A Multipessoal, empresa portuguesa de recursos humanos, revelou os resultados do seu estudo «Necessidades e Expectativas dos Colaboradores de Empresas em Portugal», que analisou tendências e preferências dos colaboradores de empresas no país. A pesquisa focou-se em questões como modelos de trabalho, cultura organizacional, benefícios e satisfação com a situação laboral atual, tendo sido realizadas entrevistas on-line a uma população de homens e mulheres, entre os 18 e os 64 anos, residentes em Portugal continental e atualmente empregados por conta de outrem.
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Teletrabalho ganhou adeptos, mas modelo presencial prevalece
No que se refere aos modelos de trabalho em vigor, o estudo revela que 78% dos inquiridos se encontra atualmente a trabalhar de forma exclusivamente presencial, 17% num regime híbrido e apenas 5% num modelo totalmente remoto. Em termos de preferências, quase metade dos participantes no estudo garante valorizar mais um modelo de trabalho 100% presencial, com foco nas gerações mais velhas. A principal razão para a preferência pelo trabalho 100% presencial é o facto de não haver outra hipótese para a realização do trabalho (34%) e o contacto humano/socialização (32%).
Quanto ao modelo híbrido, este é eleito como o favorito por 40% dos inquiridos, destacando-se o escalão etário dos 25 aos 34 anos, em que 48% prefere este regime de trabalho, e a área da Grande Lisboa, em que mais de metade dos profissionais (51%) elege esta opção. O poder de escolha entre trabalhar em casa ou no escritório (31%), a poupança em tempo e dinheiro (28%), a flexibilidade (25%) e a conciliação da vida profissional com a vida pessoal (25%) são os principais drivers de quem prefere o modelo de trabalho híbrido.
Embora o teletrabalho tenha vindo a ganhar cada vez mais protagonismo, em particular, devido ao contexto pandémico, a modalidade 100% remoto é indicada como a preferida por apenas 11% da amostra, sendo que poupança em tempo e dinheiro é o principal motivo de 52% desta parcela dos inquiridos. André Ribeiro Pires, executive board member e chief operations officer (COO) da Multipessoal, comenta: «Muitos profissionais viram com bons olhos a transição para modelos de teletrabalho e foi algo que, por força da necessidade, se normalizou. No entanto, de acordo com os dados recolhidos, os portugueses continuam a preferir ter maioritariamente uma componente presencial, ao invés de usufruírem de um regime exclusivamente remoto.»
Em termos globais, 64% dizem estar satisfeitos com o modelo de trabalho que têm atualmente, no entanto, mais de 1/3 preferia ter outro. Destes, 27% preferiam o trabalho em regime híbrido e apenas 1% um modelo totalmente presencial.
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Cultura organizacional: estrutura versus flexibilidade, controlo versus inovação
Quando questionados quanto ao tipo de cultura que pensam vigorar na sua empresa, a cultura burocrática, baseada na estrutura e em controlo de processos, e caracterizada por um ambiente de trabalho extremamente organizado e com políticas e procedimentos bem definidos, é a mais presente nas empresas, com 31% dos inquiridos a dar esta indicação. Já a cultura de clã, associada a um ambiente «familiar», amigável e otimista, com funcionários que colaboram e promovem um espírito de entreajuda entre si, é identificada em 29% das respostas.
No entanto, mais de metade dos inquiridos (51%) afirma que a cultura empreendedora é a que mais se adequa aos tempos atuais. O COO da Multipessoal destaca: «Esta preferência é transversal a todas as faixas etárias, à exceção da dos 25 aos 34 anos, em que a preferência está na cultura de clã (41%). Quem admite estar numa empresa com cultura de clã refere que é o tipo de cultura que mais prefere, contudo, entre os inquiridos das restantes opções, a grande maioria refere preferir efetivamente ter uma cultura empreendedora, que gira em torno da inovação, do sucesso e da flexibilidade, promovendo a proatividade e a geração de ideias.»
Quanto aos elementos que caracterizam a cultura da empresa, a boa relação com a equipa (72%), o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional (67%) e o reconhecimento profissional (62%) são os aspetos mais valorizados. As oportunidades de progressão são identificadas por 53% dos participantes, denotando-se uma evidente valorização crescente deste fator quanto mais elevado é o nível de escolaridade dos profissionais.
