Muitas vezes, as pessoas confundem felicidade com bem-estar, como se fossem exatamente a mesma coisa. Esta confusão é natural; afinal, ambos os conceitos estão ligados à ideia de viver bem e sentir-se realizado. No entanto, embora caminhem juntos, eles não se sobrepõem por inteiro.
Texto: Maria Duarte Bello Imagem: Freepik
O bem-estar fala de equilíbrio: ter saúde, tranquilidade, segurança e condições favoráveis para viver. Já a felicidade é algo mais profundo e subjetivo, ligada ao sentido da vida, à realização e à alegria que dá cor à nossa existência.
Desde os tempos antigos, os filósofos já se dedicavam a separar estas ideias. Aristóteles dizia que a verdadeira felicidade, a eudaimonia, não se resumia a sentir prazer ou viver em conforto, mas a realizar o potencial humano de forma virtuosa. Epicuro, por outro lado, aproximava mais felicidade e bem-estar, lembrando que viver sem dor e cultivar prazeres simples bastava para se sentir feliz. Já os estoicos, como Sêneca e Marco Aurélio, defendiam que a felicidade nasce da serenidade interior, independente das circunstâncias externas.
A psicologia moderna também mostra esta ligação e diferença. Para alguns estudiosos, a felicidade pode ser entendida como «bem-estar subjetivo», ou seja, o equilíbrio entre emoções positivas, negativas e a satisfação com a vida. Outros afirmam que precisamos de três condições essenciais para florescer: sentir autonomia, desenvolver as nossas capacidades e cultivar vínculos profundos. Há ainda os que ampliam o conceito e lembram que a felicidade se sustenta em prazer, engajamento, relacionamentos, propósito e realização.
O bem-estar pode ser uma base importante para a felicidade, mas não a define por completo. Podemos estar bem e, ainda assim, sentir que falta algo. Também podemos ser felizes mesmo enfrentando dificuldades, porque a felicidade nasce do sentido, das relações autênticas e da capacidade de valorizar os momentos simples da vida.
Exemplos do quotidiano ajudam a perceber melhor esta distinção. Imagine uma pessoa que tem um bom emprego, salário confortável e saúde estável, ou seja, as condições de bem-estar estão presentes. No entanto, se ela não sente entusiasmo pelo que faz, pode faltar felicidade. Em contrapartida, pense em alguém que trabalha muito e enfrenta desafios, mas que sente alegria profunda ao voltar para casa e brincar com os filhos: mesmo cansada, essa pessoa encontra felicidade no vínculo familiar.
Outro exemplo simples é a viagem de férias. Estar num resort, com conforto e comodidade, proporciona bem-estar. Mas a felicidade pode surgir em algo inesperado, como rir junto de amigos, fazer uma caminhada improvisada ou assistir a um pôr do sol inesquecível. Da mesma forma, uma refeição em família pode trazer mais felicidade do que um jantar sofisticado num restaurante de luxo, porque a presença e o afeto importam mais do que o cenário.
Tudo isto nos mostra que o bem-estar pode ser uma base importante para a felicidade, mas não a define por completo. Podemos estar bem e, ainda assim, sentir que falta algo. Também podemos ser felizes mesmo enfrentando dificuldades, porque a felicidade nasce do sentido, das relações autênticas e da capacidade de valorizar os momentos simples da vida. No fim, ser feliz não é apenas viver com conforto, mas viver com propósito, conexão e paz interior.

Maria Duarte Bello, Chief Executive Officer (CEO) da MDB Coaching & Mentoring
MDB Coaching & Mentoring
Através da MDB Coaching & Mentoring, Maria Duarte Bello orienta e acompanha pessoas, equipas e organizações em processos de desenvolvimento ou mudança, progresso, crescimento e evolução. Desde 2002, é pioneira no coaching, tendo criado a sua atividade através da marca MDB. Trabalha num registo único, pela confidencialidade total, pela confiança estabelecida, pela oportunidade exclusiva de conversar com toda a liberdade e pelo apoio incondicional dedicado ao sucesso de cada cliente.