À semelhança de outras áreas da organização, também os Recursos Humanos (RH) estão a passar por uma transformação profunda com a inteligência artificial (IA). Da análise de candidaturas em segundos ao desenho de planos personalizados de desenvolvimento, passando por projeções de rotatividade, o potencial é enorme: produtividade, decisões mais informadas e mais tempo para focar no que realmente importa.
Texto: Pedro Tavares Foto: DR
Hoje, muitas empresas já estão a dar os primeiros passos na adoção de IA nos RH – algumas com planos formais e estruturados, outras ainda em fases exploratórias, testando ferramentas e funcionalidades de forma isolada. Este movimento é natural e positivo. No entanto, a diferença entre experimentar e transformar está na forma como se prepara a organização para tirar partido do potencial da IA com visão, estrutura e competências.
Mas a adoção da IA não é um processo automático ou meramente tecnológico. Requer uma abordagem estruturada e alinhada com a estratégia da organização; uma abordagem que considera o impacto humano que esta adoção terá ao mesmo tempo que mantém o foco na criação de valor real. É neste contexto que proponho uma checklist prática e orientadora, que ajude os gestores e profissionais de RH a prepararem-se para esta transição com segurança, clareza e impacto.
Um investimento em tecnologia deve responder a objetivos concretos como melhorar a eficiência no recrutamento, potenciar a experiência do colaborador, apoiar a mobilidade interna ou reforçar a aprendizagem contínua. A IA só faz sentido quando está integrada na visão de futuro dos RH e quando serve as metas estratégicas traçadas pela organização.
Outro eixo essencial é a preparação das equipas e o desenvolvimento das suas competências. A tecnologia só cria valor se for bem compreendida e utilizada. Por este motivo, é fundamental avaliar a preparação da equipa de RH e identificar as suas necessidades de formação específicas (por exemplo em IA e nas ferramentas a utilizar, mas também em dados, ética digital ou pensamento crítico). Numa área tecnológica com a evolução rápida da IA, a formação contínua vai ser um dos pilares da transformação.
É igualmente necessário repensar processos. Implementar IA em cima de práticas desatualizadas resulta frequentemente em frustração e ineficiência. A chave está em identificar onde a IA pode efetivamente acrescentar valor à equipa: é na triagem de candidaturas? No onboarding? Ou será na análise de desempenho e na gestão de talento? O objetivo deve ser sempre simplificar e promover a colaboração entre áreas.
Por outro lado, a dimensão ética não pode ser descurada. A utilização de IA em decisões sobre pessoas requer critérios exigentes de transparência, justiça e proteção de dados. Só assim será possível haver confiança e sucesso no processo de transformação tecnológica.
Finalmente, a adoção da IA deve ser acompanhada de monitorização constante. É recomendável a definição de indicadores claros (por exemplo, time to hire, engagement ou outros que possam fazer sentido) de forma a ser possível medir o impacto real, recolher feedback e ajustar continuamente. A IA não é uma solução estática, mas uma jornada evolutiva.
A IA nos RH está aí, e as organizações que a implementam de forma consciente e estratégica estão a distinguir-se daquelas que apenas reagem à pressão tecnológica.
A seguir, encontra uma checklist prática, com os elementos essenciais a considerar num plano de adoção e integração de IA (é válida para toda a organização e não apenas para os RH):
– Alinhar a IA com a estratégia da organização
– Identificar processos onde a IA traz mais valor
– Avaliar competências e investir em formação contínua
– Rever processos com foco em produtividade e colaboração
– Garantir ética, transparência e proteção de dados
– Envolver stakeholders e preparar a mudança cultural
– Escolher tecnologia compatível e escalável
– Definir métricas e monitorizar impacto
– Desenvolver soft skills críticas para o futuro
– Promover aprendizagem contínua e adaptação
A IA nos RH está aí, e as organizações que a implementam de forma consciente e estratégica estão a distinguir-se daquelas que apenas reagem à pressão tecnológica. Preparar as equipas, rever os processos e investir em competências será decisivo para que a vantagem que esperamos da IA se concretize em impacto real: em produtividade e na forma como cuidamos e desenvolvemos o talento.
Pedro Tavares, Head of Marketing da Galileu (na foto)

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