Claudia Kittredge, da Cisco
«O bem-estar dos nossos colaboradores é fundamental.»

A responsável da Cisco fala das especificidades da área das novas tecnologias no que diz respeito à gestão das pessoas e à sua retenção. Na empresa, querem manter os colaboradores felizes e motivados, porque acreditam ser essa a chave do sucesso.

Texto: Redação Human

 

Como caracteriza a atividade da Cisco, assim como o seu mercado, nomeadamente em Portugal?

A Cisco é líder em tecnologia que tem feito a internet funcionar há mais de 30 anos. Ajudamos as organizações a tirarem partido das oportunidades do futuro, mostrando os benefícios que ocorrem quando se liga tudo o que anteriormente não estava ligado. Em Portugal, temos uma longa história de presença e investimento. O país faz parte do programa Country Digital Acceleration (CDA), que visa ajudar a acelerar a transformação digital dos países, formalizado pela assinatura em 2018 de um memorando de entendimento (MoU) entre o Governo de Portugal e a Cisco. O programa CDA fomenta a criação de parcerias e o coinvestimento entre a Cisco, as comunidades locais, os governos e as empresas com o intuito de capturar as oportunidades apresentadas por uma economia digital, impactando positivamente o crescimento do PIB, a educação, a inovação e a competitividade, assim como a inclusão social e a qualidade de vida. Ambicionamos assumir um papel relevante no crescimento e competitividade do país, atuando em áreas críticas e da maior importância como as competências digitais, a produtividade e a inovação. Neste sentido, prosseguindo uma estratégia de reforço do investimento da Cisco no país, abrimos em junho do ano passado o Centro Cisco Customer Experience, que coloca ao dispor conhecimento especializado e ferramentas para ajudar os nossos clientes a terem sucesso em todas as etapas do seu percurso de desenvolvimento tecnológico.

Que perfis de pessoas procuram para a Cisco?

Na Cisco procuramos, maioritariamente, perfis técnicos com foco em tecnologias de cibersegurança, Enterprise Networking, SP, Data Center, e nas novas áreas tecnológicas da Cisco (DNA, Hyperflex, ACI, entre outras). Estamos a contratar tanto profissionais experientes como recém-licenciados, pessoas com conhecimentos técnicos, engenheiros e gestores de projeto, por exemplo. Procuramos perfis com competências voltadas para os clientes e também de consultoria. Para além das competências técnicas (hard skills), as competências linguísticas, a capacidade de inovar e as ditas competências comportamentais (soft skills) são, obviamente, características diferenciadoras que valorizamos e que nos permitem manter um serviço de excelência que prestamos aos nossos clientes, bem como a garantia de qualidade que damos aos nossos parceiros.

Nas soft skills, o que é que valorizam especialmente?

Para além das competências técnicas referidas anteriormente, na Cisco valorizamos competências de gestão, linguísticas, capacidade de trabalho em equipas heterogéneas, orientação para o cliente, consultoria, pensamento crítico, inovação, capacidade de interação e partilha. Atualmente temos uma equipa formada por mais de 35 nacionalidades, que nos permite uma experiência multicultural enriquecedora quer a nível laboral, bem como pessoal. Privilegiamos o conforto, o bom ambiente de trabalho e outros complementos que contribuam para o bem-estar e para o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal dos nossos colaboradores.

Como gerem as expectativas das vossas pessoas, pensando sobretudo na sua retenção?

A nossa perspetiva sobre a gestão das expectativas dos colaboradores é simples: queremos mantê-los felizes e motivados, porque sabemos que essa é a chave do nosso sucesso. O bem-estar dos nossos colaboradores é fundamental. Um colaborador que tenha acesso a boas condições de trabalho, e se sinta feliz e realizado, é mais produtivo, empenhado e fiel à organização. Assim, adotamos e implementamos iniciativas internas que promovem o bem-estar a nível físico e mental, a felicidade e a motivação. Na Cisco, defendemos a meritocracia como o modelo de gestão, garantindo que todos podem ascender a cargos de liderança e de gestão de equipas, tendo em conta as suas competências técnicas e comportamentais. Assim, todos têm as mesmas oportunidades na carreira. Por fim, colocamos a equipa de gestão ao serviço dos colaboradores e não o contrário, o que significa que temos disponibilidade total para apoiar os nossos profissionais, deixando claro que podem contar connosco.

 

Um colaborador que tenha acesso a boas condições de trabalho, e se sinta feliz e realizado, é mais produtivo, empenhado e fiel à organização.

 

O que é que se destaca mais nos benefícios que a Cisco disponibiliza?

Tentamos promover um ambiente saudável e inclusivo, garantindo que todos os nossos colaboradores se sintam bem no seu local trabalho. Estamos certos de que isso nos permitiu ficar sempre no top três das empresas consideradas «Great Place to Work» em Portugal, nos últimos 10 anos. Assim como ficarmos em primeiro lugar na «World’s Best Workplaces 2019». Atualmente, a flexibilidade laboral é um dos fatores críticos de satisfação; enquanto líderes tecnológicos, procuramos disponibilizar tecnologia que garanta os nossos níveis de produtividade, qualidade, independentemente do local onde os nossos colaboradores se encontram. Isto permite uma melhor gestão do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Desenvolvemos várias atividades internas que abrangem diversas áreas, por exemplo: alimentação saudável, serviço de catering diário, sessões de mindfulness, massagens e descontos em ginásios. Fomentamos a formação de grupos desportivos e a partilha de conhecimento entre os colaboradores. Retribuir faz parte da cultura da Cisco e é exatamente isso que fazemos. Mobilizamos donativos e dedicamos o nosso tempo a ajudar as comunidades locais, em parceria com organizações sem fins lucrativos, procurando fazer uma diferença significativa. Todos os nossos funcionários têm cinco dias de Time2Give por ano, tempo livre remunerado para serem voluntários de alguma causa solidária à sua escolha.