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Salário competitivo é o benefício mais valorizado, mas poucos acreditam tê-lo
Relativamente aos benefícios oferecidos atualmente pelas empresas, o subsídio de alimentação (75%), a disponibilização de equipamento informático (38%) e o estacionamento gratuito (37%) são os mais comuns, de acordo com os inquiridos. No entanto, mais de metade dos profissionais (56%) afirma que um salário competitivo é o benefício que mais valorizam, sendo que apenas 13% refere tê-lo.
André Ribeiro Pires enfatiza: «Existe um claro desfasamento entre aquilo a que os profissionais portugueses mais atribuem importância e aquilo a que realmente têm acesso nos seus empregos atuais. Esta tendência acentua-se ainda mais para as mulheres, sendo que apenas 9% afirma ter um salário competitivo, face a 18% dos homens, o que levanta, mais uma vez, preocupações quanto à desigualdade entre géneros no contexto laboral.»
Paralelamente, quanto mais elevadas são as habilitações literárias dos profissionais, mais importância é dada ao nível de remuneração. Se 44% dos indivíduos com até ao nono ano consideram este fator o mais importante, o valor sobe significativamente para 59% para as pessoas que completaram o ensino universitário.
Ainda no que se refere aos benefícios, o tema da saúde mental é visto de forma muito diferente consoante a idade dos profissionais. Os mais novos valorizam significativamente mais o acesso a plataformas de apoio à saúde mental do que os restantes targets, em especial o target mais velho dos 55 aos 64 anos. Quanto a este tema, «embora, de acordo com esta pesquisa, a saúde mental ainda não surja como uma das principais prioridades dos profissionais portugueses, estes dados evidenciam que este será um tema com importância crescente a médio-prazo, à medida que as agora gerações mais novas se integram e constituem cada vez mais uma fatia relevante do mercado de trabalho», refere o COO da Multipessoal.
Outra das componentes em análise no estudo da empresa de recursos humanos foi a aposta em formação por parte das empresas. Os dados revelam que esta é muito valorizada pelos colaboradores, com 88% dos inquiridos a afirmar valorizar muito ou totalmente ter acesso à mesma em contexto profissional. Os tipos de formação mais apreciados são cursos de desenvolvimento pessoal, selecionados por 56% da amostra, cuja importância se acentua à medida que o nível de escolaridade é mais alto, seguidos pelos cursos de línguas (55%) e os cursos de informática na ótica do utilizador (41%). cerca de dois terços dos colaboradores afirma sentir necessidade de ter formação externa para evoluir no seu trabalho.
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Metade identifica-se com o seu trabalho, mas há variações em função da idade
Quando questionados sobre a identificação com o local de trabalho, mais de metade da amostra diz identificar-se com o seu emprego atual. No, entanto, quanto menor a idade, menor o nível de identificação – se 71% dos indivíduos dos 55 aos 64 anos afirma identificar-se com o seu emprego atual, este valor decresce bastante para pessoas entre os 18 e os 24, com 55% a fazerem a mesma afirmação.
Em termos de motivações, seis em cada 10 inquiridos refere que a sua grande motivação é fazer atualmente algo que realmente goste e afirma que se sente muito envolvido com o seu trabalho e se identifica com o que faz. O valor desta afirmação é significativamente superior junto do target dos 55 aos 64 anos.
Finalmente, quando questionados sobre os fatores que os fariam despedirem-se da sua empresa atual, mais uma vez um salário pouco competitivo é o principal motivo apontado, tanto por homens como por mulheres. No entanto, nos segmentos mais jovens, destaca-se, mais do que um salário competitivo, a falta de progressão salarial e a falta de reconhecimento profissional como fatores importantes para sair da empresa atual.
André Ribeiro Pires conclui: «Mais uma vez, verificamos que as motivações mudam consoante o contexto e, em particular, a idade, e que os mais jovens tendem a atribuir grande importância às oportunidades de progressão de carreira e à valorização do seu contributo profissional. Num momento em que se vão observando diversas mudanças nas dinâmicas de mercado de trabalho, com grandes desafios ao nível da retenção de talentos, é fundamental que as organizações se mantenham atentas e sejam proactivas na forma como endereçam estas questões.»
Realizado nos meses de abril e maio de 2022, o estudo da Multipessoal, em parceria com a Netsonda, contou com entrevistas realizadas on-line a um total de 800 participantes.