisores abordamos temas de liderança e cultura organizacional, comunicação, novas estruturas de organização, não faltando a discussão sobre a semana de quatro dias. Para os especialistas em talento, temas sobre atração, recrutamento e retenção de talento com algumas sessões específicas sobre talento tecnológico, e incluindo a apresentação de um estudo sobre o futuro do trabalho realizado pela Nova SBE em conjunto com a Ageas. Temos também múltiplos temas ligados tecnologia como crypto salaries, NFTs [non-fungible tokens], AI [inteligência artificial], cybersecurity, Web 3.0, metaverse, entre muitos outros. São três palcos temáticos, um dedicado à mudança de paradigma do trabalho, um dedicado ao talento e um dedicado à tecnologia, e cerca de 100 sessões, com muitos espaços e atividades complementares – Skilling Hall, Tech Jobs Hall, Gaming Area, Meeting Rooms, Remote Work Space, entre outras.

Que tipo de speakers chamaram para o Future.Works em Lisboa?

[PD] Temos speakers nacionais e internacionais, ligados ao tema do futuro do trabalho e da tecnologia. Destacamos sessões imperdíveis: Josh Klein (Futurist) – How technology will shape the future of work and society; Daniel Marion (IWG) – New work paradigm – No office work; Dalia Turner (Fedzai) – Flex is the new black; Daniela Marzavan (Innovation Consultant) – Progressive organizations; Sham Moodliar (Datonomy) – Reinventing culture; Liam Mclvor Martin – Running remote; Andrew Spence – Productivity in remote paradigm; Karen Guggenheim (World Happiness Summit) – Chief happiness officer; Milton Sousa (Nova SBE), Katrien Buys (Ageas) – Estudo sobre o futuro do trabalho.

Que espectativas têm sobre as partilhas que estes speakers vão fazer?

[PD] Sabemos que muitas intervenções vão abrir novas visões e desafiar o status quo do mundo do trabalho. Algumas das sessões foram desenhados precisamente para trazerem visões opostas. Utilizando o título de uma das sessões, «Flex is the new black», ou seja, a flexibilidade é fundamental. Para que essa flexibilidade exista e seja atrativa, é fundamental conhecer e refletir sobre as diferentes possibilidades de desenho do futuro do trabalho.

A que público se dirige o evento?

[PD] O Future.Works Lisbon 22 foi desenhado para os decisores e líderes empresariais, para quem tem de desenhar estratégias de atração e retenção de talento. Para o talento tecnológico que procura novas oportunidades, para quem encara a hipótese de uma mudança de carreira para a área tecnológica ou outra, para quem quiser entender que novas possibilidades se estão a perspetivar com todas as transformações que estão a acontecer. Mantemos ainda como central a tecnologia e o talento tech que tem estado na vanguarda de toda esta autêntica revolução no paradigma do trabalho.

Qual é em toda esta equação o peso da tecnologia?

[Pedro Moura, PM] Enorme. A tecnologia tem sido, ao longo da história (e da pré-história) da humanidade a manifestação natural das vontades humanas fundamentais de experimentação e descoberta, tendo como consequência o provocar de mudanças. Se atentarmos somente para o que entendemos por trabalho, a tecnologia é talvez a principal força por detrás da transformação contínua da mesma. A tecnologia torna obsoletas certas funções do trabalho e cria subsequentemente funções de trabalho, num ciclo permanente de destruição criativa. As consequências imediatas da tecnologia no trabalho podem ser danosas para alguns, por verem as suas ocupações e ganhar pão ameaçados. Mas tem sido a tecnologia que tem permitido a criação do mundo em que vivemos, com tudo o que ele tem de bom relativamente ao passado. A tecnologia tem também de ser parte da solução para os problemas que cria, isso é fundamental para evitar atavismos e visões de que «no passado é que era bom».

Pedro Moura: «A tecnologia torna obsoletas certas funções do trabalho e cria subsequentemente funções de trabalho, num ciclo permanente de destruição criativa.»

O mundo do trabalho está mesmo numa grande transformação? Acreditam que as mudanças a que vamos assistindo vão transformar muito da nossa sociedade?

