A Gestão de Pessoas como forma de gerar inovação na empresa

Sendo a inovação  um fator crítico para a competitividade e para o desenvolvimento organizacional, o papel das pessoas torna-se essencial, já que são o principal impulsionador desse processo. Consequentemente, a gestão dos talentos deve potenciar a geração de inovação nas empresas.

Texto: Raquel Andrade/ Américo Oliveira Fragoso Fotos: DR

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A intervenção da Gestão de Pessoas surge a vários níveis, desde  fomentar uma mentalidade/ cultura orientada para a inovação e a melhoria contínua, a potenciar um estilo de comunicação que permita a troca de ideias/ sugestões e de informação, até ao incentivo e à preparação dos líderes para que atuem concretamente a este nível, criando um ambiente de trabalho aberto e permitindo o erro. Para tal, o recurso a um feedback construtivo e a uma lógica de apoio tornará o processo facilitado.

Também do ponto de vista processual, a atuação da Gestão de Pessoas deverá assumir relevância, nomeadamente na aposta de uma atração de talentos assente na diversidade e nas competências, na formação e no desenvolvimento de pensamento crítico e divergente, assim como no reconhecimento, no incentivo e no reforço de comportamentos alinhados com a criatividade e a inovação, promotoras de valor acrescentado. 

No plano jurídico, a temática da Gestão de Pessoas convoca uma miríade de questões, pois a direção, a orientação e a condução dos colaboradores constituem, a par do poder disciplinar, elementos estruturais da relação jurídica laboral.

Dando como assente que alguns dos novos modelos de colaboração nas empresas (em particular os que assentam em colaboração não presencial) comportam uma tendencial transformação e/ ou diluição da intensidade do poder de direção das empresas sobre os seus colaboradores, a Gestão de Pessoas com o foco na inovação apresenta alguns desafios jurídicos relacionados essencialmente com a adesão (e o envolvimento) das pessoas às iniciativas que possam ser criadas pela empresa nessa matéria.   

Em matéria de inovação, as iniciativas de gestão relacionadas com a formação e a requalificação de pessoas podem ser decisivas não só para esse desiderato, como também para o cumprimento de obrigações legais. Do mesmo modo, a incorporação e a valorização de cumprimento de métricas de inovação nos processos de avaliação individual dos colaboradores podem ser também importantes fatores na promoção de uma cultura de inovação nas empresas. 

Em síntese, a criação de um ecossistema que potencie o florescimento de uma cultura empresarial de inovação assentará, sempre, na valorização das pessoas que contribuam neste sentido, sendo essa uma das principais missões dos gestores de pessoas. Tomando em conta a natureza cada vez mais heterogénea dos perfis de colaboradores das empresas, as iniciativas de gestão com foco na inovação, que sejam criadas com esse propósito, deverão ser inclusivas, acolhendo, na medida do possível, e valorizando, nas suas diversas tonalidades, todos os contributos que venham a ser partilhados por estes.

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»»»» Raquel Andrade é managing consultant na SHL Portugal; Américo Oliveira Fragoso é partner na Vieira de Almeida (VdA)