Mariana Sá
«Nunca como hoje foi tão gratificante trabalhar em recursos humanos.»

Com uma carreira de uma dezena de anos em consultoria para a gestão de pessoas, Mariana Sá entrou no ano passado para a Carglass Portugal, onde é responsável pela Direção de Recursos Humanos. Fala de uma empresa onde «existe uma cultura naturalmente muito orientada para as pessoas», o que, reconhece, acaba por facilitar muito o seu trabalho.

Texto: Redação «human»/ Foto: DR

 

Como define o negócio da Carglass e como caracteriza o mercado em que opera?

A Carglass é uma empresa de serviços a atuar no sector automóvel, dedicada essencialmente à reparação e à substituição de vidro, fazendo parte do grupo Belron, o maior do mundo nesta área. Em Portugal, fomos os primeiros a avançar com a técnica de reparação de vidro, há 30 anos, e temo-nos distinguido no mercado precisamente por esta atitude pioneira e de foco no cliente, estando a qualidade do serviço no topo das nossas prioridades. Neste momento, e seguindo esse mesmo princípio, um dos nossos grandes investimentos, a par da reparação e da substituição de vidro, passa pela especialização na calibração dos sistemas ADAS (sistema avançado de assistência ao condutor), atuando na defesa da segurança dos clientes e em fazer a diferença na sua vida – sendo esse o nosso propósito enquanto empresa.

Que tipo de pessoas procuram ter na empresa?

Na Carglass a cultura é um fator extremamente importante e valorizado, pelo que acima de tudo procuramos ter pessoas alinhadas com os nossos valores e com a nossa forma de estar – que sejam por isso naturalmente genuínas, colaborativas, comprometidas e solidárias. Acreditamos francamente que com estas valências tudo o resto será mais fácil.

Além das competências técnicas, que outras competências privilegiam nos colaboradores?

As competências comportamentais que temos definidas são também elas inspiradas nos nossos valores corporativos, mas já também com um olhar no futuro e no que será fundamental daqui para a frente – passam assim pela paixão e pelo compromisso, o foco no cliente, a ambição por resultados, a colaboração, a flexibilidade, a capacidade de pensar futuro e o desenvolvimento pessoal. Para quem gere equipas, privilegiamos essencialmente líderes que tenham capacidade de inspirar, de desafiar e de trazer novos insights, mas também de acompanhar e desenvolver as suas pessoas no dia-a-dia.

Como gerem a formação na empresa?

Na Carglass temos um desafio grande a este nível, que passa pela dispersão geográfica, pelo que a principal prioridade para o próximo ano será o lançamento de uma plataforma de e-learning para toda a empresa, que tenha por trás uma filosofia de gamification, que incentive os colaboradores a participarem e a divertirem-se enquanto aprendem. Para além disso, temos como prioridade a aposta na formação e no desenvolvimento das nossas lideranças, para que elas próprias possam ter um papel ativo no desenvolvimento das suas equipas on-job. E porque acreditamos que a organização tem um papel crucial no desenvolvimento das suas pessoas a 360 graus, paralelamente com o desenvolvimento de competências comportamentais e técnicas, procuramos apostar na dinamização de sessões formativas ligadas à saúde e ao bem-estar do colaborador, à sua gestão financeira, entre outras, que favoreçam o seu crescimento.

E em relação às expectativas dos colaboradores, pensando sobretudo na retenção?

Para gerir as expectativas dos colaboradores é preciso em primeiro lugar conhecer essas expectativas, através de uma cultura de proximidade e diálogo que procuramos ter com as nossas pessoas. As lideranças assumem assim aqui um papel fundamental no acompanhamento diário que fazem das suas equipas. Além disso, temos outras ferramentas para recolha do feedback dos colaboradores, como seja um pulse de engagement que é enviado mensalmente para todos os colaboradores.

Que benefícios destaca na Carglass para os colaboradores?

Para além do enorme benefício que é trabalhar num Great Place to Work, em que a cultura de informalidade, proximidade, flexibilidade e entreajuda é uma constante, destacamos como principais benefícios a oferta de seguro de saúde para todos os colaboradores, condições especiais no seguro de saúde para familiares, um conjunto de parcerias com empresas de diferentes sectores, descontos especiais nos nossos produtos e um benefício muito especial, que é a colaboração com a consultora Albenture, desde janeiro de 2019.

Essa colaboração tem a ver sobretudo com o bem-estar das vossas pessoas no trabalho?

Precisamente. O principal propósito passou por podermos potenciar o work-balance dos nossos colaboradores, oferecendo-lhes um serviço que lhes permite poupar tempo num conjunto de tarefas acessórias, mas muito relevantes, com a garantia de que serão conduzidas por especialistas nas respetivas áreas de atuação.

Pode dar alguns exemplos dos serviços que são assegurados?

Os colaboradores contactam diretamente a Albenture de forma completamente anónima para solicitar ajuda de diferentes tipos: assessoria legal, financeira e fiscal, assessoria médica, assessoria em imobiliário e educação, dicas para tempos livres e entretenimento, entre outras… Para além disso, a Albenture tem-nos apoiado na dinamização de alguns workshops internos em temas como gestão financeira, a importância do sono no bem-estar, etc.

Conseguem de alguma forma medir o impacto desses serviços no bem-estar dos colaboradores, na motivação para o trabalho, até nos resultados conseguidos?

Neste momento medimos essencialmente a satisfação dos colaboradores com este serviço, que tem sido muito positiva, com valores acima dos 95%, assim como uma estimativa das horas poupadas no trabalho ao usufruírem do serviço, com base nos pedidos que são realizados mensalmente.

Para si, qual é o principal desafio na gestão das pessoas na Carglass?

Na Carglass existe uma cultura naturalmente muito orientada para as pessoas, o que acaba por facilitar muito o meu trabalho, porque já existe predisposição para um conjunto de ações e iniciativas. O maior desafio prende-se essencialmente com a dispersão geográfica, que por vezes dificulta a possibilidade de chegarmos mais perto das pessoas e de as envolver em ações que impliquem deslocação do local de trabalho.

Esse desafio é muito diferente de outros que tenha tido na sua carreira profissional?

A maioria do meu percurso profissional foi feito em consultoria de recursos humanos, pelo que este é sem dúvida um desafio muito diferente e muito aliciante, pela possibilidade de acompanhar todos os projetos de A a Z e sentir o real impacto que podemos fazer nas pessoas.

Que balanço faz do seu percurso profissional?

Sinto que já passou muito tempo, mas que ao mesmo tempo ainda agora comecei. Sinto um enorme orgulho no percurso que fiz até aqui e das aprendizagens que tive, mas ao mesmo tempo uma vontade muito grande de explorar e trabalhar as diferentes vertentes que envolvem a gestão de recursos humanos agora num novo sector, que desconhecia. Para além disso, acho francamente que nunca como hoje, com os avanços tecnológicas e a nova força de trabalho que temos, foi tão gratificante trabalhar nesta área.

 

 

»»» Mariana Sá, natural do norte e apaixonada por pessoas, é licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de São Paulo, mas desde sempre se interessou pelo mundo das organizações, acreditando que ao fazer a diferença na vidas das pessoas no trabalho (onde passam a maioria do seu tempo), poderia fazer mais a diferença na sua vida. Assim, há cerca de 10 anos iniciou o seu percurso na área da consultoria de recursos humanos, tendo passado por empresas como a Ray Human Capital, a Jason Associates e a Mercer, onde desenvolveu projetos nas mais diferentes áreas da gestão de pessoas. Em março do ano passado assumiu a Direção de Recursos Humanos da Carglass em Portugal.