«CEO Survey 2017», da Stanton Chase

 

À semelhança do que vem acontecendo desde 2012, a Stanton Chase realizou recentemente um inquérito a chief executive officers (CEOs), diretores gerais e country managers das empresas nacionais e internacionais presentes no mercado português. Os resultados, que podem ser consultados aqui, permitem retirar algumas conclusões interessantes.

O inquérito foi realizado em janeiro e fevereiro deste ano, teve 155 respostas e, tal como nos cinco inquéritos anteriores, os resultados continuam muito consistentes. Depois de uma subida progressiva dos scores até fevereiro de 2015, houve uma ligeira redução em 2016 e uma estabilização em 2017. Acontecimentos internacionais como o Brexit e a eleição de Donald Trump parecem criar alguma insegurança, que transparece nos resultados.

Realçamos algumas ideias:

– Os participantes mantêm, em termos globais, uma visão muito próxima da transmitida no ano anterior sobre a evolução da economia portuguesa e dos seus sectores e, estranhamente, uma visão menos otimista sobre a evolução das suas empresas (ver aqui)…

. As perspetivas de evolução da economia nacional nos próximos dois anos são similares às do inquérito anterior. As respostas positivas (crescimento moderado e forte) evoluíram progressivamente entre 2012 (9,78%) e 2015 (84%), descendo para 67% em 2016, e mantiveram-se em nível similar (67%) no inquérito de 2017, o que parece transparecer a existência de muitas dúvidas sobre as economias mundial, europeia e portuguesa.

. Também no que se refere à evolução do sector de atividade, a evolução das respostas/ perspetivas é muito positiva, aumentando consistentemente entre (crescimento moderado e forte) em 2012 (19,78%), para 75% em 2016 e 76% em 2017.

. Já no que se refere às perspetivas de evolução do negócio da empresa existe (estranhamente) uma ligeira redução. Depois de uma evolução muito positiva e consistente entre 2012 (49,45% de perspetivas otimistas e muito otimistas) e 2016 (83%), este indicador desceu 73,50% em 2017.

– As principais linhas de estratégia do negócio mantêm-se, embora com algumas diferenças. A expansão – 43% em 2015, 49% em 2016 e 53% em 2017 –, a diversificação – 30% em 2015, 25% em 2016 e 34% em 2017 – e a internacionalização – 31% em 2015, 39% em 2016 e 22% em 2017. Parece, pois, haver um reforço da diversificação e uma diminuição do ímpeto das opções internacionais.

– Os fatores da economia mundial e europeia que os CEOs mais parecem valorizar são as políticas monetárias do BCE (82%), as decisões de Donald Trump (60%) e o Brexit (34%). Recordamos que os fatores mais valorizados nos anos anteriores foram a aposta em investigação e inovação em 2016 (59%) e em 2015 (57%), a existência de condições mais favoráveis (tempo e juros) nos programas de assistência financeira em 2013 e uma maior integração política, económica e fiscal em 2012.

– A competência que os CEOs mais valorizam nos seus colaboradores continua a ser a orientação para resultados – 51,61% em 2015, 65% em 2016 e 61% em 2017.

– A experiência internacional  é o fator que mais pode contribuir para a evolução profissional de um líder – 48% em 2015, 51% em 2016 e 54% em 2017.

– As características que consideram mais típicas do gestor português são a dedicação – 65% em 2015, 67% em 2016 e 72% em 2017 –, a resiliência – 47% em 2015, 55% em 2016 e 63% em 2017 – e a flexibilidade – 53% em 2015, 63% em 2016 e 54% em 2017.

José Bancaleiro, managing partner da Stanton Chase, assinalou: «Este estudo demonstra que as perspetivas dos gestores e empresários pararam em 2017 o ciclo de crescimento que vinha desde 2012, passando a um quadro de estabilidade, que por um lado demonstra um sentimento de wait and see sobre o futuro e, por outro, alguma insegurança, motivada especialmente por fenómenos internacionais cujo impacto ainda se desconhece.»