A energia transformadora que se sobrepõe às circunstâncias

Tudo o que parecia inconcebível aconteceu e sem chegada anunciada. Nenhuma previsão conseguiria adivinhar os acontecimentos de 2020. O mundo mudou, as rotinas, os negócios, enfim, todos os dias há uma novidade e a mudança tornou-se uma constante ainda mais evidente. Apesar das perdas causadas pela pandemia, conseguimos perceber que paira no ar uma energia de transformação e reinvenção verdadeiramente inspiradora.

Texto: Andreia Bandarra Henriques

 

Numa questão de dias, a maioria das pessoas descobriu o teletrabalho, constatou que o homebanking existe, funciona e é precioso; que os contact centers e os assistentes virtuais resolvem problemas reais e que o comércio on-line está mesmo à mão… Alguém imaginou ter os filhos como colegas de escritório e perceber que fazem aulas nas mesmas plataformas que usamos para fazer videoconferências com os clientes? Fizemos tanto em tão pouco tempo… Somos definitivamente parte da história que um dia será contada sobre o salto tecnológico provocado pela Covid-19.

Meses após o primeiro impacto, já podemos afirmar que a generalidade das pessoas se adaptou ao teletrabalho de forma inequívoca. É certo que todos sentimos falta da proximidade do escritório, dos momentos de convívio habituais, da conversa de café, mas temos de reconhecer que esta nova realidade também nos deu muita coisa: acima de tudo, tempo, que antes era desperdiçado em viagens e que agora pode ser atribuído à família, ao bem-estar ou à formação.

Por outro lado, os últimos meses já permitem às organizações perceber o que pode vir a seguir, o que os colaboradores precisam e anseiam nestes novos tempos e onde devem investir os seus esforços. Assim, é de antever:

(1) Que os escritórios sejam reinventados e passem a ser geridos por soluções de space management, que permitem reservar espaços e analisar fluxos de utilizadores. Virtudes importantes em contexto de pandemia para efeitos de controlo de distâncias e higienização.

(2) A introdução de tecnologias com inteligência artificial para medir distanciamentos e heatmaps de pessoas, que são igualmente relevantes no atual contexto, mas que podem também ajudar as organizações a adequar a sua oferta e as suas condições.

(3) Que sejam acrescentadas funcionalidades tecnológicas, de biometria, por exemplo, que tornem os escritórios mais inteligentes e seguros.

(4) A transição definitiva dos dados das organizações para a cloud.

(5) Um crescimento da utilização de aplicações de trabalho colaborativo.

(6) O surgimento de soluções de Realidade Aumentada e Virtual para colocar no ambiente virtual as formações que antes se faziam presencialmente. Uma tecnologia que já é aplicada a eventos e até em atividades relacionadas com manutenção e inspeção de equipamentos. Algo que protege as pessoas e oferece ganhos do ponto de vista de rentabilidade e de impacto ambiental.

Termino, para sublinhar a ideia de que devemos encarar a dificuldade destes tempos focando-nos no que de realmente positivo podemos retirar deles, nomeadamente o ambiente de evolução que estamos a experimentar, a energia de transformação que nos envolve e a tecnologia de vanguarda que nos inspira e faz sonhar.

 

 

»»»» Andreia Bandarra Henriques é manager na área de Digital Strategy & Technology na everis Portugal