Vivemos tempos de profunda transformação tecnológica. Automatiza-se tarefas, digitaliza-se processos, otimiza-se fluxos de trabalho. Ganhámos eficiência. Mas no meio desta corrida, surge uma pergunta essencial: a tecnologia está a servir as relações humanas ou apenas a rotina?
Texto: Noélia Reis Imagem: Freepik
Durante as minhas últimas férias, visitei países altamente digitalizados. Tudo funcionava na perfeição, desde os check-ins automáticos aos transportes geridos por aplicações, passando pelas informações por QR code. E, no entanto, à medida que os dias passavam comecei a sentir falta de algo fundamental: as pessoas, a conversa espontânea, o acolhimento caloroso, a curiosidade genuína. O serviço era funcional, sim, mas emocionalmente neutro.
Esta experiência reforçou algo que já intuíamos no mundo do trabalho. A eficiência digital é essencial, mas a conexão humana continua a ser insubstituível. E no sector do turismo essa ausência torna-se ainda mais evidente. É uma atividade feita de experiências, emoções e relações. A tecnologia pode, e deve, facilitar, mas o que verdadeiramente diferencia é o lado humano.
Este dilema vive-se igualmente nas organizações. Os colaboradores valorizam a agilidade que a tecnologia proporciona, mas não prescindem de ser ouvidos, acompanhados e reconhecidos.
É aqui que o papel dos Recursos Humanos se torna crucial. Cabe-nos assegurar que, por mais digital que uma organização se torne por fora, se mantenha profundamente humana por dentro.
Como alcançar este equilíbrio?
Automatizar com um propósito claro Digitalizar tarefas repetitivas é essencial para libertar tempo e aumentar a eficiência. Mas esse tempo deve ser canalizado para encontros, escuta, mentoring. Sem isso, a tecnologia limita-se a acelerar o vazio.
Rever a experiência do colaborador com um olhar humano Definir os momentos-chave da jornada, como admissão, integração, desenvolvimento e saída, e identificar onde falha a relação. Porque, quase sempre, é na ausência de vínculo que os processos perdem impacto.
Desenvolver lideranças relacionais Muitos líderes foram formados para gerir tarefas, não para criar ligação. É fundamental investir em soft skills como escuta ativa, empatia, comunicação emocional e feedback construtivo.
Medir para melhorar, e não apenas para controlar Os indicadores devem ir além da produtividade, avaliando pertença, confiança e envolvimento emocional. O que não se mede, não se cuida e consequentemente não se gere.
Promover momentos de conexão Momentos de partilha nas equipas, reconhecimento informal e escuta genuína. Pequenos gestos que reforçam a cultura e mantêm viva a humanidade da organização.
Apesar de termos hoje equipas mais digitais e descentralizadas, a necessidade de ligação continua presente, talvez mais do que nunca. No turismo, como noutros sectores de contacto, a ponte entre inovação e emoção é clara. Um serviço pode ser tecnicamente perfeito, mas emocionalmente vazio. E é o gesto, o tom e a atenção que realmente fidelizam, tanto colaboradores como clientes.
Por isso, os Recursos Humanos são hoje, mais do que nunca, guardiões da cultura e da experiência organizacional. Quando assumem este papel com coragem e clareza, tornam-se o elo invisível entre processos e pessoas. Um papel essencial, sobretudo para as novas gerações, que procuram lugares onde possam ser autênticas, onde a inovação não anule a identidade.
O desafio está lançado. O futuro será inevitavelmente mais digital, mas o sucesso será sempre mais humano.

Noélia Reis, Assessora de Administração da Savoy Signature, Responsável pela Área de Recursos Humanos

Savoy Signature A história começou na Ilha da Madeira. Foi ali que o Hotel Savoy abriu as portas e iniciou uma tradição secular, ao receber distintos convidados de toda a Europa. Este momento definiu desde o início o delicado cuidado e a elevada exigência com que recebe até hoje. E assim a história Savoy começou outras histórias. Distintas e inspiradas histórias que sabem receber, histórias que são hotéis. Como o hotel que parece ser um cenário digno de nobreza, o design resort que celebra a magia da cultura da cana-de-açúcar, aquele lugar singular entre a montanha e a praia de areia branca, o jardim que se transformou em hotel só para dois ou o palácio contemporâneo que aperfeiçoou a arte de fundir o melhor do novo com o melhor da herança madeirense. São histórias que vêm de há muito tempo e se juntam agora a algumas que ainda estão a ser escritas. Todas estas histórias estão à espera de ser vividas por novos e distintos hóspedes. Todas estas histórias são a história Savoy, desde sempre e para sempre dedicada a receber as de tanta gente.