Num contexto em que o bem-estar organizacional se tornou prioridade estratégica, a ligação entre competências de networking e well-being ganha uma relevância crescente. Estudos recentes demonstram que a qualidade das relações no local de trabalho – traduzida em confiança, reciprocidade e sentido de pertença – é determinante para o engagement, a felicidade e o desempenho sustentável dos colaboradores.
Texto: Valter Alcoforado Barreira Imagem: Freepik
O conceito de Workplace Social Capital (WSC) descreve o conjunto de relações de confiança, apoio e cooperação que existe dentro de uma organização. Pesquisas de Fujikawa (2024) e Kouvonen (2006) mostram que equipas com maior WSC apresentam níveis mais elevados de bem-estar, menor burnout e melhor desempenho.
Estas redes, horizontais e verticais, não surgem espontaneamente –constroem-se através de interações intencionais, com competências relacionais específicas: empatia, reciprocidade, comunicação autêntica e capacidade de criar pontes («bonding & bridging») entre pessoas e departamentos, e é aqui que entram as competências de networking.
Networking: da competência à cultura
As competências e práticas de networking desempenham um papel transformador. Funcionam como catalisadores do WSC, criando as condições para que o engagement e o well-being floresçam de forma orgânica e sustentável.
Quando bem desenvolvidas, permitem criar ambientes de colaboração genuína, confiança mútua e propósito partilhado.
As investigações de Wolff & Moser e de Forret & Dougherty demonstram que os comportamentos de networking – construir, manter e utilizar relações – estão diretamente associados a sentimentos de autoeficácia, engagement e bem-estar no trabalho.
Networking: o catalisador das quatro fontes do bem-estar
Um estudo recente identifica quatro fontes principais de well-being e demonstra que o networking atua como o seu motor transversal:
- Saúde física – as redes de apoio reduzem o stress e encorajam estilos de vida mais equilibrados.
- Propósito e positividade – o contacto com pessoas inspiradoras reforça o sentido de missão e o otimismo.
- Resiliência – relações de confiança criam um «sistema imunitário emocional» que amortece o impacto das adversidades.
- Crescimento e aspiração – a troca de ideias e o feedback entre pares impulsiona o desenvolvimento e a aprendizagem contínua.
Para além do escritório
As redes de networking não se limitam ao interior da organização.
O networkingexterno, ainda dentro do contexto profissional, amplia a aprendizagem, abre oportunidades de negócio e traz inovação para dentro das equipas.
Já no plano pessoal, as mesmas competências ajudam a fortalecer relações familiares e sociais, construindo o sentido de pertença, a empatia e a conexão humana – fatores cada vez mais valorizados em sociedades fragmentadas e digitais, potenciando sinergias positivas que alimentam o bem-estar global.
Um imperativo para o bem-estar corporativo
Num momento em que as organizações repensam as suas políticas de bem-estar, é imperativo investir em táticas relacionais que reforcem confiança e colaboração entre níveis hierárquicos tal como defendem Oksanen, Kouvonen et al no seu trabalho «Workplace Social Capital and Employee Well-Being»:
– «Organizations should implement interventions that promote trust and reciprocity within the organization, both among employees and across hierarchy levels.»
Em última análise, investir no desenvolvimento de competências de networking é investir na felicidade organizacional, na coesão cultural e no bem-estar sustentável das equipas, porque quando as pessoas se sentem ligadas, apoiadas e valorizadas, o trabalho deixa de ser apenas um espaço funcional – transforma-se num ecossistema humano de crescimento, propósito e bem-estar.
E esse é, hoje, o melhor negócio que uma organização pode fazer.

Valter Alcoforado Barreira é especialista em business networking e negociação, com mais de 25 anos de experiência em gestão de negócios e liderança de equipas. Fundador da Knowing Counts, a sua ligação ao workplace é profunda: é formador na Academia da Associação Portuguesa de Facility Management, onde leciona Comunicação, Liderança e Negociação, e foi diretor comercial e de marketing da OCS Limpotécnica, no sector de facilities management. Ao longo da sua carreira, tem ajudado múltiplas organizações a colocar as pessoas e as relações no centro da performance empresarial. Presença no LinkedIn aqui.

A Knowing Counts apoia empresas no fortalecimento do Capital Social Organizacional, promovendo redes colaborativas, wellbeing e engagement no local de trabalho.
