«A Lenda de La Peregrina» conta a história da mais famosa pérola do mundo, uma joia da coroa espanhola que sobreviveu a guerras, revoluções, traições e a grandes histórias de amor, usada ao pescoço por rainhas e que acabou no pescoço da atriz Elizabeth Taylor. É este o tema do novo romance da escritora uruguaia, residente em Espanha, Carmen Posadas, autora de «Pequenas Infâmias», «A Filha de Cayetana» e «A Mestre das Marionetas».
Texto: Redação Human
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Editado pela Casa das Letras e disponível já esta semana, o novo romance de Carmen Posadas (na foto), tem tradução de Beatriz Sequeira.
A história da mais famosa pérola do mundo é o que surge em «A Lenda de La Peregrina». Proveniente das águas do mar das Caraíbas, esta pérola em forma de pera foi entregue no século XVI a Filipe II, e desde então tornou-se uma das joias principais da monarquia hispânica. La Peregrina foi oferecida por Filipe III de Espanha a Maria I de Inglaterra nas vésperas do casamento, e usada na famosa pintura de Hans Eworth ainda hoje exposta na National Portrait Gallery, em Londres. Após a morte de Maria I de Inglaterra, em 1558, foi entregue aos cuidados da Monarquia de Espanha, onde permaneceu por 250 anos como uma das peças favoritas, por exemplo, de Margarida de Áustria, rainha de Portugal e Espanha. A rainha usou a pérola na celebração do tratado da paz entre Espanha e Inglaterra em 1605.
Após a Guerra da Independência Espanhola, teve então início a segunda vida de La Peregrina. Já em 1808, o irmão mais velho de Napoleão Bonaparte, Joseph Bonaparte, tornou-se rei de Espanha, e quando após cinco anos foi forçado a abandonar o Reino levou consigo a pérola. Entregou-a mais tarte ao seu sobrinho Louis-Napoleão. A pérola foi então vendida a James Hamilton, primeiro duque de Abercorn, que a ofereceu à sua esposa, Luísa. A família Hamilton teve posse da pérola até ao ano de 1969, quando foi decidido colocá-la em leilão na Sotheby’s, em Londres.
Foi então que o ator norte-americano Richard Burton a ofereceu como presente de amor, em Dia de Namorados, a outra mulher mítica: a atriz Elizabeth Taylor. Em dezembro de 2011, a pérola (integrada num colar de diamantes Cartier), foi vendida como parte integrante das joias de Elizabeth Taylor em leilão na Christie’s, em Nova Iorque.
Carmen Posadas partilha: «Para traçar as andanças de mais de 400 anos da pérola La Peregrina, tive de viajar, investigar e devorar centenas de livros, mas desfrutei de cada minuto. A minha intenção foi sempre ser o mais fiel possível aos factos. Tive de inventar alguns diálogos e algumas situações, afinal trata-se de um romance. Mas, ao fazê-lo, tentei ser escrupulosa com a verdade. Por isso, tenho de fazer uma confissão. Apesar de o ter tentado por todos os meios, não consegui descobrir o que aconteceu à pérola, uma vez vendida, depois da morte de Elizabeth Taylor.»
Uruguaia de nascença, Carmen Posadas vive em Madrid desde 1965, embora tenha passado longos períodos em Moscovo, Buenos Aires e Londres, cidades onde o pai exerceu cargos diplomáticos. Começou por escrever para crianças e em 1984 recebeu o Prémio do Ministério da Cultura de Espanha para o melhor livro infantil desse ano. É ainda autora de ensaios, guiões de cinema e de televisão, de relatos e de vários romances, entre os quais se destaca «Pequenas Infâmias», galardoado com o Prémio Planeta de 1998, e que foi objeto de críticas excelentes no «The New York Times» e no «The Washington Post». Os seus livros foram traduzidos para 23 línguas e são publicados em mais de 40 países. O acolhimento internacional, por parte dos leitores e da imprensa especializada, tem sido incomparável. Em 2002, a revista «Newsweek» aclamou Carmen Posadas como «uma das autoras latino-americanas mais relevantes da sua geração».
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Nota: foto de Carolina Roca.