Quando o saber não é suficiente

A RHmais, em parceria com a Universidade Aberta, promoveu na passada sexta-feira, dia 13, em Lisboa (Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras), a quarta edição do debate «Momentos Singulares», dedicada ao tema «Gerir no Século XXI – Quando o saber não é suficiente». Contou, como habitualmente, com a participação de convidados de áreas de atividade profissional muito distintas.

No debate participaram Maria Fernanda Rollo (secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), Pedro Sequeira (presidente da Confederação de Treinadores de Portugal e professor de Ciências do Desporto), Jon San Cristobal Velasco (gerente da Huf Portuguesa), Pedro Afonso (professor auxiliar de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa) e Matilde Trocado (autora e encenadora). Paulo Loja (diretor comercial e de marketing estratégico da RHmais) e José António Porfírio (pró-reitor da Universidade Aberta) asseguraram a moderação.

Para além de darem a conhecer experiências profissionais e também pessoais sobre o tema, os oradores partilharam as suas visões sobre a importância do ser, do ter e do saber, destacando aspetos como a formação pessoal e profissional desde o primeiro ano de ensino, o papel das famílias e das escolas, a adaptação necessária ao momento atual e o futuro do mercado empresarial, assim como a avaliação de competências pessoais, sociais e técnicas, entre outros.

Os «Momentos Singulares» fazem parte do protocolo de parceria estabelecido entre a RHmais e a Universidade Aberta, visando contribuir para uma maior interligação entre o mundo empresarial e o mundo académico, promovendo o conhecimento.

 

Alguns destaques

Deixamos a seguir excertos das partilhas dos intervenientes:

– Maria Fernanda Rollo: «Um em cada três jovens prossegue para formação superior, e (…) estamos a passar por momentos de viragem que afetam muito o ensino; trata-se de uma mudança de paradigma na produção de conhecimento. É necessário fomentar iniciativas de voluntariado, de apoio social e de atividade física para acrescentar competências sociais nos nossos jovens.»

– Pedro Sequeira: «Quem lidera também é uma pessoa e está sempre a aprender, tendo que ser liderado um dia. As 24 horas do dia não são suficientes para aprendermos o que devemos para ter sucesso»

– Jon San Cristobal Velasco: «É bastante fácil medir a produtividade e a qualidade de uma linha de montagem, mas as competências não. Para se ser um bom líder é preciso ser-se um bom membro de equipa.»

– Pedro Afonso: «Não existe correlação entre notas altas e sucesso profissional. A escola também tem responsabilidade na formação da nossa personalidade, do carácter. Essa personalidade equivale à inteligência emocional que surge aliada ao saber no caminho do sucesso. Também a empatia (característica essencial às boas relações entre as pessoas) pode ser ensinada; e ainda o autocontrolo, a resiliência e a tolerância à frustração, têm de ser aprendidos ao longo da formação educativa e profissional. Temos de ensinar mais a saber aceitar um não, defender uma educação com componente normativa.»

– Matilde Trocado: «O teatro é uma arte colaborativa, é como um skydiving coletivo pois ninguém chega a lado algum sozinho. A generosidade e a disponibilidade para trabalhar em equipa são fundamentais.»

– Paulo Loja: «Trabalho em equipa, necessidade de flexibilidade funcional e abrangência cultural são necessidades cada vez mais prementes para a diferenciação das empresas e para a motivação das novas gerações que encaram o trabalho como algo que deve ser recompensador, não só em termos financeiros como também de realização e bem-estar pessoal. Tornam-se essenciais a afirmação e o desenvolvimento de um conjunto de soft skills que afetarão de modo determinante a capacidade de relacionamento, de conhecer e de compreender os outros e de saber comunicar e trabalhar em equipa com diferentes personalidades e opiniões.»

– José António Porfírio: «O sucesso das organizações hoje depende tanto do saber que os colaboradores trazem do seu percurso de formação, como do ser destes colaboradores, traduzido nas suas capacidades de relacionamento com os colegas de trabalho e com os clientes e fornecedores da empresa, da sua capacidade de comunicação e de trabalhar em equipa e até da sua capacidade de liderança e motivação. Também o espírito de missão que os jovens hoje levam para as organizações que integram é determinante para garantir a sustentabilidade das mesmas. No entanto, no sistema educativo, aos mais diversos níveis, estes são temas que, apesar de começarem a ser trabalhados, ainda estão longe de atingirem resultados satisfatórios, havendo um longo caminho a percorrer. Com este debate, considero que se deu mais um passo neste sentido.»

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