Secretárias jurídicas ambicionam ter progressão na carreira e formação

A Michael Page realizou um estudo, pelo terceiro ano consecutivo, sobre o recrutamento nas principais sociedades de advogados em Portugal, que inclui os perfis de suporte – rececionistas, administrativas e secretárias –, concluindo que a maioria tem uma licenciatura, a antiguidade na empresa varia entre os seis meses e os 11 anos, e os salários podem chegar aos 2.600 euros mensais.

O estudo «Tendências das Funções de Suporte no Sector Jurídico», realizado pela equipa de Secretarial & Management Support da Michael Page, teve como objetivo a análise da realidade das funções de suporte dentro das sociedades de advogados, assim como a perspetiva dos colaboradores que exercem estas funções.

A apresentação do estudo contou com a participação das sociedades de advogados VdA, Valadas Coriel, PLMJ, Gómez-Acebo & Pombo, MLGT, SRS e Cuatrecasas.

De acordo com os dados obtidos junto de candidatas do género exclusivamente feminino, a formação académica predominante é a licenciatura, com uma percentagem de 66,7%, sendo que 18,9% concluiu o ensino secundário e 13,5% tem mestrado. Relativamente aos idiomas, 100% indica falar corretamente inglês, seguido do francês. A maioria das candidatas (73%) tem experiência profissional superior a 10 anos, sendo que 37,8% situa-se na faixa etária predominante entre os 30 e 39 anos.

O estudo analisou ainda os salários e os benefícios das candidatas, concluindo que os perfis de rececionistas apresentam um rendimento bruto mensal que varia entre 680 e os 1.050 euros e as funcionárias administrativas entre 750 e 1.500. Os perfis de secretariado apresentam a remuneração mensal mais elevada, que pode variar entre 750 e 2.600. No entanto, a remuneração mensal bruta predominante situa-se entre 1.200 e 1.500 euros, e é complementada por benefícios associados ao pacote salarial, nomeadamente o prémio anual, referido por 66,7% das inquiridas, e o seguro de saúde, por 62,5%. Relativamente aos benefícios desejados, mais de metade das candidatas (60,6%) gostaria de ter subsídio de transporte e 45,5% estacionamento.

Na análise, na evolução e na perceção das candidatas relativamente ao que mais valorizam na área, 72,2% refere a transversalidade, a vertente técnica e a oportunidade de trabalhar com temas concretos, e mostra um forte interesse e gosto em trabalhar na área, com apenas 13,5% a indicar descontentamento devido a fatores como o ambiente e o stress. Em termos de promoção, a componente salarial é mencionada por menos de metade das inquiridas como a mais valorizada (44,4%). Cerca de 30,6% refere ainda que gostaria de ter mais responsabilidades associadas à função que desempenha.

O estudo revela ainda aspiração relativamente à evolução na carreira profissional, com mais de metade das entrevistadas (63,95) a indicar que gostariam de ter um plano de progressão definido. A formação complementar em idiomas para aplicação na área jurídica e em temas funcionais, como secretariado forense e plataformas jurídicas digitais, é também valorizada por 49,8% e 24,9% das candidatas em cada uma das áreas.

O estudo mostra também que nas sociedades de advogados apenas 33,3% recorre a empresas de recrutamento para contratar estes perfis de suporte, sendo que a maioria (80%) gere a sua receção com equipas internas.

Nesta análise, a valorização da importância das equipas de suporte para o quotidiano e o desempenho das sociedades é reforçada, sendo que 86,7% reconhece que estes perfis acrescentam valor para a operacionalização dos processos, para o aumento da eficiência, da produtividade e qualidade de resposta aos clientes, além da gestão do escritório.

Ana Castro Dias, manager da área de Secretarial & Manager Support da Michael Page, refere: «No panorama do recrutamento dos perfis para funções de suporte no sector jurídico, as sociedades de advogados procuram cada vez mais o talento. Ao considerarem estas funções de grande importância para o bom funcionamento da sociedade, procuram atrair profissionais com formação académica, conhecimentos técnicos, domínio de idiomas e qualidades como compromisso, disponibilidade e integridade, o que tem conduzido a que este sector seja dos mais dinâmicos em termos de recrutamento.»

Por sua vez, Mariana Espírito Santo, consultora sénior da mesma área, destaca: «Na crescente importância da criação de planos de formação e progressão de carreira bem estruturados para estas funções estão as principais dificuldades enfrentadas pelas sociedades de advogados do ponto de vista de implementação. Falamos de profissionais que valorizam o reconhecimento, o desenvolvimento de carreira e de competências, e apenas as sociedades que criem políticas de formação e progressão eficientes conseguirão atrair e reter o melhor talento.»

As conclusões deste estudo, que vai na terceira edição, foram retiradas com base em entrevistas a responsáveis de 15 sociedades, de pequena, média e grande dimensão, nacionais e internacionais, que empregam de um a 136 perfis de suporte, e 37 profissionais que desempenham uma função de secretariado jurídico numa sociedade de advogados.

Mais informações sobre o estudo aqui.