Barlavento
Uma reedição ao fim de 77 anos

Foi a 21 de agosto, pelo fim da tarde, em Ferragudo, no Algarve. A vila comemorava os 500 anos da criação do lugar de Ferragudo, com a visita de uma rainha e a reedição de um romance notável.

Texto: Redação Human

 

O romance Barlavento, de Luís António dos Santos, acaba de ser reeditado pela On y va. A apresentação decorreu a 21 de agosto, em Ferragudo, terra natural do autor. Comemorava-se os 500 anos da criação do local Ferragudo, que daria origem à atual vila do concelho de Lagoa, tanto no início, de surpresa, surgiu a Rainha Dona Leonor, que fez uma intervenção brilhante e inspiradora virada para o futuro. Foi ainda lido, pelo pajem da rainha, o texto do foral de há 500 anos.

A cerimónia incluiu a apresentação de Barlavento, numa segunda edição, da On y va, 77 anos depois da edição original. Durante a apresentação, intervieram Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Veríssimo, presidente da Junta de Freguesia de Ferragudo, Tomás Santos (que falou sobre o autor, uma figura notável do concelho e sobretudo de Ferragudo) e David Roque (que falou sobre o livro).

De assinalar ainda as presenças da diretora regional de cultura do Algarve, Adriana Freire Nogueira, da vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lagoa, Ana Martins, da diretora da Biblioteca Municipal de Lagoa, Clara Andrade, e do editor da On y va, António Manuel Venda.

No prefácio da primeira edição de Barlavento, o escritor Domingos Monteiro escreveu ainda na primeira metade do século passado: «Tal como o Algarve não é apenas o do mágico e fugaz sortilégio das amendoeiras em flor, mas o das montanhas escalvadas que a erosão cruelmente trabalha, que o sol cresta e que a invernia fustiga, também o algarvio não é apenas o bailador do corridinho e o cantador de trovas ligeiras como a espuma das ondas, mas o homem da gleba e dos abismos do mar, com uma humanidade perturbada e profunda./ A culpa, porém, não é só dos que o julgam de fora e por fora./ A literatura algarvia, tão rica em criação poética – e basta recordar-nos João Lúcio, Cândido Guerreiro e Bernardo Passos, sem falar de João de Deus, que esse excede todos os limites geográficos –, é, se excetuarmos o grande Teixeira Gomes, pobre na caracterização e quase nula na revelação e na análise das almas e dos sentimentos./ É essa lacuna grave que o livro do Dr. Luís António dos Santos, em parte, vem preencher./ Essa circunstância, só por si – se não tivesse outras virtudes literárias, que as tem e em alto grau –, seria o bastante para o tornar, além de uma obra meritória, um livro notável.»

 

O autor

Luís António dos Santos (1889-1974) formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Ainda bastante novo, quando era alferes miliciano, foi delegado do governo e administrador do Concelho de Portimão. Seguiu-se o desempenho de funções como conservador do Registo Civil do Barreiro, primeiro, e depois do Registo Civil de Sintra, onde se aposentou. Regressado ao Algarve, foi presidente da Câmara Municipal de Lagoa entre 1962 e 1970, tendo ficado ligado a importantes obras na sede do concelho e nas freguesias. A rua onde nasceu, na vila de Ferragudo, tem hoje o seu nome. Barlavento é a única obra literária que deixou publicada.

 

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