Na Comuna
Um «Hamlet» só com mulheres

De sete de fevereiro a 10 de março, no Teatro da Comuna, em Lisboa, estará em cena «HAMLET(a)». Um «Hamlet» em que só entram mulheres.

Texto: Redação Human

 

Hugo Franco, o encenador de «HAMLET(a)» (Teatro da Comuna), diz que a questão «Ser ou não ser?» o inquieta, acrescentando que «inquietar-nos é uma das funções do teatro». A sua proposta para esta encenação foi a de transgredir, ele que há muito tempo tinha a ideia de fazer um «Hamlet» em que todas as personagens são interpretadas por mulheres, situação que seria impossível no século XVII, quando a peça foi escrita, pois nesse tempo as mulheres estavam proibidas de representar. O que o interessou neste processo de criação, diz, «foi a abordagem ao texto por parte das atrizes», e «as questões que daí surgiram, questões de género, claro, e também questões filosóficas, mas acima de tudo o intuito sempre foi o de contar esta história que está para além do género».

O encenador refere ainda: «Este texto representado por mulheres tem, sem dúvida, uma pulsão diferente. E é essa diferença que me interessa. Mas que diferença é essa? O amor de Hamlet pelo pai é diferente quando representado por uma mulher? A amizade de Horácio por Hamlet é diferente quando é representado por uma mulher? Mais do que um género, estas questões são essenciais à humanidade. Nesta tragédia temos amor, assassinato, traição, ódio, vingança – sentimentos transversais da natureza humana, sentimentos que não têm género… Ser ou não ser? O verbo ser não é feminino nem masculino. É irregular. É próprio da natureza humana a busca pela felicidade, eu busco a felicidade a fazer teatro. Viva o Teatro!»

Nota: foto de Eduardo Breda

Vídeo abaixo.

HAMLET(a) pela Comuna Teatro de Pesquisa

HAMLET(a)Nota do EncenadorSer ou não ser…?É uma questão que me inquieta e Inquietar-nos é uma das funções do Teatro.A minha proposta para esta encenação foi a de TRANSGREDIR, quero muito TRANSGREDIR.Há muito tempo que tenho esta ideia de fazer um "Hamlet" em que todas as personagens são interpretadas por mulheres, situação essa que seria impossível na altura em que a peça foi escrita (séc.XVII), pois nesse tempo as mulheres estavam proibidas de representar .O que me interessou neste processo de criação foi a abordagem ao texto por parte das actrizes: as questões que daí surgiram, questões de género (claro), e também questões filosóficas mas, acima de tudo, o meu intuito sempre foi o de contar esta história que está para além do género. Este texto representado por mulheres tem, sem dúvida, uma pulsão diferente. E é essa diferença que me interessa. Mas que diferença é essa? O amor de Hamlet pelo Pai é diferente quando representado por uma mulher? A amizade de Horácio por Hamlet é diferente quando é representado por uma mulher? Mais do que um género, estas questões são essenciais à humanidade.Nesta tragédia temos amor, assassinato, traição, ódio, vingança – sentimentos transversais da natureza humana, sentimentos que não têm género…SER OU NÃO SER?O Verbo SER não é feminino nem masculino. É irregular.É próprio da natureza humana a busca pela felicidade, eu busco a felicidade a fazer teatro.Viva o Teatro!!!Hugo Francocreditos_Eduardo Breda

Pubblicato da Teatro da Comuna su Venerdì 1 febbraio 2019