Quanta dificuldade terão tido os Reis Magos para fazer o caminho até Belém. Sem GPS, autoestradas ou mapas fiáveis, usando apenas a Estrela Polar para a sua orientação. Terão encontrado certamente dificuldades, bifurcações, entrado em discussões e terão tido até muita vontade de desistir, mas apesar de tudo chegaram ao seu destino, apenas seguindo a estrela e algumas indicações que foram recolhendo no caminho.
Texto: Lúcio Lampreia
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2022 anos volvidos, o céu ilumina-se diariamente com tanta informação que a dificuldade se mantém, e a pergunta permanece: alguém sabe o caminho?
Na verdade, não. Ninguém sabe. Mesmo os que dizem que sabem, porque o caminho será sempre na direção da estrela que cada um seguir, e também porque a hiper conexão trouxe-nos acesso a quase todas as estrelas no universo, e criou-se uma enorme pulverização dos caminhos. Vejamos:
Criámos uma complexidade de tal ordem que não somos capazes de gerir: VUCA (volatility, uncertainty, complexity, ambiguity), BANI (brittle, anxious, nonlinear, incomprehensible), velocidade de mudança, quebra de fronteiras de língua, de religião, de cultura, de moeda, de género, certezas que passam a incertezas, perguntas que não têm resposta, dilemas inconciliáveis, colaboradores sem rumo e líderes que estão a aprender a liderar neste contexto.
Esta complexidade está a mudar também a nossa consciência do trabalho, do mesmo modo que a era industrial mudou essa consciência nos nossos antepassados. A questão que enfrentamos é saber como é que a consciência dos colaboradores atuais e futuros será transformada na era da tecnologia e globalização em que estamos a entrar.
A liderança terá alguns dos seus maiores desafios nos próximos anos, que serão muito mais sobre a capacidade de envolver e dinamizar redes, e muito menos acerca de gerir hierarquias e pessoas como foi no passado.
A pergunta mais importante permanece:
– Quais serão os fatores mais importantes que influenciarão a minha vida profissional e como podem desenrolar-se?
Aprender um novo caminho implica aprender a perder, e teremos de aprender também a estar perdidos, sem ficar em pânico. Como fizeram certamente os Reis Magos.
Nos processos de mudança achamos sempre que perdemos, mas na realidade também ganhamos. No entanto, quando estamos no meio do turbilhão tendemos a olhar apenas para aquilo que vai e pouco para aquilo que chega, muitas vezes a conta gotas…
É espantosa a quantidade de pessoas e empresas que vão ficando pelo caminho porque não querem perder o que estão a ganhar num determinado momento, e estão agarrados a uma corda que já está a desfazer-se. Preferem investir a sua energia em preservar, muito mais do que em inovar ou procurar a adaptação.
O trabalho mudará talvez até se tornar irreconhecível – e aqueles de nós que fazem parte da população ativa trabalharão de formas que dificilmente podem imaginar. (Já estamos a ter algumas experiências nesse sentido.) Esta nova vaga de mudança ocorrerá num processo gradual com algumas grandes vagas possivelmente imprevisíveis, e o desinteresse pelo trabalho e o consequente interesse por outro tipo de atividades como o lazer será provavelmente uma das maiores mudanças a que vamos assistir.
Por isto a liderança terá alguns dos seus maiores desafios nos próximos anos, que serão muito mais sobre a capacidade de envolver e dinamizar redes, e muito menos acerca de gerir hierarquias e pessoas como foi no passado. E por isso, mais uma vez, pergunto: alguém sabe o caminho? Mantenho a resposta inicial: não.
O futuro é incerto, mas uma coisa é certa: os líderes precisam de adaptar-se e melhorar para sobreviver e prosperar.
A Unexpected pode ajudar. Somos especialistas em psicologia e mudança de comportamento, e os nossos programas são adaptados para ajudar as pessoas a alcançar o seu maior potencial.
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»»»» Lúcio Lampreia é partner da Unexpected.