É possível de alguma forma medir o impacto destes benefícios nas pessoas, em termos de motivação, e ainda nos resultados da Cisco?

O facto de nos preocuparmos com o bem-estar e a felicidade contínua dos nossos colaboradores potencia maior inovação, produtividade, compromisso e colaboração. Na Cisco, os dias vivem-se de forma ativa e entusiástica por parte de todos os colaboradores. Acreditamos que a satisfação e o sentimento de utilidade e de, entre aspas, trabalho bem feito tem um enorme impacto positivo na forma como se sentem consigo mesmos, aumentando a sua confiança e permitindo que levem esse bem-estar também para casa ao final do dia e isso, obviamente, tem impacto positivo no negócio.

Na área das novas tecnologias há especificidades em termos de recursos humanos? Ou seja, podemos dizer que os colaboradores são diferentes dos de outras áreas?

Na nossa área são necessários recursos altamente qualificados, com conhecimentos tecnológicos específicos, competências linguísticas e especialização nas funções que estas novas tecnologias exigem. Infelizmente, deparamo-nos com uma escassez de recursos especializados, que representa um desafio para o país e para a Cisco. A pensar neste aspeto, desenvolvemos o programa Cisco Networking Academy, o maior investimento social da Cisco no suporte ao desenvolvimento de competências e carreiras na área das tecnologias de informação e comunicação, fundamentais para acelerar a transformação digital. Os cursos são disponibilizados gratuitamente para instituições sem fins lucrativos elegíveis, tais como escolas secundárias, escolas profissionais, politécnicos, universidades, instituições de apoio ao emprego e à reinserção social, entre outras.

Há a ideia de que a área das novas tecnologias atrai muitas pessoas das novas gerações. Isso representa novos desafios para a Cisco?

De facto, assistimos cada vez mais ao interesse das novas gerações pela área das novas tecnologias. Esta realidade coloca alguns desafios adicionais às empresas, nomeadamente em termos de adaptação e inclusão, mas acreditamos que todos eles são solucionáveis. No caso dos colaboradores, por exemplo, tendo em conta as diferenças geracionais, por vezes é necessária a implementação de atividades e ações de formação internas, para que ninguém se sinta ou ultrapassado ou de parte. Outra das nossas preocupações é a inclusão de ambos os géneros: é crucial que passemos a viver numa sociedade que acredita e promove a participação das mulheres na área tecnológica. Acreditamos firmemente no poder do pensamento diversificado e apoiamos uma cultura inclusiva, abraçando e aproveitando os talentos de todos os nossos funcionários. A nossa cultura é muito inclusiva, o que ajuda a criar um ambiente de confiança e impulsiona as melhores equipas, o que nos permite reter os melhores talentos e posicionar a Cisco como um dos principais empregadores.

 

DESTAQUE

Um centro de suporte em Lisboa

«A Cisco tem vários centros de serviços de assistência técnica em diversas cidades de todo o mundo e cada unidade tem um perfil muito próprio, focado nas funções aí existentes, nas competências técnicas e na cobertura geográfica», partilha Claudia Kittredge, acrescentando ainda que as suas equipas estão também focadas em serviços de consultoria e serviços profissionais.

A responsável destaca «a abordagem positiva do Governo Português aos investimentos baseados em conhecimento, em conjunto com a qualidade das universidades portuguesas, a força de trabalho robusta e o ecossistema de empreendedores de qualidade única foram muito importantes para a decisão da Cisco no que toca à abertura de um centro de suporte em Lisboa». Este centro veio complementar a rede que a cisco tem a nível da região EMEAR [Europe, Middle East, Africa, Russia], abrindo espaço e dando oportunidade a novos talentos e à diversidade. «É um orgulho poder gerir esta equipa e testemunhar a sua qualidade e compromisso, que se traduzem num serviço de excelência», salienta Claudia Kittredge.

 

 

»»» Claudia Kittredge, senior director da Cisco, dirige o Cisco Customer Experience Center de Lisboa, tendo ainda responsabilidades ao nível da região EMEAR, que inclui a Europa, o Médio Oriente, África e a Rússia. Com uma longa carreira na tecnológica e uma experiência multifacetada, formou-se em Gestão na Temple University (Filadélfia, Pensilvânia, Estados Unidos) e frequentou o «Executive Program» da Wharton Business School, uma escola de gestão ligada à University of Pennsylvania. De assinalar que a Cisco é líder mundial em tecnologia que tem mantido a Internet a funcionar desde 1984. As suas pessoas, os seus produtos e os seus parceiros «ajudam a sociedade a estar conectada de forma segura e encontrar hoje a oportunidade digital de amanhã», acredita-se na empresa.