[PM] O mundo está permanentemente ou numa grande transformação ou à beira disso, muito sob o impulso da tecnologia. Há instantes em que as transformações são mais prementes, como acabou de acontecer com a pandemia Covid-19, que criou uma realidade muito diferente, com a eliminação de certos mitos como o presencialismo no trabalho, e mostrou que é possível a função trabalho ser desempenhada de formas diferentes, mais flexíveis, mais adaptadas ao equilíbrio vida/ trabalho. A normalização do trabalho remoto trouxe tudo isto, e ainda não é claro que as mudanças tenham acabado, pois há muitas empresas e muitos trabalhadores que ainda se estão a adaptar a tudo isto.

Num mundo em que a incerteza se tornou quase uma constante, que impactos podemos esperar para o trabalho, a gestão do talento, as expectativas das pessoas em termos de worklife balance?

[PM] A minha expectativa neste tema é de melhoria. O trabalho tem desempenhado um papel demasiado central na vida das pessoas, o que tem impactos terríveis na qualidade real de vida. Fala-se muito de burnout por parte de trabalhadores, mas faz-se muito pouco para resolver o problema. É fundamental para empresas e trabalhadores passarem a assumir a incerteza como uma variável permanente do quotidiano, pois só assim aprenderão a lidar com essa mesma incerteza. O mundo do trabalho vai ser cada vez mais fluído, mas orientado para o equilíbrio entre esforço, produtividade e vida pessoal. As barreiras entre vida pessoal e trabalho diminuíram, e isso não é necessariamente negativo, pois permite maiores níveis de flexibilidade, desde que haja responsabilidade e respeito por parte de todos os envolvidos. Há um grande caminho a fazer pelos gestores e líderes de equipas e empresas no sentido de saberem operar nestes contextos de incerteza.

Como veem, pensando nas propostas de discussão para o evento, temas como inclusão, igualdade de género e felicidade no trabalho?

[PM] Sempre pelo prisma do interesse, em primeiro lugar, das empresas. Isto porque tradicionalmente a relação entre empresa e trabalhador é assente num paradigma de conflito, e não tem de ser nem deve ser assim. As empresas têm de perceber as vantagens desses temas. O que interessa realmente à empresa ter um conjunto diversificado de trabalhadores? Pode ajudar a ser mais competitiva? Ou é uma ameaça para a gestão, por não saber lidar ou gerir pessoas diferentes? É óbvio que as empresas têm muito a ganhar com trabalhadores diversos, e em gerar ambientes em que esses mesmos trabalhadores se sintam incluídos e satisfeitos. Infelizmente, nem todos os líderes pensam assim. Um enorme perigo nestes temas é o de se tornarem somente em palavras bonitas, mas sem consequência real na realidade das empresas e dos trabalhadores, uma espécie de green-washing como já se viu em temas como a sustentabilidade e outros. Há que desmascarar essas hipocrisias.

Há algum aspeto adicional a referir?

[PM] Só que a filosofia por detrás do Future.Works não é tanto o de fornecer respostas a todos estes temas e questões, mas mais levar, através da exposição e debate críticos, a melhores perguntas. É fundamental esta lógica reflexiva conjunta, para impedir unanimismos redutores e aprendermos realmente a lidar com uma realidade do trabalho cada vez mais fluída, dinâmica e flexível.

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»»»» Paulo Dias é chief transformation officer (CTO) na imatch, empresa que se apresenta como «um coletivo de pessoas que ambicionam fazer diferente para fazer a diferença». A imatch foi criada para dar vida ao lado humano da inovação e é com essa premissa que procura ajudar pessoas, equipas e organizações a transformar o status-quo, a construir novas relações e a estar sempre um passo à frente. Desde corporate and startup innovation até culture and organizational innovation, social innovation and impact ou innovation events and inspiration.

»»»» Pedro Moura é chief marketing officer (CMO) na Landing.Jobs, uma plataforma ligada a carreiras em tecnologia orientada para candidatos. Procura ajudar cada pessoa a fazer uma revisão da sua carreira antes de partir para um novo desafio, que se quer de sucesso. Na sua missão surge a ideia de não construir nada menos do que destinos de topo para profissionais ligados a tecnologia que queiram verdadeiramente avançar na carreira.

»»»» Site do Future.Works Lisbon 22 aqui.

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