A nossa nova realidade tem-nos obrigada a olhar as pessoas e as organizações de forma diferente. Fomos forçados a reinventar-nos enquanto pessoas, enquanto profissionais, enquanto líderes e enquanto organizações.
Texto: Carla Ferreira
Nunca antes os líderes tiveram um desafio tão grande. Nunca antes os colaboradores foram tão desafiados. A pandemia trouxe-nos desafios para superar em conjunto.
O primeiro desafio é o de manter a proximidade nas nossas equipas, mesmo quando o trabalho é feito de forma remota. Com os colaboradores fora do espaço físico habitual de trabalho, a estratégia de comunicação eficaz ganhou um novo impacto e uma importância fulcral. Nunca antes foi tão importante comunicar de forma clara e objetiva e direcionar a comunicação para a equipa e para a implementação de estratégias conjuntas, para sentirmos que a proximidade não se mede pela questão física, mas sim pela cooperação e pela interajuda.
Um segundo desafio passa por defender a resiliência num período onde a capacidade de lidar com os problemas, de nos adaptarmos à mudança e superar os obstáculos que nos surgem é fundamental. É preciso olhar para as pessoas como verdadeiras pessoas. Nem todas reagem da mesma forma. Os receios são distintos, e os líderes têm que alimentar a esperança e cuidar da saúde mental da equipa.
Um terceiro desafio centra-se em gerir equipas em teletrabalho: equilibrar produtividade com gestão emocional. A produtividade de cada colaborador pode dar-nos indicadores da sua motivação para o trabalho. É natural que a maioria das pessoas se possa sentir menos produtiva em casa, e os líderes têm de ter essa noção. Também é natural que surjam algumas dificuldades de gestão emocional – gerir filhos, trabalho, casa, medos e incertezas é muitas vezes um grande desafio que os colaboradores enfrentam neste contexto.
Um quarto desafio passa pela adaptação do «ambiente de Trabalho» – muitos me têm questionado sobre se nos últimos meses o ambiente de trabalho melhorou ou piorou. Se tivesse de responder, diria que se alterou. Não o podemos ver numa lógica de melhor ou pior, de branco ou preto, mas numa logica de diferente. E nesta alteração que todos sentimos é importante mais do que nunca contar com lideranças flexíveis e adaptadas à nossa organização. É fundamental compreender e apoiar os colaboradores, acompanhá-los de forma próxima, transmitir segurança e motivação e envolver todas as pessoas neste processo de mudança e numa missão coletiva de equipa. Se assim for, acredito que possamos ter um ambiente de trabalho ajustado às necessidades de todos.
Um quinto desafio – manter organizações saudáveis. A pandemia vem obrigar as organizações a adaptarem-se e a fazerem mudanças mais rápidas. É nestes períodos que colocamos à prova a nossa criatividade e descobrimos novos modelos de negócio e novos produtos/ serviços. A par disso, traz uma necessidade de melhorar conhecimentos e de experienciar novas formas de adquiri-los. Traz com certeza associado mais informalismo, mais sentido pratico, maior eficiência na utilização de recursos. As tecnologias certamente irão estar mais presentes na vida de qualquer organização. Quem tiver oportunidade de se adaptar neste período, acredito que estará mais forte no período pós-pandemia. A mudança passa pela adaptação às novas tecnologias, mas acima de tudo por uma liderança positiva e uma abertura a novas ideias e paradigmas.
»»»» Carla Ferreira é chief executive officer (CEO) da Factor H