Os assessment centers, que para algumas empresas ainda são uma novidade, surgiram em meados do século passado e têm evoluído continuamente. Com o avanço tecnológico, passaram do formato presencial para o digital e, mais recentemente, incorporaram a Inteligência Artificial e o Machine Learning.
Texto: Helena Ravara Imagem: Freepik
O recurso a entrevistas e exercícios de simulação on-line foi potenciado pela pandemia Covid 19. Os formatos remotos permitem uma avaliação mais rápida de mais participantes com vantagens logísticas, sobretudo quando os intervenientes estão em diferentes locais e até diferentes fusos horários.
Na senda do futuro (presente), a Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning (ML) cada vez s(er)ão mais envolvidas nos assessments. Nos testes adaptativos a IA ajusta dinamicamente as questões ou cenários com base nas respostas dos participantes, tornando a avaliação mais personalizada e precisa e, com os algoritmos de ML, pode identificar-se gaps em competências e ir ajustando o assessment ao participante.
As ferramentas de IA permitem a análise em entrevista de aspetos não verbais (por exemplo, tom de voz, expressões faciais) e da escolha de palavras, para avaliar comunicação, confiança e inteligência emocional, e a IA também pode ser usada para avaliar a capacidade de análise e decisão em exercícios.
O tratamento pela IA de dados recolhidos em assessments passados e o seu cruzamento com métricas de sucesso organizacional permite melhorar a predição do comportamento futuro dos participantes, contribuindo para melhores decisões das empresas na gestão de talento.
A introdução de IA/ ML pode reduzir enviesamentos inconscientes, visto que o foco é em dados objetivos, em vez de aspetos subjetivos ligados a aparência, género, etnia ou outros. Com estas ferramentas há também ganhos de eficiência, com classificações automáticas e análises mais rápidas.
Todo este maravilhoso mundo de tecnologia permite tornar os assessments cada vez mais objetivos, rigorosos, fidedignos, rápidos, eficientes e eficazes; mas a introdução de toda esta tecnologia não tem riscos? Tal como com outras tecnologias noutros contextos, há sempre questões que se colocam e aspetos a ser acautelados.
Se os dados que forem usados estiverem enviesados, a IA irá perpetuar esses enviesamentos, pelo que é fundamental que a base de dados seja diversificada e representativa. Tal como em tudo o que implica tratamento de dados, tem de haver conformidade com o Regime Geral de Proteção de Dados. A necessidade de transparência em relação a todo o processo, à forma como a IA toma decisões, é considerável, envolvendo grande escrutínio para que todos se sintam seguros e tranquilos com o processo.
E qual é o papel do Assessor «de carne e osso»? Até pelos riscos enunciados, a necessidade de supervisão humana é fundamental. A IA permite complementar, e não substituir, a tomada de decisão humana, que tem de balançar e equilibrar os dados analisados pela IA com a sensibilidade humana.
A empatia, característica que as máquinas não apresentam, é crítica para haver este «toque humano» num processo de assessment. É com a empatia que o Assessor ganha a confiança do participante e consegue que este fale e aja com abertura e naturalidade no assessment.
Mais ainda, num momento de devolução de resultados ao participante, a empatia do Assessor e a sua capacidade para levar a pessoa a integrar os resultados e iniciar o seu processo de mudança e autodesenvolvimento são fundamentais.
Pessoa e máquina podem complementar-se e contribuir para melhores assessments, que suportam de forma complementar gestão de recursos humanos, maior desenvolvimento do talento e crescimento das organizações.
Helena Ravara, Head of Talent Assessment da Neves de Almeida
A Neves de Almeida é uma consultora para as áreas de liderança e talento, especializada em serviços de Executive Search, Talent Acquisition e Assessment & Advisory, com mais de 30 anos de experiência, focada em ajudar as organizações a atingir os seus objetivos de negócio.
Integra o Grupo Cegos, referência global em Learning & Development, presente em mais de 50 países. Esta parceria fortalece a sua capacidade de combinar uma abordagem local, profundamente conectada às especificidades do mercado nacional, com uma visão internacional ampla e estratégica.
Utiliza ferramentas avançadas e inovadoras que permitem tomar decisões estratégicas informadas, seja para processos de recrutamento, desenvolvimento e progressão de carreira ou alinhamento organizacional.
Na consultora acredita-se que o talento certo no lugar certo é o motor do sucesso das organizações, e trabalha-se lado a lado com os clientes para construir equipas robustas, lideranças visionárias e organizações preparadas para os desafios do futuro.